Escola Brasileira de Psicanálise – Boletim das X Jornadas da Seção SP – Número 05 – novembro de 2021
e-dito
O esp de um ato
Niraldo de Oliveira Santos (EBP/AMP)
Chegamos ao último Boletim Travessias. A programação das X Jornadas da EBP-SP já está pronta e já avistamos no horizonte as nossas Jornadas. Antes dela, temos ainda esta coletânea que aqui apresento a vocês. Nossos argonautas da Comissão de Boletim conseguiram provocar e convocar colegas de 4 Escolas da Associação Mundial de Psicanálise (AMP) para a escrita em torno do tema “Psicanálise em ato”: New Lacanian School (NLS), Escola Brasileira de Psicanálise (EBP), Nueva Escuela Lacaniana (NEL) e Escuela de la Orientación Lacaniana (EOL).
Textos Preparatórios
História e a conexão do ato analítico com a civilização
Thomas Svolos (NLS/AMP)
O eixo de trabalho das X Jornadas da Escola Brasileira de Psicanálise – Seção São Paulo sobre “O Ato Analítico e a Civilização”, levanta, de imediato, a questão sobre a relação entre nosso trabalho enquanto analistas e a civilização em que trabalhamos. Lacan recorreu à topologia como única maneira de abordar a relação da civilização com o inconsciente. Ao contrário do modelo de bolsa proposto por Freud com um interior e um exterior, – um modelo para o ser falante no mundo – para Lacan, há uma relação especial do sujeito com sua civilização, demonstrada por ele…
O Ato em Freud
Entrevista com Luis Francisco Espíndola Camargo (EBP/AMP)
Por Mirmila Musse (EBP/AMP)
Mirmila Musse: Retiro do Argumento das X Jornadas da EBP-SP, Psicanálise em Ato, uma frase para apoiar nossa conversa: “a ‘falha no saber’ e, mais especificamente, no saber da ciência é a força motriz que sustenta o ‘ato’ de criação da psicanálise”. Destaco duas dimensões do ato quando tratamos da descoberta do inconsciente: uma clínica e uma política. Da perspectiva clínica, sublinho “o ato falho” e, no contexto político, a “subversão da razão” – termo que também pode ser encontrado no Argumento. Nos dois casos, me parece que a consequência do ato de Freud vem como uma resposta para aquilo que o saber da ciência não conseguia produzir.
Ato analítico e supervisão
Sofia Guaraguara (NEL, NLS e AMP)
Partirei de uma pergunta: o que é um psicanalista? Talvez seja uma pergunta aberta…
A este respeito, Miller, em Donc, pontua: “por isso Lacan chama de inocente o analisante que começa, esse que não sabe o que já está escrito no ticket de entrada para a análise”. Isto é, para que haja um analista é necessário um percurso analítico que reduza sua inocência.
Tempo, ato e passagem
Rômulo Ferreira da Silva (AME da EBP e da AMP)
Os fundamentos do ato analítico estão expostos por Lacan no texto “O tempo lógico e a asserção da certeza antecipada”, como citado no argumento do Eixo 02 das Jornadas da EBP-SP. O sofisma dos três prisioneiros na busca de descobrir a cor do disco que cada um porta em suas costas, tendo como parâmetro apenas as cores dos outros dois parceiros, muito nos esclarece sobre o tempo e o ato na psicanálise.
Zen, koan e satori: o anti-sofisma de um despertar
Cleyton Andrade (EBP/AMP)
Aquilo que Lacan optou por chamar de técnica zen – apesar de não ser uma técnica – envolve a relação de três fatores: o ensinamento, a prática e a iluminação. Esses três eixos podem ser traduzidos de maneira econômica, e relativamente imprecisa, como: o koan, o zazen e o satori, respectivamente. Uma aplicação discreta destes princípios numa experiência analítica (Lacan, 1953) visa um despertar; uma ruptura que possa promover um novo ponto de vista, uma nova significação…
O ato analítico, ler e escrever
Mauricio Tarrab (EOL/AMP)
Se descartamos por débeis as formas mais imaginárias que fazem deslizar o ato analítico em direção à ação, então a pergunta se o ato analítico (que é um corte) poderia ser uma sutura adquire profundidade.
Ainda que o ato analítico também tenha sido caracterizado por Lacan como algo da ordem da cirurgia, onde “corte e sutura” têm o seu lugar, poderíamos propor que o ato analítico é, também, uma questão de ler e escrever.
Eixos Temáticos
A partir do ato, o que o analista institui como experiência analítica? Freud aborda o ato falho enquanto formação do inconsciente. É o que emerge e que ultrapassa o sujeito. Lacan, no Seminário 11, dirá que aí se instaura a dimensão da perda e introduz a concepção de que o inconsciente se manifesta como o que vacila num corte do sujeito. Assim, o importante no ato nesta perspectiva é o que escapa. Como o advento do ato falho dá abertura para o ato do analista?
Caixa de Entrada
Como alojar de uma boa maneira, por meio de nosso Boletim TRAVESSIAS, uma transferência de trabalho, recortando os ditos espalhados pelas redes? A ideia consiste em abrir um espaço disposto à invenção, de modo a tecer uma expressão de laço entre o Boletim e a comunidade analítica.
Caixa de entrada terá como finalidade garimpar do chat do Zoom, os conteúdos produzidos durante as atividades preparatórias para as X Jornadas da EBP-SP – “Psicanálise em ato”, ali onde a palavra encontrou novas vias de circulação através de um comentário, uma questão sustentada, uma inquietação. Afinal, as palavras seguem sendo o alicerce primordial da invenção de Freud: o inconsciente participa!
Conexões com a cidade
A tradicional Mostra Internacional de Cinema em São Paulo está em sua 45ª edição e acontece dos dias 21/10/2021 ao 03/11/2021. A Mostra este ano vem com uma programação repleta de filmes premiados nos festivais internacionais do mundo, apresentando tendências, temáticas, narrativas e estéticas do cinema contemporâneo.
A programação da Mostra conta com 264 filmes de mais de cinquenta países, divididos em seções: Perspectiva Internacional, Competição Novos Diretores, Mostra Brasil, Apresentação Especial e Retrospectiva Paulo Rocha. Também exibirá o vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, Titane, dirigido por Julia Ducournau, diretora francesa.