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Paola Salinas (EBP/AMP)

O tabu da virgindade é abordado e justificado devido à hostilidade e ao desejo de vingança que o defloramento provocaria. Ao desenvolver correlações sobre o tema, Freud destaca a frigidez como aspecto importante na vida sexual da mulher, articulando ao Édipo e ao complexo de castração. Associa tal hostilidade, na base do tabu, à inveja do pênis e ao protesto de masculinidade.

A valorização da virgindade seria a extensão do direito de propriedade à mulher, incluindo seu passado, o que é natural e indiscutível para o homem da época; daí a incompreensibilidade do tabu presente nos povos primitivos, os quais, para evitar a hostilidade do defloramento, o fariam em rituais antes do casamento.

Tal valorização se associa à servidão sexual, dependência de uma pessoa com quem há envolvimento sexual, base do matrimônio, explicada em função da repressão sexual feminina, chegando ao sacrifício dos interesses pessoais.

Contudo, tal valorização também ocorre nos povos primitivos, ao ponto do defloramento ter se tornado tabu, proibição de cunho religioso frente à presença de um perigo, ainda que psicológico, segundo a definição freudiana.

Freud toma o horror à efusão de sangue e a angústia frente a todo ato primeiro, como possíveis motivos para o tabu. Contudo, destaca a importância do defloramento em relação à resistência sexual vencida e o fato de ocorrer apenas uma vez. Estamos diante de um acontecimento intenso e único, que tem o peso de um ato.

Este ato traz uma nova significação pelo furo no saber que engendra, presença de algo incompreensível e inquietante, por vezes tratado em rituais de passagem.

Crawley fala da abrangência do tabu em quase toda a vida sexual: “quase poderia se dizer que a mulher é um tabu em sua totalidade. Não somente em situações derivadas da sua vida sexual, menstruação, gravidez, parto e puerpério”2, exemplificando pela necessidade de afastamento das mulheres, em alguns povos, na época de caça, guerra ou colheita.

Verificamos nesse afastamento um temor fundamental à mulher. Esta ocupa o lugar de enigma, e algo disso persiste. A mulher encarna tal diferença em seu corpo.

Neste ponto, Freud fala do narcisismo das pequenas diferenças: “cada indivíduo se diferencia dos demais por um tabu de isolamento pessoal que constitui as pequenas diferenças entre as pessoas, que quanto ao restante são semelhantes, e constituem a base dos sentimentos de estranheza e hostilidade entre eles”3. Poderíamos hipotetizar a repulsa narcisista à mulher.

Embora Freud diga que o tabu com a mulher em geral não esclarece o tabu da virgindade, abre uma questão sobre o lugar do feminino.

Os motivos levantados não explicam o tabu, a intenção de negar ou evitar ao marido algo que seria inseparável do primeiro ato sexual, mesmo que dali surja uma ligação intensa da mulher com o marido.

A gênese do tabu tem uma ambivalência original, que podemos articular à alteridade que a mulher representa. A relação entre o primeiro coito e a frigidez, estaria de pleno acordo com o perigo psíquico que o defloramento traz à tona. O gozo, pelo avesso, a frigidez, marca um funcionamento pulsional outro, articulado à proibição frente à sexualidade feminina.

Freud destaca a ofensa narcísica que o coito pode assumir pela destruição do órgão (hímen) e pela perda do valor sexual da mulher dele decorrente. Com maior importância fala do poder da distribuição inicial da libido, a fixação intensa da libido em desejos sexuais infantis. Nas mulheres, a libido estaria ligada ao pai ou ao irmão, sendo o marido sempre um substituto.

Destaca a inveja do pênis anterior à fase da escolha do objeto amoroso, mais próxima do narcisismo primitivo do que do objeto de amor. Haveria, portanto, algo do narcisismo feminino em jogo nesta hostilidade, hipótese que podemos aprofundar.

__________________________ 1 FREUD, S. “O tabu da virgindade (Contribuições à psicologia do amor III) (1918 [1917]). In: Edição Standard. Vol. XI, Imago: Rio de Janeiro. 1970. 2 _______. Op. Cit. P. 183. N.A.: Freud refere-se à Crawley (1902), Ploss and Bartels (1891), Frazer (1911) e Havelock Ellis [1913]. 3 _______. Op. Cit. P. 184.

Proposta de trabalho da Diretoria Geral da seção São Paulo (Biênio 2021-2023)

PSICANÁLISE EM INTENSÃO: IMPOSSÍVEL DO BEM-DIZER SOBRE O SEXO

Tomamos a Proposição de 9 de outubro de 1967[1] como ponto de partida para pensar o funcionamento da Escola e da Seção São Paulo e retomamos alguns pontos orientadores:

“[…] existe um real em jogo na própria formação do psicanalista.”[2]

“[…] o psicanalista só se autoriza de si mesmo[3]. Esse princípio está inscrito nos textos originais da Escola e decide sua posição.

Isso não impede que a Escola garanta que um analista dependa de sua formação.

Ela pode fazê-lo, por sua própria iniciativa.

E o analista pode querer essa garantia, o que, por conseguinte, só faz ir mais além: tornar-se responsável pelo progresso da Escola, tornar-se psicanalista da própria experiência.

[…] Que a Escola pode garantir a relação do analista com a formação que ela dispensa, portanto, deve fazê-lo.”[4]

Preceitos e pontos condensadores da psicanálise em intensão, e que estão em nosso horizonte, para que possamos pensar nas ofertas de atividades, na questão epistêmica e na condução política de uma diretoria de Seção, que compõe e deve se atentar ao Uno da Escola.

Lacan, ao sustentar que nenhum ensino fala do que é a psicanálise, aborda a psicanálise em intensão e sua relação com a psicanálise em extensão.

Ainda na Proposição:

“Para introduzi-los nisso, eu me apoiarei nos dois momentos da junção do que chamarei, neste arrazoado, respectivamente, de psicanálise em extensão, ou seja, tudo o que resume a função de nossa Escola como presentificadora da psicanálise no mundo, e psicanálise em intensão, ou seja, a didática, como não fazendo mais do que preparar operadores para ela.”[5]

A psicanálise voltada menos a um padrão e mais a uma postura ética, pautada em operadores clínicos e epistêmicos, irá sustentar a proposta de trabalho dessa diretoria para o biênio 2021/2023. Apostamos que os membros dessa Escola e toda a comunidade de trabalho, que nos acompanha, possam colocar seu grão de contribuição e que o trabalho coletivo possa fazer parte desse UNO da Escola, não sem a singularidade de cada percurso enquanto analisantes dessa Escola.

Estamos advertidos de que psicanálise em extensão e em intensão estarão em interseção em alguns momentos, como em um caminho pela banda de Moebius. Isso nos faz eco e nos faz tomar a Escola no lugar de agente, de estar à altura de nossa época.

Tal como propõe Lacan:

“Antes de lhes propor uma forma, quero indicar que, de conformidade com a topologia do plano projetivo, é no próprio horizonte da psicanálise em extensão que se ata o círculo interior que traçamos como hiância da psicanálise em intensão.”[6]

Nossa proposta é preparar operadores e criar enunciações de trabalho que nos façam avançar nos temas candentes do último ensino de Lacan.

Em nossas reuniões de diretoria, ainda enquanto diretoria adjunta, pudemos colher efeitos de nossas elaborações. Fomos capturados e pinçamos uma frase que está em Televisão: “Impossível do Bem-dizer sobre o sexo”.[7]  Frase tomada como bússola que coloca em destaque um para além da fala dirigida ao Outro. O Real marca passo e o corpo falante deve ser tomado como atrelado ao Gozo do Um. Trata-se da torção que encontramos entre a clínica estruturalista e a clínica do sinthoma, do caso clínico ao caso único e inclassificável.

Escolhemos o Seminário 20 mais, ainda como fio condutor das nossas discussões, com seu estatuto de importante ponto de torção no ensino de Lacan. Temos o sujeito com seu sintoma que inclui o desejo e o gozo, que vem para acrescentar na clínica e nos reitera que primeira e segunda clínicas não são excludentes. Temos como avanço a noção de substância gozante, incluída no real do sintoma, o gozo enquanto fato, um retorno a Das Ding e a tentativa de reduzi-la ao objeto. Não se trata da lógica da diferença que remete ao significante e ao grande Outro, mas sim, da lógica do objeto, do singular, do fora da norma fálica. Portanto, do lado feminino do ser falante.

A fala tomada enquanto gozo e não como significação, o termo lalíngua que é anterior ao léxico e à gramática, esvaziado de significado e o grande Outro reduzido apenas a um semblante.

O gozo do Um implica em não haver o Outro. O corpo que está em questão, o corpo do falasser que condensa o sujeito do significante e a substância gozante, um corpo no qual o inominável do gozo marca e remete ao efeito de trauma.

Seminário pautado na não relação, na não conjunção, onde os termos se reduzem a conectores.

Chegamos à questão de que não há complemento para a diferença sexual, portanto a relação sexual não existe. Essa perspectiva clínica se sustenta numa lógica disjuntiva, trata-se da torção da estrutura para a disjunção, corpo e o gozo estão disjuntos do Outro. Esse paradigma da não relação convém à abordagem dos sintomas na contemporaneidade, na medida em que diz respeito ao declínio do desejo de saber, da crença no inconsciente e da “suposição de saber feita ao real”.

Temos um vasto campo de investigação em relação ao amor, ao amor como suplência, ao gozo feminino e o feminino mais além do falo, chegando à irredutível alteridade do feminino.

Iremos trabalhar a discussão dos capítulos do Seminário 20 mais, ainda, pautados em uma questão sustentada. Essa questão será previamente colocada para cada apresentador, para darmos um fio condutor ao trabalho, e que nos leve a avançar, construir e aprofundar um debate, e que ao final, tenhamos um produto. Um produto que possa ter um efeito de escrita, que suscite alguma publicação. Sabemos sobre a importância e o lugar da letra e da escrita em psicanálise e, advertidos disso, temos no horizonte propor atividades e publicações que deem lugar à escrita produzida a partir desse trabalho.

Conceitos do último Lacan serão nomeados e trabalhados via cartel, órgão de base da Escola, tal como proposto por Lacan em D´Écolage. O cartel é uma estratégia privilegiada na orientação lacaniana e comporta uma política que visa restaurar a psicanálise nos seus fundamentos mais valiosos. Apostaremos nessa base de trabalho na composição de nosso trabalho de diretoria. Marcados por tempos de isolamento e horrores, por uma pandemia que insiste, pensamos que essa é uma forma de trabalho que pode envolver toda a comunidade e que possa ter o efeito de um oásis nesse momento. Todos os membros da EBP-SP foram convidados a trabalhar nesses cartéis pré-estabelecidos, um trabalho cujo princípio é o de uma elaboração sustentada por cada componente. Nesse convite, os mais-um são os AMEs, estes que, “reconhecidos como os psicanalistas que comprovaram sua capacidade”[8], nomeados via comissão da Garantia, são, para muitos de nós, aqueles que perseguem as “razões” de sua clínica incansavelmente. Apostamos nessa fomentação de uma causa decidida, que possam nos inquietar.

Teremos, em média, cinco membros de Escola integrando cada cartel, escolhidos de maneira aleatória pela diretoria. Essa é uma aposta de que “o ensino da psicanálise só poderá transmitir-se de um sujeito para o outro pelas vias de uma transferência de trabalho”[9], pautados na causa analítica. A partir do segundo semestre de 2021, e a cada mês, cada cartel fará a apresentação do trabalho em andamento de seus cartelizantes. Temos o desejo e a pretensão de que possa resultar em publicação escrita desse produto de cartel e que tenhamos um espaço para que os AMEs discutam essa experiência em nossas Jornadas de Cartéis.

Avançando em nossa proposta, queremos construir um espaço de apresentação e discussão de casos clínicos. Estamos advertidos da contingência da pandemia que nos assola, do isolamento social que nos é impeditivo e que o virtual, muitas vezes, nos leva para o bem e para o mal ao mesmo tempo. Talvez alguma invenção seja necessária, iremos trilhar esse caminho. Talvez nessa modalidade, conseguiremos extrair um mote para discutir o mal estar de nossa época, o virtual de nossa clínica, apostando no que esses casos nos ensinam.

Nossos eixos e objetos de trabalho conversarão diretamente com os temas do Congresso Mundial da AMP 2022, A mulher não existe, e com o X Enapol 2021, O novo no amor – modalidades contemporâneas nos laços.

Sabemos que a atividade, nomeada como “O Ensino do Passe”, está como um dos pilares da psicanálise em intensão e apostamos que o Conselho dessa Seção continuará dando consequências a essa transmissão.

Nossas Jornadas de 2021, “Psicanálise em ato”, estão previstas para os dias 05 e 06 de novembro de 2021 e anunciamos, com grande entusiasmo, como convidada nossa colega de Barcelona – Anna Aromí, AME,membro ELP-AMP. Niraldo Santos é o coordenador geral das Jornadas e Luiz Fernando Carrijo da Cunha coordena a comissão de orientação. Nossos eixos de trabalho serão: Declinações Clínicas do Ato; O Ato Analítico e o Tempo; O Ato Analítico e a Civilização; O ato analítico e a política do sintoma; O ato analítico e a passagem psicanalisante a analista.

A revista “Carta de São Paulo” terá como editora Paola Salinas e como assessor Rômulo Ferreira da Silva.

A contingência da pandemia do Corona Vírus nos marca há pouco mais de um ano. Isso modela, como uma tensão constante e incômoda, os cálculos para dirigir nosso trabalho. Atividades online terão uso e desuso em cada invenção imposta, não sempre, não para todos, e nos forçam a recolher efeitos dessa experiência que virão a posteriori. Sem adjetivos saudosistas, apenas o fato.

A solidão que enfrentamos para compor esse trabalho de pensar a proposta da diretoria, em meio à pandemia, nos fez ir além, e procuramos interlocuções importantes em meio à comunidade da Escola. Alguns pares sabem do que falo, e estavam prontos e a postos. Inventamos encontros virtuais, com certo estranhamento, e querendo alguma proximidade que nos fizesse respirar melhor. Agradeço a cada um que se dispôs a pensar e a trocar, e que quis respirar conosco.

Falo enquanto diretora geral da EBP SP e em nome de toda a minha diretoria nessa breve apresentação de trabalho. Tenho boas parcerias e me sinto muito bem acompanhada por meus colegas diretores nessa empreitada.

Apostamos em uma Escola que pode interpretar e interpelar.  Convido todos ao trabalho de Escola.

Alessandra Sartorello Pecego
Diretora Geral EBP-SP 2021-2023

[1] Lacan. J. “Proposição de 9 de outubro de 1967”. In Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, p. 248-264.
[2] Ibid, P. 249.
[3] Ibid, p. 248.
[4] Ibid, p. 249.
[5] Ibid, p. 251.
[6] Ibid, p. 261.
[7] Lacan, J. “Televisão”. In Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, p. 530.
[8] Lacan. J. “Proposição de 9 de outubro de 1967”. In Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, p. 249.
[9] Lacan, J. “Ato de fundação”. In Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, p. 242.
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Diretoria:

  • Diretora geral: Alessandra Sartorello Pecego
  • Diretora de Secretaria e Tesouraria: Daniela de Camargo Barros Affonso
  • Diretor de Cartéis e Intercâmbios: Gustavo Oliveira Menezes
  • Diretora de Biblioteca: Fabiola Ramon

Conselho Deliberativo:

  •  Fernando Del Guerra Prota (Presidente)
  • Valéria Ferranti (Secretária)
  • Eliane Costa Dias
  • Luiz Fernando Carrijo da Cunha
  • Maria Helena Barbosa
  • Milena Vicari Crastelo

Conselho Fiscal:

  • Jovita Carneiro de Lima
  • Maria Bernadette Soares de Sant´Ana Pitteri
  • Maria Celia Reinaldo Kato

Proposta de trabalho da Diretoria de Cartéis e Intercâmbios (Biênio 2021-2023)

Grande parte das atividades pensadas pela diretoria se darão fundamentalmente através do trabalho em cartel, como os cartéis de membros e as atividades abertas às quartas-feiras. Frente à pandemia que nos assolou desde o início de 2020, o cartel foi uma das respostas dada pela Escola como modo de manter a transferência de trabalho, num mundo que nos convocou ao distanciamento e o virtual. Lacan enfatiza todo trabalho via cartel, e não por seminários, conferências e cursos. É o “órgão de base” da Escola, “máquina de guerra contra o didata” como diz Miller, e funciona como uma dobradiça entre o dentro e o fora. A diretoria aposta que esta base de trabalho possa, como tal, promover e sustentar o trabalho coletivo, além de ser o lugar privilegiado do ensino da psicanálise.

Muitas das atividades propostas por esta diretoria seguem o que já vinha sendo produzido nas gestões anteriores: semestralmente iremos propor um “procura-se cartel”, o acompanhamento dos cartéis declarados, o auxílio àqueles que se aproximam deste dispositivo e da Escola, as atividades de cartéis relâmpagos, além de atividades pontuais sobre o tema. Teremos também os cartéis dirigidos para as Jornadas da Seção SP, para os eventos do Campo freudiano, e finalmente o momento privilegiado para recolher os produtos dos cartelizantes em nossa Jornada de cartéis que acontecerá em dezembro deste ano, encerrando as atividades de 2021 da Seção SP. Outro enfoque desta diretoria são os intercâmbios, os quais terão também seu lugar de destaque, assim como a proposta de trazer à cena o debate em torno do virtual.

Por fim, gostaria de destacar o interesse dessa diretoria em animar as publicações dos produtos de cartéis, assim como o que é produzido a partir dos intercâmbios. Um trabalho que possa fazer a interlocução com os meios de publicação, sobretudo junto à Carta de São Paulo. A comissão trabalha em cartel e visa as contribuições epistêmicas sobre o tema, estando atenta ao que é produzido em torno de nossa comunidade analítica.

  1. Modo de funcionamento da comissão:

O trabalho dentro desta diretoria se dará pelo próprio trabalho em cartel. A partir desta proposta, visa-se compreender tanto o lado epistêmico quanto operacional e territorial que os cartéis e intercâmbios demandam.

De um lado, um cartel irá se voltar para as questões teóricas sobre o que é um cartel na Escola de Lacan, assim como discussões em torno da política e da construção de atividades para a comunidade analítica, o que também inclui os intercâmbios. Por outro lado, seus integrantes serão responsáveis por manter o laço entre as principais cidades que possuem membros da Seção São Paulo, sobretudo no que diz respeito à procura de interessados em formar cartel, às atividades de intercâmbio fora da capital paulista e outras, como por exemplo, as atividades de cartel relâmpago.

  1. Atividades e tarefas voltadas para os cartéis:

Além das atividades propostas para a comunidade analítica em torno da Seção São Paulo, outras tarefas para o bom funcionamento dos cartéis serão executadas, a saber:

Procura-se cartel: atividade realizada semestralmente com a intenção de reunir interessados em formar cartel. Essa atividade é essencial também para se ter um contato mais direto com quem se aproxima da Escola, sempre tendo em vista a função dobradiça do cartel.

Atualização do catálogo e acompanhamento estatístico: todos os cartéis declarados são enviados diretamente para a diretoria nacional de cartéis da EBP, porém, quando um cartel é dissolvido, é função da diretoria da seção sinalizar ao responsável do catálogo. Além deste acompanhamento, será fundamental o balanço do número de cartéis inscritos, seus temas, assim como o número de membros participantes. Muito além de mera estatística, esse trabalho visa maior compreensão da transferência da comunidade com os cartéis e suas variações ao longo do tempo.

Acompanhamento dos cartéis em andamento nas cidades: dentro da comissão de cartéis haverá integrantes de diferentes localidades do território da Seção São Paulo (capital, Campinas, Ribeirão Preto e São José dos Campos), os quais auxiliarão no acompanhamento dos diversos cartéis formados, assim como servirão de interlocutores daqueles que desejam se aproximar da Seção.

Atividades sobre o tema: atividades pontuais para discutir com os membros da Seção SP e não-membros questões relativas ao cartel, como por exemplo: a política; o cartel e a garantia; o cartel e o passe; a função do mais-um; o cartel virtual etc.

Cartéis “relâmpagos”: proposta de atividade na qual um texto e tema é escolhido. Após uma breve apresentação sobre o que é o cartel e sobre o tema, são formados cartéis “relâmpagos”, que se dissolvem no mesmo dia, para trabalhar o texto.

  1. Sobre os intercâmbios:

Junto à comissão, será proposto uma investigação em torno dos intercâmbios, assim como a viabilização de atividades. Além disso, a questão política do intercâmbio será tema de discussão. Há também a possibilidade de atividades em parceria com a diretoria de biblioteca.

  1. Jornada de Cartéis da EBP-SP 2021:

A já tradicional Jornada de cartéis encerrará as atividades de cada ano letivo. Para o ano de 2021, a Jornada de cartéis será realizada na modalidade online. Data: dezembro de 2021.

  1. Jornadas da Seção São Paulo:

O trabalho da diretoria de cartéis é fundamental na organização e execução das Jornadas da Seção. Tanto no ano de 2021, quanto em 2022, a diretoria será responsável pela viabilização da montagem de cartéis em torno do tema de cada Jornadas, uma vez que se entende a importância desse espaço privilegiado para a transferência de trabalho e a implicação da comunidade no evento.Sobre outras atividades do Campo freudiano:

O trabalho da diretoria de cartéis também será voltado para os eventos maiores do Campo freudiano, sempre visando o incentivo na formação de cartéis. Atualmente, o principal evento que a diretoria estará visando é o X ENAPOL.

  1. Reflexões sobre o virtual:

Frente a pandemia que vem nos assolando desde março de 2020, uma das respostas dada pela Escola como modo de manter a transferência de trabalho, num mundo que nos convocou ao distanciamento e o virtual, foi o cartel. É proposta dessa diretoria trazer à cena o debate em torno da modalidade virtual, pois, se por um lado a perspectiva é de nos mantermos no modo remoto até o final do ano de 2021, por outro devemos considerar que os cartéis já vinham ocorrendo por esta via antes do surgimento da Covid-19. Quais efeitos estamos recolhendo? Como continuar pensando a formação dos cartéis online? Como manejar e compreender a formação de diversos pequenos grupos que incluem cartelizantes tanto de São Paulo quanto de outros estados brasileiros e do mundo?

  1. Das publicações:

Um dos interesses da diretoria é em animar a publicação em torno do trabalho em cartéis, assim como o que é produzido a partir de intercâmbios. Além do funcionamento da comissão que visa a contribuição epistêmica, tem-se a proposta de publicar o produto dos cartelizantes ligados à Seção SP, podendo oferecer mais um destino, além do que já existe na Jornada de cartéis. Um trabalho que possa fazer a interlocução com meios de publicação, sobretudo junto à Carta de São Paulo e ao boletim Dobradiça.

  1. Sobre o trabalho conjunto da Diretoria:

De modo geral, a proposta da Diretoria da EBP-SP pretende desenvolver as atividades a partir do trabalho em cartel. Junto à diretoria geral da EBP-SP, a proposta de trabalho dessa gestão visa reinserir o cartel como modo fundamental de trabalho para as atividades da Seção. A diretoria de cartéis estará diretamente envolvida na formação dos grupos, sua inscrição no catálogo, assim como seu acompanhamento. Os detalhes podem ser conferidos na proposta da Diretoria Geral da EBP-SP.

Nesta experiência assumindo um cargo de diretoria na Escola, sei que estou em boa companhia e agradeço a confiança e parceria de minhas colegas Alessandra, Daniela e Fabiola. Agradeço também a antiga diretoria, em especial a Marilsa Basso que me passa o bastão. Que todos se sintam convocados ao trabalho!

  • Gustavo Oliveira MenezesDiretor de Cartéis e Intercâmbio EBP-SP 2021-23
  • Comissão de Cartéis e Intercâmbio EBP-SP 2021-23:
    • Ana Paula Borges
    • Camila Popadiuk
    • Eduardo César Benedicto
    • Flávia dos Santos Corpas
    • Janaína de Paula Costa Veríssimo
    • Maria de Lourdes Mattos
    • Patrícia Ferranti Bichara
E-mail para contato: cartelebpsp@gmail.com

Proposta de trabalho da Diretoria de Biblioteca (Biênio 2021-2023)

A proposta da Diretoria de Biblioteca para o biênio 2021-2023 se assenta numa política de Escola e naquilo que é específico a uma Biblioteca do Campo Freudiano: sua função de articulação e de inserção na cidade e de zelar e promover a relação com a letra e o escrito.

As Bibliotecas do Campo Freudiano se encontram no coração da Ação Lacaniana[1], como pontua Judith Miller. No site da FIBOL, a Federação Internacional de Bibliotecas de Orientação Lacaniana do Campo Freudiano[2], Judith Miller localiza as bibliotecas: “A FIBOL há anos segue uma orientação política tendente a situar as Bibliotecas como elo prático, a partir do seu lugar de ação lacaniana, com os interessados em psicanálise e com a opinião esclarecida em cada cidade”[3].

A Diretoria de Biblioteca de uma seção tem como política “o retorno à Freud” e, como referência, o ensino de Lacan, por meio do trabalho com o acervo, seu arquivamento, catalogação, atualização e preservação da memória e do trabalho de transmissão e aprofundamento da relação com o escrito e com a leitura, a partir da transferência decidida com o texto de Lacan e com a letra lacaniana como suporte de transmissão da psicanálise.

Seguiremos com uma certa rotina da Biblioteca, orientada pelas diretrizes da EBP e da FIBOL. No entanto, desde o início da pandemia, a rotina da biblioteca foi abalada. Estamos seguindo na direção de encontrar formas de viabilizar o intercâmbio entre as bibliotecas e os demais aspectos da nova rotina.

Iremos trabalhar, juntamente com a Diretoria de Biblioteca da EBP, com o delineamento de uma política para as doações de acervos pessoais, disparada por doações recebidas recentemente na Seção São Paulo.

Estamos planejando atividades que promovam a conversa com a cidade e com outros campos do saber e das artes, além de debates em torno de livros e publicações.

Teremos ainda o desafio de manter viva e colocar em causa a relação com os textos e com o escrito nesse momento de impossibilidade do encontro físico.

A partir de uma comissão de trabalho, na maioria não membros da EBP, colegas que já deram testemunho da transferência com a orientação lacaniana, teremos trabalhos e atividades de leitura compartilhada de textos, sustentadas por essa Comissão. Iniciaremos com um trabalho epistêmico, com textos sobre o lugar político da Biblioteca e do Recenseamento do Campo Freudiano. Posteriormente ofereceremos duas atividades que ocorrerão no período vespertino, serão mensais e abertas à comunidade a partir do segundo semestre de 2021.

São elas:

1) Leituras da Biblioteca, continuação do trabalho desenvolvido na antiga Diretoria. Essa atividade tem como pivô a leitura aprofundada e compartilhada de um texto de Freud ou Lacan que tenha relação com um tema trabalhado no Campo Freudiano.

2) “Acervo vivo”, terá a assessoria de Heloisa Prado Telles, também privilegiará a leitura compartilhada e a circulação de alguns títulos do acervo de Carlos Augusto Nicéas, que foi doado à sessão, são 1520 títulos que já estão fase de inventário, higienização e estudo prévio.

Por fim, já iniciamos o trabalho com a nossa revista, Carta de São Paulo. Paola Salinas, fará a edição da revista e Rômulo Ferreira da Silva será o assessor.

Apostamos na transferência de trabalho e numa posição de certa exterioridade da Biblioteca, que, tal como apontava Judith Miller, tem uma função política importante para tratar aquilo que Lacan denomina como ameaça de “auto-segregação da psicanálise”.

  • Fabiola Ramon – (Diretora de Biblioteca EBP-SP 2021-2023)
  • Comissão de Biblioteca:
    • Fabiola Ramon (Diretora)
    • Felipe Salles Silva (Bibliotecário)
    • Eduardo Vallejos
    • Emelice Prado Bagnola
    • Gabriela Malvezzi
    • José Danilo Canesin
    • Jovita Carneiro de Lima
    • Marisa Nubile
    • Mirmila Musse
    • Raquel Diaz Degenszajn
    • Rosangela Castro Turim
    • Silvia Jacobo
Email para contato: ebpsaopaulo@gmail.com

[1] Miller, J. El campo freudiano y la acción lacaniana. Colofón. Número extraordinário. Abril, 2018. p. 8.
[2] FIBOL – Federação Internacional de Bibliotecas de Orientação Lacaniana do Campo Freudiano, impulsiona o desenvolvimento de Bibliotecas de psicanálise e disciplinas afins, favorecendo os intercâmbios entre elas. Associação sem fins lucrativos, fundada por Judith Miller, em 1990.
[3] Miller, J. In: https://www.wapol.org/pt/campo_freudiano/Template.asp?Archivo=Federation-internationale-des-Bibliotheques.html
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