O esp de um ato Niraldo de Oliveira Santos (EBP/AMP) Chegamos ao último Boletim Travessias.…
e-dito Boletim Travessias #004
Por Mirmila Musse (EBP/AMP)
Chegamos ao penúltimo Boletim das X Jornadas EBP-SP – “Psicanálise em Ato”!
Nos Flashes da Comissão de Orientação encontramos três textos. Milena Vicari Crastelo apresenta ecos das atividades preparatórias, retomando a pergunta: “Existe psicanálise que não seja em ato?”. Para trilhar um caminho para essa ressonância, ela recorre à passagem de psicanalisante a psicanalista, “passagem que tem em seu cerne, o ato analítico”. O texto de Daniela Camargo conversa com o primeiro texto desta rubrica. Presenciamos, com o último testemunho de passe de Sandra Grostein, o ato de interpretação da Escola. Segundo Daniela Camargo, trata-se do “efeito disruptivo e de surpresa na Escola-sujeito” pela transmissão da diferença absoluta daquela que termina seu exercício de AE. Valéria Ferranti lança a pergunta sobre as consequências da passagem ao ato como defesa à angústia, quando esta não está mais articulada à “égide da lei Edipiana e da função do Nome do Pai, mas à articulação do gozo com a lei proposta pelo discurso do mercado e do capitalismo”.
Na rubrica dos Textos Preparatórios, o texto produzido por Alessandra S. Pecego, Cássia M. R. Guardado e Fernando Prota anima a discussão do eixo temático 5 das Jornadas. Eles se perguntam “o que é um psicanalista a-final?”, retomando as três dimensões da orientação lacaniana: epistêmica, clínica e política, além da discussão sobre o desejo do analista como causa. O ato de Fundação da Escola por Lacan, como uma ruptura e uma marca de um antes e depois, é retomado no texto, a partir do exercício do AE. Segundo os autores, “um des-ser” na passagem de analisante a analista, marcado também por um ato de não tamponar mais o furo do resto “ineliminável” da equação da perda da consistência do objeto a. Destaco ainda outra expressão apresentada no texto que me parece fundamental no ato analítico e do dizer em análise: “descompletar o sintoma do Outro” implica um “ato que produz o próprio furo”. Por fim, há ainda outra consequência, a certeza antecipada: “Talvez só um testemunho pode dar mostras dela, dessa certeza antecipada, e de como ela permitiu a conclusão dessa experiência quando o falasser pôde afirmar “eu sou isso””.
No segundo texto desta rubrica, Marcus André Vieira questiona a política da psicanálise frente ao Outro contemporâneo que transforma o sintoma, antes compreendido como fracasso e recalcado, agora em sucesso. A partir de um testemunho de passe, Marcus André retoma a proposta de “saber fazer com” o sintoma e a virada possível no discurso da psicanálise, quando no lugar de reforçar esse fracasso do sintoma que hoje propõe um vazio de sentido, pode ser apresentar como “um espaço de abertura na rede de acontecimentos de uma vida”.
Colegas da EBP-Rio contribuem para a discussão sobre o tema das Jornadas, através de um texto produzido pela Unidade de pesquisa “Clínica e política do ato” do ICP-RJ. O texto nos apresenta a seguinte hipótese: talvez “as passagens ao ato possam ser, em sua maioria, precedidas de um ou mais actings”. Com a retomada dos conceitos de acting out e passagem ao ato a partir do caso da Jovem Homossexual, o texto recupera a natureza e o tempo do ato: o ato, mesmo que conjugado no passado, “[…]está aberto ao futuro, já que [essa é a natureza do ato] é o tempo da consequência”.
Além da leitura dos textos, é possível encontrar no Boletim duas inovações destas Jornadas: o Podcast ATOalidades analíticas (EBP-SP), que publicará ainda esse mês mais três ATOs, além dos quatro já disponíveis, e uma playlist colaborativa com o nome X Jornadas da EBP-SP – “Psicanálise em ato”, ambos no Spotify. Lá você pode acrescentar músicas sobre o tema que a comunidade analítica de São Paulo vem se debruçando para essas Jornadas – mas só funciona se você adicionar sua(s) música(s)! São invenções possíveis que a Comissão encontrou para reforçar o laço, quando a presença do corpo físico se faz escassa.
Na rubrica Biblioteca, novas referências foram acrescentadas para nos ajudar a pensar o tema Psicanálise em Ato.
Alguns eventos que já estão sendo retomados na cidade de São Paulo estão em destaque em Conexões com a Cidade. Já é possivel apreciá-los, mas atentos às normas sanitárias propostas em cada lugar.
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