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Resenha – “A iniciação sexual na adolescência: entre mito e estrutura”
Domenico Cosenza. In Cien digital, n° 19. Disponível em http://www.institutopsicanalise-mg.com.br/ciendigital/n19/hifen.html.
Domenico Cosenza discute neste texto o estatuto da adolescência nos dias de hoje, tempo do Outro que não existe, seguindo como eixo central a questão sobre como os adolescentes regulam o encontro com o real do sexo e da morte na atualidade, momento em que estão em declínio as funções de interdição e véu da metáfora paterna.
A adolescência, momento de crise estruturante no tocante à sua dimensão de corte, tem sido questionada por diversos autores. Isto é condizente com o atual empuxo ao gozo sem limites encabeçado pelo Outro social, que não favorece um movimento de separação.
Estamos no campo da ética e da clínica que “o nó da adolescência contemporânea nos traz”.
O percurso do texto parte da “fórmula eficaz” de A. Stevens, que apresenta a adolescência como sintoma da puberdade, ou seja, evoca que o adolescente precisa se colocar em “uma posição desejante que lhe seja própria em relação ao despertar pulsional que atravessa o seu corpo durante a puberdade”.
O autor sustenta este percurso citando Lacan em seu “Prefácio ao Despertar da Primavera”, no qual faz a formulação de dois tempos na passagem da puberdade à adolescência, quando se dá a iniciação sexual. Dois tempos lógicos, evidentemente. O primeiro equivale à elevação da relação sexual ao nível do inconsciente, que faz existir para o sujeito uma “representação imaginária, singular, como enigma num quadro fantasmático que dá origem à fantasia”. Há relação sexual representada em uma cena que o inclui. No segundo tempo lógico o adolescente encontra, “em suas primeiras vicissitudes da vida sexual com seus parceiros a inexistência estrutural da relação sexual como experiência que faz trauma para ele”.
Na contemporaneidade é perceptível a perda do véu em torno do enigma da sexualidade, sobretudo em relação à adolescência, dificultando este primeiro tempo. Em decorrência disso, o segundo tempo também é afetado, pois a subjetivação do trauma torna-se precária por não contar com um véu, tampouco um ideal.
Práticas compulsivas, passagens ao ato que são comuns na adolescência, principalmente a contemporânea, apresentam-se, segundo Lacadée, como “fracassos e alternativas ao processo de estruturação de um sintoma no sentido freudiano do termo, impasse no trabalho de nomeação do real inominável”. Antes de tudo, portanto, trata-se de introduzir um véu no mistério do sexo, permitindo uma mediação fantasmática em relação ao objeto inominável que se apresenta na relação entre os sexos.
Deste modo, através de um trabalho de nomeação, torna-se possível uma subjetivação do trauma da inexistência da relação sexual, “preservando-se, assim, de recair nas derivas do sem-limite próprio à adolescência contemporânea”.