Boletim Fora da Série das Jornadas da Seção SP - Número 05 - Novembro de…
Comentário sobre “Psicologia de grupo e análise do ego”. In Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira, vol. XVIII. Rio de Janeiro: Editora Imago, p. 79-154.
Tissiane Gushiken da Silva (Associada ao CLIN-a)
O que se mantém nos grupos é que os discordantes do enamoramento com determinadas ideias, ideais ou líderes, são considerados inimigos, dignos de ódio e repulsa. Muito evidente na polarização vista em comentários e na “cultura de cancelamento” [1]. Na era digital, pode haver um líder, uma ideia para todos, ou para cada um, ou seja, cada um o toma a sua maneira e faz um uso dele, simultaneamente, o álibi é o grupo. A subjetividade é apagada, mas não toda. No sentido do anonimato, da não responsabilização, amparados por uma tela protetiva. Os movimentos de positividade (goodvibes) e gratidão que talvez pudesse ser um ponto de fuga, com tolerância e amor para todos, torna-se um imperativo tóxico, o sofrimento e a divisão subjetiva são banalizados. Ao contrário da religião e do exército, instituições com regras e punições, a internet é um terreno sem lei, tudo é permitido e tem potencial de ser objetificado, vendido, incluindo a linguagem. O discurso de ódio, o “vício em indignação” [2], afetos e pensamentos prontos (“memes” e frases de efeito seguidas das hashtags[3]), se multiplicam na internet, no whatsapp, tomando o lugar de verdade e de respostas.