#06 - OUTURBRO 2023
O vivo da exposição “Marta Minujín: Ao vivo”
Comissão de Acolhimento
A escolha por essa exposição foi pelo efeito que ela causou em uma visita à Pinacoteca do Estado de São Paulo – um lugar lindo que já vale a pena a visita. Durante a exposição, que na exposição “Marta Minujín: Ao vivo”, escutando as pessoas rirem constantemente – coisa que não é tão comum em exposições – a decisão foi tomada, e tomada pelo efeito do riso que também me causou.
O próprio nome da exposição remete ao que pulsa no corpo, aquilo que vibra, que é vivo. A artista Marta Minujín (Buenos Aires, 1943) é uma das artistas contemporâneas mais relevantes e conhecidas da Argentina; começou a atuar jovem, no final de 1950, com menos de 20 anos, e que segundo a curadoria: “desde então participou de movimentos como o informalismo, o pop e a arte conceitual; aderiu à contracultura e à psicodelia; foi pioneira das intervenções midiáticas e ocupou o espaço público com inúmeros happenings, um tipo de ação efêmera dedicada a desestabilizar uma situação dada.”. E a sensação pode-se dizer que é essa: Marta Minujín expressa, talvez com um atrevimento irônico, aquilo lhe causa e, justamente por ter um estilo lúdico, consegue ter o frescor da cultura pop e transmitir uma arte bem humorada.
Nas partes interativas da exposição, sem dúvida as pessoas se divertem, mas mesmo para aqueles que não têm essa disposição, o riso é inevitável, seja ele causado pela diversão alheia ou pelas obras da artista.
Tratando de temas de importância histórica para os países latino-americanos, como temas econômicos e territoriais, a artista realizou trabalhos com o milho, ironizando o extrativismo colonial, como ela mesma diz: o “ouro latino-americano é o milho”, que simboliza as riquezas locais e as disputas extrativistas. Obra que causa riso, (obra de 1985), que realizou a performance do pagamento da dívida externa do seu país com milho para Andy Warhol, ícone da cultura pop e representando a hegemonia dos Estados Unidos.
Outra parte da exposição que causa riso é “La caída de los mitos universales [A queda dos mitos universais]”, não toda ela, mas principalmente ao ler o nome da obra que ocupa o meio dessa sala: “Obelisco acostado”; a palavra “acostado” parece mais cômica, principalmente por já se tratar da imagem que esse título evoca, o que o nome dessa obra causa, sobretudo por ser sobre um monumento tão importante em Buenos Aires. Como um monumento como o Obelisco resolveu se acostar? É quase como se o obelisco pudesse dizer de um cansaço de toda essa sua importância monumental. Ou seja, essa brincadeira irônica com os grandes monumentos de grande importância que Marta Minijín faz, transformam-se em jogos imaginários, tirando esses monumentos dos seus lugares de importância simbólica e colocando-os em qualquer outro lugar, ironizando esse seu valor, e até diria ridicularizando toda essa valorização simbólica que carregam, e isso causa riso. Provavelmente o olhar para o Obelisco em Buenos Aires não será com os mesmos olhos, e o mais interessante, ele vai poder ocupar muitos outros lugares.
Esse é só um pedaço, uma tentativa de trazer algo dessa exposição, e de poder causar interesse em visitá-la e experimentá-la. Já que, além do riso que ela pode causar, pode ser uma prévia do XI ENAPOL, que se realizará em Buenos Aires.
Informações: A exposição “Marta Minujín: Ao vivo” está na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no edifício Pina Luz, de 29 de julho de 2023 a 28 de janeiro de 2024. Os ingressos podem ser comprados previamente ou no dia, na bilheteria, de acordo com os valores e horários de funcionamento da Pinacoteca. Mais informações disponíveis no site: https://pinacoteca.org.br/programacao/exposicoes/marta-minujin-ao-vivo/