Escola Brasileira de Psicanálise – Boletim das X Jornadas da Seção SP – Número 04 – outubro de 2021
e-dito
Por Mirmila Musse (EBP/AMP)
Chegamos ao penúltimo Boletim das X Jornadas EBP-SP – “Psicanálise em Ato”!
Nos Flashes da Comissão de Orientação encontramos três textos. Milena Vicari Crastelo apresenta ecos das atividades preparatórias, retomando a pergunta: “Existe psicanálise que não seja em ato?”. Para trilhar um caminho para essa ressonância, ela recorre à passagem de psicanalisante a psicanalista, “passagem que tem em seu cerne, o ato analítico”…
Flashes da comissão de orientação
O Ato: de Freud a Lacan
Milena Vicari Crastelo (EBP/AMP)
Existe psicanálise que não seja em ato?
Questão levantada na atividade preparatória para estas jornadas e que seguiu ecoando para mim.
A existência da psicanálise está fundada no ato freudiano, que ao dar lugar de fala para as histéricas descobre o inconsciente.
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O ato e a interpretação da escola
Daniela de Camargo Barros Affonso (EBP/AMP)
Todo ato verdadeiro é transgressão, afirma Miller, em “Jacques Lacan: observações sobre seu conceito de passagem ao ato”. Não há ato verdadeiro que não comporte uma ultrapassagem, a infração de um código, uma lei, que o ato tem a oportunidade de remanejar. É, também, da estrutura do ato, a destruição do sujeito: “todo ato é um suicídio do sujeito”, diz Miller, na medida em que o sujeito não é mais o mesmo antes e depois do ato.
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Passagem ao ato e o rechaço do saber
Valéria Ferranti (EBP/ AMP)
Um dos possíveis modos de tomar a passagem ao ato é como uma forma contumaz de rechaço ao saber.
S1 em sua articulação com S2, portanto na produção mesma de saber, resulta em perda de gozo e no gozo parcial que Lacan escreve com a letra a. Para Guy Trobas, Lacan introduz a substituição da perda de gozo com o mais-de-gozar em uma nova articulação do gozo com a lei. Não mais sob a égide da lei Edipiana, do Nome-do-Pai, mas da lei do mercado, do capitalismo e esta substituição implica uma nova aliança entre o gozo e a lei. Quais consequências para a ameaça da presença do objeto a, ou seja, da angústia?
Textos Preparatórios
Eixo 5 – A passagem de psicanalisante a psicanalista
Alessandra S. Pecego (EBP/AMP)
Cássia M. R. Guardado (AME membro EBP/AMP)
Fernando Prota (EBP/AMP)
O que é um psicanalista? Questão a não ser toda respondida, apenas bordeada, e que orienta o debate nesse eixo de trabalho, assim como é pedra angular na discussão de como se dá a formação na Escola de orientação lacaniana.
A Escola Francesa de Psicanálise, em 1964, é fundada por Lacan e marca de entrada a questão singular que perpassa um ato: “Fundo – tão sozinho quanto sempre estive em minha relação com a causa analítica”.
Sintoma, clínica e política
Marcus André Vieira (AME membro EBP/AMP)
United symptons
Os sintomas há muito deixaram de ser um empecilho. Um sintoma pode ser um modo de vida, em prolongamento com relação à subjetividade. Essa é, segundo Miller, a chave do Um-dividualismo contemporâneo (Miller, 2012).
Os atos no caso da Jovem homossexual
Produção coletiva da Unidade de pesquisa “Clínica e política do ato” do ICP-RJ
Atos
No Seminário da Angústia, Lacan propõe que no caso da Jovem homossexual houve um acting out e depois uma passagem ao ato. Gostaríamos de explorar essa construção em dois tempos para levantar a hipótese de que as passagens ao ato podem ser, em sua maioria, precedidas de um ou mais actings. Assim, poderemos temperar o caráter disruptivo da passagem ao ato…
Eixos Temáticos
A partir do ato, o que o analista institui como experiência analítica? Freud aborda o ato falho enquanto formação do inconsciente. É o que emerge e que ultrapassa o sujeito. Lacan, no Seminário 11, dirá que aí se instaura a dimensão da perda e introduz a concepção de que o inconsciente se manifesta como o que vacila num corte do sujeito. Assim, o importante no ato nesta perspectiva é o que escapa. Como o advento do ato falho dá abertura para o ato do analista?
Conexões com a cidade
No dia 27de agosto, o MASP abriu a mostra Maria Martins: desejo imaginante, que faz parte da 34ª Bienal de São Paulo com o tema Faz escuro mas eu canto. A mostra tem a curadoria de Isabella Rjeille, reúne 45 trabalhos da artista e busca mostrar como Maria Martins revolucionou a ideia de “trópicos”, sua luta contra expectativas e estereótipos projetados sobre ela enquanto mulher, artista e brasileira. “Suas mulheres, que aparecem devorando o parceiro e surgem contorcidas, sinuosas e selvagens em suas esculturas, falam muito sobre o desejo feminino, algo extremamente transgressor para a época”.