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Comentário sobre “Do “Trieb” de Freud e do desejo do psicanalista”

In Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998, p. 865-868.

José Wilson R. Braga Júnior

Minha pontuação está centrada no questionamento de Lacan: “Qual pode ser o desejo do analista? Qual pode ser o tratamento a que ele se dedica?”, no texto-resumo de um colóquio realizado em Roma, algumas semanas após sua “excomunhão” da IPA e dias antes de retomar seu seminário, numa crítica a uma técnica “psicologizante” voltada para os “bons sentimentos”. O desejo do analista vem aqui subverter a noção da posição do analista como neutralidade benevolente ou indiferença – esta crucial na escuta analítica, mas não na condução do tratamento. É aquele que “opera na psicanálise” cuja finalidade é “produzir um analista”, indo além da proposta terapêutica; e só pode operar em posição de X, cujo valor o analisante deverá encontrar.1 Não é o desejo advindo da castração, da falta estruturante, aquele que vem do Outro e que encontra na fantasia seu alento parcial em sua relação com o objeto a, mais de gozar. O analista não pode operar a partir de sua fantasia, mas estando na posição de semblante de a, causa do desejo, divide o sujeito possibilitando a ele obter sua “diferença absoluta”.2

 


1 LACAN, J. “Proposição de 9 de outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escola”. In Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
2 LACAN, J. O Seminário, Livro 11, Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro, Zahar, p.260.
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