Boletim Fora da Série das Jornadas da Seção SP - Número 05 - Novembro de…
Comentario sobre “A ciência e a verdade”. In Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, p. 869-892.
Wo Es war, soll Ich werden
Magno Azevedo
Zuider Zee é um golfo localizado nos países baixos – suas águas vêm do gélido e glacial Mar do Norte. Uma grande e engenhosa operação foi montada para que a região fosse reestruturada com divisões e diques de proteção submetida, assim, a civilização. As terras que estavam submersas puderam emergir e, a partir disso, surgiu uma possibilidade de saber fazer algo com o que antes era indeterminado.
O filósofo americano Quine expõe com sua “inescrutabilidade da referência” um impossível da tradução. Ou seja, como demonstra em seu livro “Palavra e Objeto” o caráter do intraduzível amplia, ainda mais, a exploração das várias possibilidades de traduções a que se pode extrair de um conceito, o que não deixa de ser um paradoxo. Na tradução feita a partir do francês e que foi proposta por Lacan temos o axioma freudiano “Wo Es war, sol Ich werden”, que na língua portuguesa é lido como “lá onde isso estava, lá, como sujeito, devo (eu) advir”.
Freud finda sua Conferência “A Dissecação da Personalidade Psíquica” em 1933, com a enigmática fórmula: Wo Es war, sol Ich werden. É uma obra de cultura – não diferente da drenagem do Zuider Zee.
Seria então uma tradução, sempre, um ato subversivo?