#06 - OUTURBRO 2023
Boletim Gaio #03
#03 – JUNHO 2023
Editorial
Mônica Bueno
Membro da EBP/AMP
Neste terceiro número do Boletim Gaio, avançamos um pouco mais na nossa caminhada rumo às XII Jornadas da EBP – Seção São Paulo em torno do tema R.I.S.o, que com esta grafia proposta, dá ênfase ao enodamento entre os registros real, imaginário e simbólico. As diversas provocações do argumento apresentado por Rômulo Ferreira da Silva estão gerando seus frutos
Escrita Gaia
O esp de um riso
Marie-Claude Sureau
AME da ECF/AMP
As análises começam, frequentemente, pelas lágrimas em uma dimensão trágica e, às vezes, terminam por um traço cômico, em que o riso vem então pontuar sessão. Uma vez o fantasma apreendido, atravessado, o objeto caído, um resto de gozo se manifesta e faz rir! E, pronto, o analisante pode ir.
No seu texto “Vue de la sortie” e posteriormente em “O osso de uma análise”, Jacques-Alain Miller retoma a alegoria de Lacan sobre o final da análise a partir da anamorfose do quadro intitulado “Os embaixadores” de Holbein. Diante dos dois embaixadores em posição majestosa…
A dimensão singular do riso
Andrea V. Zelaya
Membro da EOL/AMP
“Para Freud o chiste não é simplesmente uma piada que pretende gerar riso […]”. O valor clínico do riso que o chiste produz é sua dimensão disruptiva e de impacto no corpo. Destaco seu viés vital, não somente pelo produzido na comédia, mas também pelo eco que se produziria com o riso, na complacência e ressonância no Outro, inclusive sua cumplicidade para que chegue a se efetuar.
Há uma importância na função social no riso e em sua utilidade. Há uma afetação de satisfação que consegue atravessar, pela intensidade pulsional, os limites da repressão; por esse motivo tem seu valor na experiência de uma análise, seja pela irrupção contingente, seja por seu impacto na matéria do corpo. Em referência a esta última vertente, Miller introduz que…
A inteligência da IA e o RIS(o)
Do bem-rir, o saber-dançar o chat, chat, chat e um saber-jamear-ahí
Jessica Jara Bravo
Membro da NEL/AMP
Um jornalista do Esquire em um “Curso básico de humor”, tenta submeter ao Chat GPT a seguinte pergunta: “você sabe dançar o chat, chat, chat?”. O Chat GPT responde:
Como modelo de linguagem, não tenho um corpo físico para dançar o “chat chat chat” ou outro tipo de dança. Minha função é proporcionar respostas úteis, relevantes às perguntas que fazem os usuários. Tem alguma outra pergunta ou solicitação em que eu possa lhe ajudar (…).
O cômico triste em Rei Lear
Mariana Galletti Ferretti
Participante da Comissão do Boletim Gaio
Assim como o tema das próximas Jornadas, o R.I.S.o, a figura do Bobo da corte tem muitas dimensões. O Bobo ou o fool – termo utilizado por Shakespeare no texto original de Rei Lear e destacado por Lacan como um significante mais preciso que surge no teatro elisabetano – pode provocar o riso tanto por carregar uma deformação ou anormalidade que estigmatiza o corpo e o aproxima do ridículo quanto pode ser aquele que faz denúncias debochadas e perspicazes, sendo escutado de maneira privilegiada. Se, por um lado, ele pode perturbar a imagem do ideal caçoando de si mesmo, por outro, pode ser a via régia de uma dimensão da verdade. Nas palavras de Lacan, “O fool é um inocente, um parvo, mas por sua boca saem verdades, que não apenas são toleradas, mas que encontram sua função”. Objeto dejeto e sujeito suposto saber – lugares conhecidos do analista sob transferência.
Eixos Temáticos
Atividade Preparatória – Eixo II O RISO E A POLÍTICA
Cartel responsável:
Sandra Arruda Grostein (+1)
Eliane Costa Dias
Emanuelle Garmes Pires
Fernando Del Guerra Prota
Magno Azevedo
Coube a mim a tarefa de transmitir as principais ideias discutidas no eixo político por ser jovem. Explico: esse desafio vem ancorado na perspectiva de trazer o jovem à Escola. Não sou tão jovem no RG, porém uma iniciante nas minhas conexões com a Escola. E por isso, pergunto-me sobre o lugar possível para uma política dos jovens nos tempos que correm. Como usar da linguagem para acessar os jovens, sem perder o rigor conceitual?
Esp de um riso
Marisa Nubile
Associada ao CLIN-a
(…) há uma relação muito intensa, muito estreita, entre os fenômenos do riso e a função do imaginário no homem. A imagem tem, como tal, um caráter cativante, que vai além dos mecanismos instintivos que lhe são correspondentes, como evidencia a exibição, seja ela sexual ou de combate. A isso vem somar-se, no homem, um toque suplementar, que se prende ao fato de que a imagem do outro, para ele, está muito profundamente ligada à tensão de que falava há pouco, e que leva a que ele seja colocado a uma certa distância, conotada de desejo ou hostilidade. Nós o relacionamos com a ambiguidade que está na própria base da formação do eu e que faz com que sua unidade fique fora dele mesmo, com que seja em relação a seu semelhante que ele erija, e com que ele encontre aquela unidade de defesa que é a de seu ser como narcísico. É nesse campo que o fenômeno do riso deve ser situado.
Estão fazendo arte
Falar com Ela?
James Alberto de Moura Valeriano
Associado ao Clin-a
Participante da Comissão de Arte e Cultura
No Eixo temático 1 “Só Risos?!”, das XII Jornadas da EBP-SP: R.I.S.o, algumas perguntas são lançadas: como localizar o riso em uma análise e qual sua função?
Uma vez que a arte interpreta e transmite o que se passa na cultura de seu tempo, o que inclui certamente o mal-estar e os modos de gozo, e podendo o psicanalista se servir dela a partir de seu “saber ler de outra maneira”[1] o que essa interpretação traz, seria, assim, possível avançar na proposta desse eixo de investigação a partir do cinema? Particularmente, do cinema do diretor Pedro Almodóvar?
Acontece na Cidade
Comissão de Acolhimento
“A coleção Imaginária de Paulo Kuczynski”, com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, se configura num panorama completo da arte brasileira durante o século XX. Com mais de duzentos trabalhos, como Alfredo Volpi, José Pancetti, Lasar Segal, Lygia Clark, Adriana Varejão e tantos outros.
Paulo Kuczynski é um marchand que iniciou sua trajetória a partir de duas lindas fachadas de Volpi que lhe foram conferidas para vendê-las. Paulo havia se encantado pelas obras, mas diante da impossibilidade de adquiri-las, sabia que teria que vendê-las. Foi o que traduziu como “vivência inaugural de um sofrimento de despedida e separação”. No entanto, o trabalho como marchand lhe mostrou que as obras acabam voltando fisicamente, como se tivessem trajetórias próprias.
RSRSRS
INSCRIÇÕES
COMISSÕES
CARTÉIS
ENVIO DE TRABALHOS