O esp de um ato Niraldo de Oliveira Santos (EBP/AMP) Chegamos ao último Boletim Travessias.…
Aos interessados – Psicanálise em Ato
Alessandra Sartorello Pecego
Diretora geral da EBP SP
Como propor e fazer ecoar um trabalho de Escola? Pergunta que “marca passo” em minha condução nas diferentes atividades da Seção São Paulo, por vezes alcançada, e sempre relançada como aposta.
Penso que a Jornada de uma Seção é um momento ímpar dessa construção. Ela deve ser o corolário do tema de trabalho do biênio da Diretoria, desejo que se possa elucidar e avançar de maneira decidida e radical em torno de um ponto epistêmico, que se possa sustentar uma discussão e debate orientados, trazer contribuições e investigações que são a força motriz de uma produção de Escola. A solidão de cada um em sua causa, enlaçados pela causa analítica na Escola de Lacan.
Desta forma, é um convite a toda comunidade que presentifica alguma transferência de trabalho com a Escola, via Seção São Paulo. Um convite a se achegar, cada um a seu modo, e de podermos ouvir colegas que se interessam e que praticam a psicanálise, colegas membros da EBP e da AMP.
Além disso, propor uma interface com outros discursos e com o contemporâneo. Um enodamento entre psicanálise em intensão e extensão.
Posto isto e, reverberando o nosso tema de trabalho nessa diretoria – “Psicanálise em Intensão: o impossível do bem dizer sobre o sexo” -, pensamos em um enlace de um conceito epistêmico à uma experiência clínica e singular de análise. Penso que investigar o Real em suas diferentes abordagens no último ensino de Lacan, linha de nosso trabalho, nos fez pinçar algumas questões que desembocaram no tema: ato analítico. O que transmitir desse momento de concluir que precipita e é precipitado por esse ato?
Tomando a clínica estrutural e a clínica do sinthoma, qual nos elucida sobre o ato analítico? Ao se dizer da mesma repetição em uma experiência de análise, o que, efetivamente, incide como corte? Qual corte ou intervenção pode ser tomado como ato analítico? Qual o desenvolvimento entre tempo lógico, momento de concluir e ato analítico? Qual a relação entre consentimento e ato analítico? Visto que o ato só pode ser tomado à posteriori, como desvendar que o ato é sem sujeito e sem Outro? Qual torção pode ter efeito de ato e operar como derradeira fratura na fantasia? Como os Analistas da Escola de Lacan podem dar testemunho dessa passagem de psicanalisante a psicanalista, por ter verificado e consentido com o seu mais singular, com o seu incurável?
Ainda localizo que a nomeação “Psicanálise em Ato”, foi inspirada no texto de Lacan – “Ato de Fundação”, que diz que a Escola é para aqueles que se interessam e que colocam à prova esse interesse, via psicanálise em ato! Eis também um caráter político e ético.
Parto destas questões, na tentativa de cernir o porquê desse tema. Desejo que consigamos desvendar algumas delas, e que surjam outras mais para lançar novas construções.
Posso dizer que procuramos trabalhar entre vários nas comissões, pautados em elaborações decantadas a cada reunião e encontro virtual, modalidade marcada em nossos tempos.
As X Jornadas da EBP-SP – “Psicanálise em Ato” acontecerão, graças a essa modalidade virtual, em tempos de espera, de poucos encontros de corpos, de muito desejo sustentado e de saudade.
Teremos a honra de conversar com Anna Aromí – AME/Membro ELP e atual secretária do Passe na AMP. Posso dizer que seu entusiasmo é grande e que seu estilo de transmissão claro, vivo e fluido nos será precioso.
Decisões prontamente nascidas e formalizadas em nossa diretoria, foram as de convidar Niraldo de Oliveira Santos para coordenar as X Jornadas e Luiz Fernando Carrijo da Cunha para coordenar a sua comissão de orientação. Sabíamos que atos e direções certeiras viriam destas parcerias.
Agradeço aos meus incansáveis parceiros de diretoria.
Lanço nossas Jornadas e convido todos vocês a essa travessia e ao debate.