#06 - OUTURBRO 2023
Editorial Gaio #6
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Gustavo Oliveira Menezes
Membro da EBP/AMP
Coordenador Geral das XII Jornadas da EBP-SP
É com grande alegria que escrevo esse editorial para o último boletim Gaio antes das nossas XII Jornadas da EBP – Seção São Paulo: R.I.S.o, que ocorrerão nos dias 27 e 28 de outubro, exclusivamente presencial, no Hotel Meliã em São Paulo. Foram meses de trabalho intenso e dedicado de cada um que apostou e contribuiu para que chegássemos até esse momento. Por isso, não poderia deixar de agradecer a todos os coordenadores e trabalhadores decididos das comissões. Agradeço também aos que escreveram para o nosso boletim, convergindo em um rico e indispensável material de consulta para adentrarmos de cabeça no tema.
Nessa edição de número 6, o leitor poderá acompanhar, mais uma vez, o trabalho conjunto de todas as comissões. Começamos pela rubrica Escrita Gaia com o texto de Cleyton Andrade (EBP/AMP), no qual o autor faz um percurso pelo diálogo socrático e as sátiras menipeias para colocar em questão o sério-cômico e os semblantes que se apresentam como verdades no mundo. Afinal, o riso poderia tocar para-além da barreira do sério? Se os discursos não passam de semblantes, a psicanálise deve abandonar o diálogo? Ao longo de uma análise, o uso do riso pode levar ao monólogo do gozo? Questões provocativas e que valem a leitura.
Na sequência, nossas colegas Emelice Prado e Silvana de Oliveira (associadas ao CLIN-a) fazem um percurso sobre o caminho de uma análise, do inconsciente transferencial ao sem sentido e ao furo, partindo da obra Macunaíma de Mário de Andrade. Sua poesia, por vezes incompreensível, nos faz rir e mudar de direção, consentindo com o inesperado. O que aguardar de nossas Jornadas se nos deixarmos levar por essa língua chistosa?
Em Esp de um riso, Carlos Ferraz (associado à CLIPP) traz uma importante contribuição para pensarmos o futuro da psicanálise ao relacionar sua política ao riso. Diante dos ataques que nosso campo pode sofrer, é preciso se guiar pelo real e pela opacidade do sintoma. E Carlos se pergunta: qual a interpretação possível? Como sustentar a psicanálise a partir da ironia e do riso?
Na rubrica Estão fazendo arte, as coordenadoras da comissão de arte e cultura, Flávia Corpas (associada ao CLIN-a) e Patrícia Bichara (EBP/AMP) fazem um extenso percurso em Freud, Lacan e outros autores para questionar a relação entre arte e psicanálise. O texto é fruto do que o próprio trabalho enquanto coordenadoras da comissão ressoou, tendo como o riso a dobradiça entre os dois campos. Afinal, por que a arte interessaria aos psicanalistas? Como a interpretação, a escrita poética, o chiste, o belo podem se interligar para produzir ondas através do riso?
Nessa reta final, a comissão de acolhimento vem trabalhando incansavelmente para receber a todos. Em Acontece na cidade, não poderíamos deixar de fora a 35ª Bienal de São Paulo, o maior evento de arte contemporânea das Américas e que este ano traz o tema Coreografias do impossível. Imperdível! Além disso, vocês encontrarão as opções de restaurantes próximos ao local do evento das XII Jornadas para irem se programando.
A Livraria no ar sairá do on-line diretamente para nossas mãos e com vários títulos do Campo freudiano. Não deixem de conferir o espaço montado durante o evento e fiquem atentos aos horários de atendimento no local. Contaremos também com a parceria da Livraria da Tarde com títulos para além do campo psicanalítico.
Por fim, esse último boletim traz o tão aguardado Programa das XII Jornadas. Além da conferência de abertura do nosso convidado, Gustavo Stiglitz (AME da EOL/AMP), teremos a oportunidade de escutar e discutir como o riso incide na clínica, no conceito e na política da psicanálise, juntamente com os vários colegas que colocarão sua prática a céu aberto nas plenárias e nas salas simultâneas.
Desde o lançamento do tema de trabalho no início deste ano de 2023, apostamos que com a saída do período grave da pandemia e com as perspectivas de manutenção da democracia em nosso país, precisávamos convocar o riso, seja como momento para concluir ou para inaugurar um novo tempo para compreender, menos angustiante. Mas o real insiste, e o mal-estar no mundo não deixa de bater à nossa porta. Não temos outra escolha, o futuro da psicanálise ali depende, mas podemos sempre escolher a via do Gaio saber.
Aguardamos a todos! Desejo excelentes Jornadas!
Imagem: Aquarius (Kleber Mendonça Filho, 2016. Diretores de fotografia: Pedro Sotero e Fabricio Tadeu). Fonte:https://www.revistas.usp.br/significacao/article/view/180967