Fátima Luzia[ii] O que os homens desejam? Freud necessitava de uma teoria que pudesse dar…
“Só o amor permite ao gozo condescender ao desejo”[i]
Jovita Carneiro de Lima
“O amor me pegou
E eu não descanso enquanto não pegar
Aquela criatura” [ii]
O gozo é do corpo próprio, o desejo é do sujeito, efeito da articulação significante tributária da submissão à linguagem. Entre eles, o amor como ponte, como o que faz laço, como o que “pega”.
O gozo não descansa, tem a mesma batida sempre, é autoerótico, é atributo do corpo vivo. No entanto, a partir da ação da linguagem sobre o corpo, da entrada no campo do Outro, perde-se o acesso direto ao gozo. Ser falante implica em necessitar do amor para alcançar o gozo. Inversamente, enquanto localizado no corpo, o gozo deverá passar pelo amor para encontrar o desejo ou, como diz Lacan “propor-me como desejante, eron,é propor-me como falta de a e é por essa via que abro a porta para o gozo do meu ser”[iii].
No ensino de Lacan o Seminário 10 é, digamos o ponto alto do objeto a senão vejamos: é o que anuncia a presença da angústia, afeto que não engana e sinal do real; é resto que cai do corpo e deixa bordas pulsantes; é marca singular de gozo e é segundo Lacan, o que dá acesso ao Outro.
Então, como é que o amor entra nessa história? Como engano, diz Lacan, como véu, cuja fórmula escreveu i(a). É a imagem, por onde o corpo é apreendido em sua forma, que vem esconder o estatuto de resto, de dejeto do objeto mais-de-gozar, tornando-o brilhante e belo, amável, para além da criatura que se procura na pista escura, sempre extraordinária, para quem nela vê um traço do seu gozo singular.