Aparecida Berlitz [ii] Freud inicia o texto diferenciando a forma de dizer sobre o amor…
Os instintos e seus destinos.[i]
Fátima Luzia[ii]
O que os homens desejam?
Freud necessitava de uma teoria que pudesse dar conta do que pulsa no homem – o desejo de satisfação. Em 1915 escreve o texto “Teoria das pulsões e seus destinos”.
Ele localiza a pulsão entre o somático e o psíquico, diz que tem força constante, estabelece que ela funciona num circuito pulsional, e é nele que localiza a satisfação.
Poético e ao mesmo tempo preciso, Freud considera a pulsão como “representante psíquico dos estímulos oriundos do interior do corpo que alcançam a alma”[iii], e diz que elas têm destinos diferentes para alcançar a satisfação, sempre faltante. Buscam para isso um objeto, que é o mais variável da pulsão: tanto pode ser uma parte do corpo, como um objeto do mundo.
Mas o que tem a ver a pulsão com o amor e o des-amor?
Freud nos relata que um dos destinos da pulsão é a transformação em seu contrário. Que pode ser encontrada na transformação do amar em odiar, sendo comum encontrar ambos dirigidos para o mesmo objeto.
E continua nos situando sobre os afetos, onde o amor e o ódio têm origens diferentes e tiveram uma evolução própria, antes de se tornarem um par de opostos, na relação prazer-desprazer.
O amor para Freud é originalmente narcísico, sendo que em seus estágios preliminares do incorporar é sádico-anal e mal se distingue do ódio, em sua relação com o objeto.
“Enquanto relação com o objeto, o ódio é mais antigo que o amor, ele brota do repúdio primordial do Eu narcísico perante o mundo externo portador de estímulos”.[iv]
Quando se rompe a relação de amor com um determinado objeto, não é raro o ódio tomar o seu lugar, ele é fortalecido pela regressão do amor ao estágio sádico preliminar, onde o “odiar assume um caráter erótico e a continuidade de uma relação amorosa é garantida”.[v]
Esses objetos, diz Freud, têm uma intima relação com a vida sexual, mas recusa a conceber o amor como uma pulsão parcial. “As designações de amor e ódio não se aplicam às relações das pulsões com seus objetos, mas estão reservadas à relação do Eu-total com os objetos”.[vi]