#06 - OUTURBRO 2023
Futuro da Psicanálise: R.I.S.o?
O que Sobra (1974), Anna Maria Maiolino
Fonte: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63224/o-que-sobra
Carlos Ferraz Batista
Participante da Comissão de Referências Bibliográficas
No texto de Miller, Clínica Irônica[1], há uma descrição do esquizofrênico, que proporciona informações vitais para pensarmos a psicanálise por vários âmbitos.
Neste verbete, em meio ao R.I.S.o e a ironia, gostaríamos de propor uma articulação do Real com a política da psicanálise.
Para ilustrar nossa proposta, retomaremos o texto supracitado de Miller: o esquizofrênico é aquele que “se especifica por não ser apreendido em nenhum discurso, não se defende do real pelo simbólico, porque para ele o simbólico é o real, contexto que se refere à ironia, não ao humor”[2].
No argumento[3] das Jornadas EBP-SP, Rômulo aproxima a ironia com a tática, constituindo-se em recurso efetivo para a prática clínica por meio da interpretação. Em sua estratégia, o praticante poderá fazer uso da ironia como tática. Aqui já está lançado um desafio aos praticantes!
Retomando nossa proposição, apesar dos ataques que a psicanálise recebe, um fato inquestionável é que há opacidade no sintoma. Um inatingível e inapreensível. Segundo Lacan: “O sentido do sintoma é o real, na medida que ele se põe de través para impedir que as coisas caminhem”[4]. Contexto que questiona a cultura, a qual visa a completude e plenitude.
Apesar das tentativas frustradas de assassinato da psicanálise, ela resiste! Sua permanência na cultura se deve ao Real.
Se Lacan salvou a psicanálise, em sua releitura e acréscimos importantes, a Escola está na linha de frente na batalha travada pela psicanálise.
A defesa da psicanálise perpassa pelo Real. Paradoxalmente, sem o fracasso, a psicanálise se encaminhará para o ostracismo.
Destarte, se Rômulo primorosamente aliou ironia com interpretação, que tática poderemos utilizar, na defesa da psicanálise, nos meandros da ironia e do R.I.S.o? Que nossas Jornadas possam alicerçar o futuro da psicanálise, servindo-se do R.I.S.o!