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Futuro da Psicanálise: R.I.S.o?

O que Sobra (1974), Anna Maria Maiolino
Fonte: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra63224/o-que-sobra

Carlos Ferraz Batista
Participante da Comissão de Referências Bibliográficas

No texto de Miller, Clínica Irônica[1], há uma descrição do esquizofrênico, que proporciona informações vitais para pensarmos a psicanálise por vários âmbitos.

Neste verbete, em meio ao R.I.S.o e a ironia, gostaríamos de propor uma articulação do Real com a política da psicanálise.

Para ilustrar nossa proposta, retomaremos o texto supracitado de Miller: o esquizofrênico é aquele que “se especifica  por não ser apreendido em nenhum discurso, não se defende do real pelo simbólico, porque para ele o simbólico é o real, contexto que se refere à ironia, não ao humor”[2].

No argumento[3] das Jornadas EBP-SP, Rômulo aproxima a ironia com a tática, constituindo-se em recurso efetivo para a prática clínica por meio da interpretação. Em sua estratégia, o praticante poderá fazer uso da ironia como tática. Aqui já está lançado um desafio aos praticantes!

Retomando nossa proposição, apesar dos ataques que a psicanálise recebe, um fato inquestionável é que há opacidade no sintoma. Um inatingível e inapreensível. Segundo Lacan: “O sentido do sintoma é o real, na medida que ele se põe de través para impedir que as coisas caminhem”[4]. Contexto que questiona a cultura, a qual visa a completude e plenitude.

Apesar das tentativas frustradas de assassinato da psicanálise, ela resiste! Sua permanência na cultura se deve ao Real.

Se Lacan salvou a psicanálise, em sua releitura e acréscimos importantes, a Escola está na linha de frente na batalha travada pela psicanálise.

A defesa da psicanálise perpassa pelo Real. Paradoxalmente, sem o fracasso, a psicanálise se encaminhará para o ostracismo.

Destarte, se Rômulo primorosamente aliou ironia com interpretação, que tática poderemos utilizar, na defesa da psicanálise, nos meandros da ironia e do R.I.S.o? Que nossas Jornadas possam alicerçar o futuro da psicanálise, servindo-se do R.I.S.o!


[1] MILLER, J.-A. “Clínica Irônica”. In: Matemas I. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.
[2] Ibid, p. 190.
[3] SILVA, R. F. “Argumento das XII Jornadas da EBP Seção São Paulo”. Disponível em: https://ebp.org.br/sp/jornadas/xii-jornadas-r-i-s-o/xii-jornadas-r-i-s-o-argumento/ Acesso em: 18/05/2023.
[4] LACAN, J. A terceira. Rio de Janeiro: ZAHAR, 2022, p. 27.
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