Kátia Ribeiro Nadeau - Associada da CLIPP “Minha alma tem o peso da luz. Tem o…
Editorial #Cupid #07
Por Milena Vicari Crastelo
Estamos a poucos dias de nossas VIII Jornadas da EBP-SP- Amor e sexo em tempos de (des)conexões e é com grande satisfação que apresento a vocês nosso último #CUPID!
Ao longo desses meses, nós nos debruçamos sobre esse tema em atividades preparatórias, cartéis, leituras solitárias, escrita endereçada às mesas simultâneas e escrita endereçada ao Boletim, onde vocês puderam encontrar com textos, entrevistas, poesias, resenhas – uma escrita causada.
Fernanda Otoni, em nossa primeira atividade preparatória e que vocês puderam ler em nosso segundo Boletim, nos disse: ” A lógica do encontro se articula, indiscutivelmente, com as conexões e desconexões, com o que não existe e o que insiste, com os fios que tecem um laço e o furo que desse laço participa. O binário Amor e Sexo interroga essa costura. Nem sempre amor e sexo andam juntos, aliás reunir esses dois em um instante é raro! O que verificamos, não raro, é a experiência de amar desconectada do sexo e a experiência do sexo sem amor. Mesmo quando se ama e se faz sexo com o parceiro, a disjunção está lá.” E nos colocou a questão: ” É possível o encontro entre amor e sexo?”
Nessa fase preparatória vocês puderam ler em nossos Boletins as contribuições de nossos colegas que revelam mais uma vez o desejo decidido pela psicanálise. Agora os convido para mais uma leitura do nosso #CUPID, a última antes do nosso grand finale!
Na rubrica #Orientação, Heloisa Telles em seu texto De que conexão se trata? pinça o significante (des)conexão: “Introduzido no título para levar a um debate do tema em consonância com a “subjetividade da época”, tal como proposto no argumento das jornadas, este significante porta em si mesmo uma problemática que alude tanto a questões de estrutura, tal como a psicanálise nos ensina, como às transformações que supomos existir nos modos de se estar no mundo e com os outros.”
Em Relações abertas – odisseias contemporâneas Patricia Badari aponta para a multiplicidade das relações ou não relações amorosas e retomará alguns destes formatos de relações para formular uma questão, centrando-se, neste texto, em suas observações “entre alguns casais héteros e neuróticos ao abrirem suas relações”, tocando em um ponto que nomeou de “sujeito-mulher” nestes casais.
Em #Amor e Sexo Lucila Darrigo em seu texto Fazer laço, fazer par constata que não se faz mais casal como antigamente e se pergunta “O que mudou? O que mudou na civilização contemporânea que afetou os diferentes semblantes de casal de outrora? Semblantes, claro, porque, em tempo algum, um casal de seres falantes se formou regido por leis naturais de encontro entre os sexos”.
Marcelo Augusto Fabri de Carvalho em #Conversa.com entrevista Flávio Ricardo Vassoler que discorre sobre a relação entre o erotismo/morte e o amor/laço social; ele nos alerta para o fato de o Brasil ser o país que mais mata transexuais no mundo, sendo que também lidera o ranking de buscas por pornografia transexual. Fala também sobre os efeitos do empuxo ao gozo e do discurso capitalista nos seres humanos na contemporaneidade.
Em # A Psicanálise e o Contemporâneo, Teresinha Prado traz à cena as bonecas de silicone em tamanho humano, as Dolls, que dá título ao seu texto. E segundo ela “As Dolls servem como objetos de acesso ao gozo autoerótico, marcado pela recusa a localizar, no corpo de uma mulher, o objeto a. Deste modo, nega-se a castração, gozando-se apenas do objeto da fantasia e recusando o Outro, de modo père-verso (père-vers). E aqueles que reivindicam, a partir de tais objetos, condições humanas, tomam-nos do mesmo ponto em que a verossimilhança captura, por sua perfeição que nega a falta, a castração, o Outro”.
Felipe Bier em seu texto Do desejo que resta profanar coloca uma questão muito instigante em relação ao desejo quando se pergunta se “o mal-estar não teria causa no fato de que, como as pornstars, o contemporâneo oferece uma experiência que não esconde nada, e portanto torna impossível o desejo?”
Nossa colega Clara Holguin, da NEL, fecha essa sequência de nosso Boletim, com seu texto A mãe, uma figura que não se adéqua aos paraísos fálicos. Ela nos faz pensar como seria possível articular “A queda do falocentrismo” e “Que mães hoje”, e abre uma nova frente de investigação para nós psicanalistas, nos convocando a continuar o trabalho rumo ao Encontro Brasileiro!
Ainda no # Match, o acolhimento apresenta um tour por Sampa, “da imperdível e contemporânea Bienal de S. Paulo, passando pelo mestre do renascimento, Rafael, dando um pulinho para ver obras da Tate London, passando pela arquitetura e por um dos signos da ditadura, o AI-5″.
Desejo a todos uma boa leitura e até breve!!!