Por Niraldo de Oliveira Santos EBP/AMP “Alguns sendo singulares, se ajuntam, e podem ser colocados…
Editorial Boletim Traços #01
Por Lucila Darrigo – EBP/AMP
Coordenadora Geral das IX Jornadas da EBP/SP
É com muito entusiasmo que lançamos o primeiro boletim das IX Jornadas da EBP-SP!
O tema de uma Jornada é consequência, de uma maneira ou de outra, daquela que a precedeu. Neste caso, parece bem evidente: das parcerias à solidão.
Em psicanálise, quando procuramos pela solidão nos deparamos com o laço e quando procuramos pelo laço, lá está a solidão. Mesmo assim, essa escolha é uma consequência e não o avesso do mesmo. Isso porque de onde partimos faz toda a diferença!
Solidão, no singular
Um significante que circula na cultura e que quando tomado como um sentimento, é imediatamente reconhecido pelo outro: “Me sinto só.”
Recolhemos na clínica várias versões da queixa de solidão: o perdido, o isolado, o esquecido, a exceção, o destaque, o preterido, o deslocado, o desamparado, o sem lugar, o único, o sozinho… aquele que está sem ninguém, sem parceiro, sem família, sem amor, sem. E por aí vamos…
Mas, quando alguém se queixa ao analista de sua solidão, sabemos que não devemos acreditar completamente nisso pois esse alguém está, na verdade, confrontado com o insuportável de seu verdadeiro parceiro[1]. Parceiro que pode, inclusive, ser a própria solidão…
Se definirmos a experiência analítica como a experiência mais verdadeira de “estar a sós com”[2] e, considerando que “estar a sós” é muito diferente de “sentir-se só”, qual a especificidade da solidão numa análise?
Da dimensão estrutural da solidão no sujeito à solidão do Um, interessa-nos pesquisar por quais meandros esse conceito perpassa a psicanálise e de que maneira pode ser um orientador na escuta clínica.
Traço de solidão
No seminário 20, Lacan vai nos falar da solidão que se escreve.
Se a relação não pode se escrever e, por isso, o saber e o ser decorrente dele podem se romper, a solidão, esta sim pode ser escrita: “Essa solidão, (..) de ruptura do saber, não somente ela se pode escrever, mas ela é mesmo o que se escreve por excelência, pois ela é o que, de uma ruptura do ser, deixa traço.”[3]
Traço.
Traços, no plural, dará nome ao nosso boletim. Por que no plural? Porque queremos vários traços, de cada um de vocês, daqueles que se interessarem em escrever algo sobre a solidão para compor o boletim e ir construindo esse trabalho nos próximos meses.
E, na mesma direção, que possamos produzir textos para nossas mesas simultâneas que prometem juntar, em interlocuções, o que da solidão puder ser escrito por cada um!
Neste primeiro “Traços” vocês encontrarão todas as informações práticas para participarem das Jornadas.
Além disso, encontrarão orientadores para colocarem mãos à obra: argumento, perspectivas do tema, entrevista com Marie-Hélène Brousse, nossa convidada, e uma nota de orientação para formação de cartéis para tratar do tema das Jornadas.
Tudo isso posto, só me resta desejar:
Bom trabalho para todos nós!