Boletim Fora da Série das Jornadas da Seção SP - Número 05 - Novembro de…
Comentário sobre “O futuro de uma ilusão”. In: Obras completas de Sigmund Freud, vol. XXI. Rio de Janeiro: Editora Imago, p. 13-63
Ilusões e subversão
Marcella Pereira de Oliveira (Associada ao CLIN-a)
O tema da ilusão me remeteu à canção de Marisa Monte: “Uma vez, eu tive uma ilusão e não soube o que fazer, não soube o que fazer… com ela, não soube o que fazer. E ela se foi, porque eu a deixei, porque eu a deixei? Eu só sei que ela se foi…” A ilusão foi embora, sem que ela percebesse.
Sobre ilusão e subversão, é possível pensar na primeira como um motor a um ato, para que este possa sair do âmbito de automatismo e ganhar um efeito subversivo. No âmbito das estruturas de grupo, as ilusões permitem atos criativos cujo efeito subversivo podem ser criações de novos discursos, os quais conduzem a estruturações culturais. Penso que toda criação comporta um ato subversivo.
Freud fala das ilusões como um recurso psíquico presente em formas diversas de estruturações culturais para suportar o que Lacan chama de real. É possível concluir que a religião, a política, os laços amorosos e a ciência partiram de ilusões e tornaram-se criações culturais, com efeitos estruturais, cuja dimensão simbólica lhes circunscreve e não permite que o brilho da ilusão lhes escape. Enquanto discursos, permitem subversões: são formas de resposta à castração imposta pela não existência da relação sexual.