BOLETIM ELETRÔNICO DAS XI Jornadas da EBP - Seção São Paulo Local das Jornadas: Meliá…
Boletim Inter-dito #04

BOLETIM ELETRÔNICO DAS XI Jornadas da EBP – Seção São Paulo
Local das Jornadas: Meliá Paulista – Av. Paulista, 2181, São Paulo/SP
Nº 4
Setembro de 2022
EDITORIAL
Por Milena Vicari Crastelo
Membro da EBP e da AMP
No primeiro parágrafo de Televisão Lacan diz: “– Sempre digo a verdade: não toda, porque dizê-la toda não se consegue. Dizê-la toda é impossível, materialmente: faltam palavras. É por esse impossível, inclusive, que a verdade tem a ver com o real”. Alguns anos antes, no Seminário 17 O avesso da psicanálise, Lacan nos ensinou que a verdade é irmã do gozo e impotente frente a ele.
O nosso quarto Boletim Inter-dito, traz contribuições que colocam luz a estas palavras de Lacan.
VARIDADES
PONTUAÇÕES LACANIANAS SOBRE Ⱥ VERDADE DE DESCARTES
Por Mirmila Musse
Membro da EBP e da AMP
Lacan recorre ao cogito cartesiano em diferentes momentos de seu ensino para construir a noção de sujeito em psicanálise. Longe de fazer declinação teórica ou cronológica, sirvo-me de alguns diálogos entre ele e Descartes para pontuar questões sobre o tema da verdade.
Já em Freud, o sujeito não é considerado “dono de sua morada”, pois o inconsciente perturba a clareza dos pensamentos. Com Lacan é evidente o esforço para distinguir o sujeito da psicanálise daquele da psicologia dita humanista, que determina o “ser do sujeito”…
“COM A VERDADE, NÃO HÁ RELAÇÃO AMOROSA POSSÍVEL” –
SOBRE A POSIÇÃO DO ANALISTA
Por Heloisa Prado R. da Silva Telles
Membro da EBP e da AMP
Em “Radiofonia” (1970), Lacan retoma a fórmula do sujeito suposto saber, lançada anos antes, com o intuito de marcar um aspecto que, ao seu ver e surpreendentemente, passara desapercebido: este saber suposto, suposto como também é “esse sujeito”, seria suposto saber a verdade? Rapidamente, adverte ao que isto poderia levar. E concluímos que levaria ao pior, uma vez que pensar nisto “arriscaria matar a transferência”. Lacan referia-se ao analista. E se é inconcebível pensar que o “psicanalista seja casado com a verdade”, qual sua relação com ela desde o lugar que ocupa?
CONSIDERAÇÕES SOBRE O SINTOMA E A ANGÚSTIA NA EXPERIÊNCIA ANALÍTICA
Por Carmen Silvia Cervelatti
Membro da EBP e da AMP
Freud notou o paradoxo do sintoma; por mais que ele fosse interpretado algo dele persistia, razão inclusive da reação terapêutica negativa ou da pulsão de morte, porque algo não se dobra ao tratamento pela palavra. Esse osso da análise acompanhou suas elaborações, chegando inclusive a postular em 1937, em “Análise terminável e interminável”, que há um resto intransponível nas análises, por mais que se tenha conseguido o esclarecimento da neurose infantil – são os restos sintomáticos. Miller observa que, com esses restos, Freud esbarrou…
ATIVIDADES PREPARATÓRIAS
INTERVENÇÃO SOBRE O VETOR: “DA PROSOPOPEIA DA VERDADE À VERDADE QUE TOCA O REAL”
Por Maria Josefina Sota Fuentes
Membro da EBP e da AMP
Para comentar o terceiro vetor, vou começar pela segunda parte, “a verdade que toca o real”, evocando duas citações de Lacan.
A primeira está no Seminário 23, onde ele define o verdadeiro da seguinte forma: “O verdadeiro é dizer conforme a realidade. A realidade, nesse caso, é o que funciona verdadeiramente. Mas o que funciona verdadeiramente não tem nada a ver com o que designo como real”.
INTERVENÇÃO SOBRE O VETOR: “O PARENTESCO DA VERDADE COM O GOZO”
Por Sandra Arruda Grostein
AME, membro da EBP e da AMP
Vou buscar neste texto breve, através de quatro textos, articular os conceitos que dão suporte ao título. São eles: As estruturas elementares do parentesco, de Claude Lévi-Strauss; a quarta lição do Seminário 17 – Verdade, irmã do Gozo; Radiofonia, ambos de Jacques Lacan, e, finalmente, a sétima lição do Curso de Jaques Alain Miller, publicada no livro Perspectivas dos Escritos e dos Outros Escritos.
Começo com Lévi-Strauss para recuperar algo relativo ao parentesco, no que podemos nos basear para estabelecer um tipo específico de relação entre a verdade e o gozo.
RESSONÂNCIAS DOS EIXOS TEMÁTICOS
A FALA PLENA NÃO EXISTE
Por Élida Biasoli
Associada ao CLIN-a
Eixo 2: Transferência: paradoxos entre saber, amor e gozo
Miller, em seu curso Os paradoxos da pulsão, explora o que ele chama “a mola da invenção conceitual de Lacan”, que é traduzir a pulsão freudiana na ordem da linguagem. Seguindo o fio de seu raciocínio, ele coloca dois pontos dessa investigação. Ponto 1: é o ponto de partida em uma análise em que o que se visa é um dizer verdadeiro, e para que ele advenha, é preciso liberar a verdade do sintoma. Nesse ponto há uma desvalorização do gozo. Ponto 2: aqui goza…
A MENTIRA VERÍDICA, O EU IDEAL E A INTERPRETAÇÃO
Por Cristiana Chacon Gallo
Membro da EBP e da AMP
Partindo do Eixo 3 de nossas Jornadas, gostaria de explorar o “ponto desde o qual uma verdade se produz”, tal como apresentado por Lacan no Seminário 11, ao abordar o seu esquema ótico.
Este esquema torna claro – […] – que ali onde o sujeito se vê, isto é, onde se forja essa imagem real e invertida de seu próprio corpo que é dado no esquema do eu, não é lá de onde ele se olha….
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VERBETE EPISTÊMICO:
Para além dos embrulhos da verdade, o real.
“É preciso esquecer que, precisamente, onde isso fala isso mente, e depois não se encontra mais. Daí a propriedade que Lacan em seu avesso confere ao verdadeiro, a saber: o verdadeiro se embrulha. Disso decorre a tese: o real se encontra nas embrulhadas do verdadeiro. Na análise, isso faz o real depender do esforço para dizer o verdadeiro, ou seja, embrulhar-se nele. Essa tese é a justificativa da análise.” (MILLER, J.-A. Perspectivas do Seminário 23 de Lacan. O Sinthoma. Rio de Janeiro: Zahar, 2010, p. 114)
ACONTECE NA CIDADE
Comissão de acolhimento
Maria Veridiana Sampaio Paes de Barros
Associada ao CLIN-a
Marilice Dos Santos Guerra
Associada ao CLIN-a
Em plena Avenida Paulista, coração da cidade de São Paulo, situa-se o Itaú Cultural, voltado ao incentivo de manifestações artístico-intelectuais. Está em cartaz, até o dia 01 de outubro de 2022 a exposição “Bispo do Rosário – Eu vim: Aparição, impregnação e impacto”.
Sim, somos impactados por uma mostra de 404 peças da vasta obra deste artista, que em 22 de dezembro de 1938, teve uma visão: Sete anjos anunciaram sua missão. Era Jesus, aquele que viera ao mundo para julgar os vivos e os mortos.

