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Algumas Palavras – O novo amor como resposta ao mal-estar contemporâneo. Uma resenha de “Los decires del amor”, de Oscar Zack.

Instalação: Chiharu Shiota; Foto: Instagram @thats.ok.i.suppose

O capítulo “Los decires del amor” [1] faz parte do livro de mesmo nome de Oscar Zack. Trata-se de uma coletânea de publicações e de aulas ministradas por ele em seminário realizado na EOL[2], em 2010/2011. Para nomeação, o autor partiu da frase de Lacan: “(…) É surpreendente que esse sentido se reduza ao não-sentido: ao não-sentido da relação sexual que é patente desde sempre nos ditos[3] amorosos”[4].

Inicialmente o autor debate as questões contemporâneas concernentes à temática. Para tanto, parte do questionamento do porquê os analistas permanecem interessados no amor – e responde afirmando que isso advém da sua dimensão de qualidade, que pode vir a fazer frente à tentativa de sua redução à bioquímica pela via das neurociências, à fragilidade dos laços e ao gozo desenfreado da contemporaneidade.

É da sua posição êxtima que o analista propõe uma resposta. Deste modo o fundamento é o novo amor, cuja referência é o seu direcionamento ao suposto saber e a sua resposta via ato e interpretação. Assim, se toda demanda é demanda de amor, a resposta pela via do discurso analítico é, ao não atendê-la, levar à queda dos S1s e a saída do gozo da repetição, de onde pode advir uma outra posição subjetiva.

O novo amor, portanto, de acordo com Zack: “De este nuevo amor participa un sujeto que ha obtenido un saber, que no es um saber menor. Será un sujeto que sabrá en acto que todo amor viene al lugar de ocupar la función de ser una suplência al ‘no hay relación sexual’ ”[5]. Desta forma há uma nova articulação entre o amor e o desejo, que vai do novo amor aos novos laços amorosos.

Antonio Alberto Peixoto de Almeida

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
[1]Zack O. (2012) Los decires del amor. Buenos Aires, Grama Ediciones.
[2] Escuela de la Orientación Lacaniana. Escola que integra a Associação Mundial de Psicanálise em conjunto com a Escola Brasileira de Psicanálise e outras ao redor do mundo.
[3] Entende-se que “dito” em português corresponde ao “decir/dizer” em espanhol, mas se trata de uma diferença importante já que, como coloca o autor na página 29, “dicho”, que corresponderia ao “dito”, tem um sentido oposto que corresponde ao “dizer” em português.
[4] LACAN, J. (2003) Televisão In. Outros Escritos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, p 512.
[5] Zack O. (2012). Op. Cit., p. 28.
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