Boletim Fora da Série das Jornadas da Seção SP - Número 05 - Novembro de…
EDITORIAL – Boletim Fora da Série #01
Por Daniela de Camargo Barros Affonso – Coordenadora Geral das Jornadas (Fora da Série) Subversões
Da perplexidade e do imobilismo sobreveio um trabalho coletivo. Esta foi a resposta que a comunidade da EBP São Paulo pôde dar aos efeitos da catástrofe sanitária a que todos foram submetidos. Um trabalho coletivo que remete à transferência de trabalho. Coletivo, sem dúvida, mas o aspecto libidinal esteve sempre presente, apontando para a relação com o sintoma de cada um. Não poderia resultar em outra coisa que não o entusiasmo, o prazer de fazer.
Fundamental foi a condução da Diretora Geral da Seção São Paulo, Valéria Ferranti, que desde o início soube dar lugar às singularidades, proporcionando um ambiente que talvez possamos definir como verdadeiramente democrático.
Este é o Boletim “Fora da Série” que dá o pontapé inicial às Jornadas da Seção São Paulo 2020. Inicialmente pensada para fazer série com as nove Jornadas até então realizadas, esta – que seria a décima da série – veio para descompletar, fazer furo, promover o embaraço; veio para transgredir, para subverter. Pois não é disso exatamente que se trata? As Jornadas Subversões trazem em seu próprio funcionamento aquilo que pretende colocar no centro do debate: a possibilidade de “revigorar o caráter perturbador da descoberta freudiana do inconsciente”, como diz Valéria em sua apresentação.
Este Boletim traz também as provocações dos integrantes da Comissão de Orientação, coordenada com ternura – mas não sem o rigor necessário – por Paola Salinas, que em seu texto afirma que “ser herege da boa maneira, parece se aproximar da noção da perspectiva do ‘Inconsciente é a política’ ao falasser; implica ir além do Édipo e leva ao questionamento analítico da relação do sujeito com o discurso ao limite”.
Niraldo de Oliveira Santos retrata a diferença entre revolução e subversão, lembrando que a psicanálise não se presta a fazer uma revolução no âmbito do coletivo, e indaga: “como o tratamento do gozo, no um a um, pode contribuir com o convívio em sociedade e reduzir o mal-estar na cultura?”. De que subversão se trata na psicanálise?
Em minha provocação, lembro da importância da arte na civilização e do lugar primordial que tem ocupado nestes tempos de pandemia, e me pergunto: qual a arte da psicanálise? Tratar-se-ia de fazer nada: “O nada, que cabe ao analista fazer, significa passar ao largo das exigências do capitalismo, não sucumbir às suas asceses do desempenho que mascaram a divisão do sujeito, obscurecendo a singularidade. O ‘fazer nada’ é recolher os dejetos e neles localizar restos fecundos”.
Os textos ora reunidos têm o objetivo de oferecer subsídios para todos que desejarem enviar trabalhos para as mesas simultâneas. Aqui, o leitor encontrará também as “versões do tema”, aguilhões para os futuros autores.
Nesta edição do Boletim constam todas as informações sobre as Jornadas (Fora da Série) Subversões: como se inscrever, a programação completa, o convite para compor cartéis, referências bibliográficas. Esperamos conseguir contagiar todos com o mesmo entusiasmo pelo qual fomos contagiados na organização destas Jornadas.
Faço um agradecimento muito especial aos coordenadores das Comissões e a todos seus integrantes, que se propuseram a participar dessa aventura, cuja marca tem sido a criatividade, a invenção, as subversões.
Bom trabalho a todos!