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Um breve relato de um texto de Freud¹
Cássia Maria R. Guardado (EBP/AMP)
Freud começa o texto fazendo uma comparação entre a forma como os poetas e a ciência tratam a questão da vida erótica humana. Diz que os poetas percebem os movimentos subjetivos dos demais, como também deixam falar seu próprio inconsciente. Mas, como estão implicados em provocar prazer estético e intelectual, não apresentam a realidade tal como é, isolando alguns fragmentos, excluindo elementos indesejáveis e introduzindo outros, que completam o conjunto, suavizando a aspereza do mesmo. Já a ciência maneja os mesmos elementos com mão mais dura e menos produção de prazer.
Freud passa então a descrever “um tipo especial de escolha masculina do objeto amoroso”, em função de uma série de “condições eróticas” aí implicadas. É o que se conhece como “o amor à mãe ou à prostituta”. É importante notar que é nesse texto que Freud usa, pela primeira vez, o termo “Complexo de Édipo”, o que não é por acaso, uma vez que a primeira das condições eróticas descrita é a de que “exista uma terceira pessoa prejudicada”, ou seja, a mulher, que exerce atração para um homem é, nesse caso, aquela que já tem relações amorosas com outro homem, o que constitui então um prejuízo para o terceiro.
A segunda condição é que a mulher que exerce atração para esse tipo de homem é aquela cuja pureza e fidelidade são postas em dúvida, ou seja, as sexualmente suspeitas, e não as castas e inatacáveis.
O terceiro tipo é aquele que, paradoxalmente, se empenha muito na relação amorosa com mulheres com conduta sexual duvidosa, porém esse empenho, diz Freud, não significa que essa relação preencha a vida de tal sujeito, sendo a única. Ao contrário, essas relações se repetem, constituindo muitas vezes longas séries de relacionamento para o homem desse tipo, do qual Freud sublinha o caráter obsessivo.
O quarto tipo é o que se destaca pela tentativa de salvar a mulher escolhida: considera-se necessário e imprescindível para ela; sem ele, ela perderia toda a moral e cairiaa um nível deplorável. “[ele] A salva pois, não a abandonando, custe o que custar” (…) “conservando suas amantes no caminho da virtude”, diz Freud.
Para Freud, “esses tipos de escolha de objeto, tão singularmente determinadas, e sua estranha conduta amorosa, têm a mesma origem psíquica que a vida erótica do indivíduo normal. Derivam da fixação infantil do carinho à pessoa da mãe e constituem um dos desenlaces de tal fixação.” Com a diferença de que a vida erótica normal denota muito poucos traços dessa fixação na escolha posterior de objeto, tendo a libido do sujeito já se desligado relativamente rápido da mãe. No tipo de escolha em questão nesse texto, a libido continua ainda ligada à mãe depois da puberdade, e ainda por muito tempo, de tal forma que os caracteres maternos permanecem impressos nos objetos eróticos escolhidos depois.
Essas características determinam as diferentes formas de escolha de objeto no homem, tecendo inclusive relações entre tais formas.
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1. FREUD, S. “Um tipo especial de escolha de objeto feita pelos homens (Contribuições à psicologia do amor I)”. In: Edição Standard. Imago, São Paulo. Vol. XI. Síntese da apresentação de Cássia M. R. Guardado, em “Leituras na Biblioteca: Freud e o amor”, em 10 de maio de 2018, na EBP-Seção SP.