Boletim Fora da Série das Jornadas da Seção SP - Número 05 - Novembro de…
Subversão do sujeito[1]
Maria de Lourdes Mattos (EBP/AMP)
Nesse texto, Lacan se propõe a apresentar o que foi a subversão implementada por Freud. A discussão com a ciência e a filosofia, sempre incluída em seu ensino, ao mesmo tempo que fundamenta, marca a distância entre a psicanálise e as duas áreas, na relação do sujeito com o saber.
Na ciência moderna o sujeito não aparece, é excluído, enquanto que na filosofia de Hegel, o sujeito da consciência, detém um “saber absoluto”. As duas abordagens não levam em conta a “ambiguidade” dessa relação, um “ponto de ignorância”, um “não saber”.
A subversão freudiana inaugura uma nova relação do saber com a verdade, possível a partir da articulação entre teoria e prática. O sujeito dividido e evanescente, sempre presente numa ausência, pensa onde não é e é onde não pensa. A estrutura de linguagem, inseparável do significante, se repete em cadeia, trazendo em si a marca de uma incerteza [2] que também acomete o sujeito, à medida que é representado no intervalo entre um significante e outro.
A incerteza, decorrente da própria estrutura daquele que fala mais do que sabe, abrigando algo que lhe é estranho, advindo do campo do Outro, é uma orientação “certeira”. [3]
O sujeito do desejo não se move pelos ideais e, nesse sentido, pode indicar alguma luz no final do túnel, nestes tempos tão obscuros!