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Resenha do artigo de Bernard Seynhaeve “A adolescência no século do objeto”
Adolescentes, esses inventores de línguas
Resenha do artigo de Bernard Seynhaeve “A adolescência no século do objeto”. Original disponível (em francês) no site: http://pontfreudien.org/content/bernard-seynhaeve-ladolescence-au-sciecle-de-l%CA%BCobjet
Freud e Lacan nunca usaram o termo “adolescência” como conceito psicanalítico. A tese que eles defendem é a de que “a fragilidade subjetiva” encontrada nesse período da vida dos humanos não tem uma causa biológica. Mesmo que essa fase apresente uma mudança hormonal, com o desenvolvimento dos caracteres sexuais, ao que chamamos puberdade, esta não é, entretanto, a “causa do mal-estar da adolescência”, como afirma B. Seynhaeve. Somente os seres falantes, justamente porque falam, vivem a crise da adolescência, ou seja, não têm saber sobre o real.
Para Freud, na adolescência, ocorre uma reedição do trauma da infância, e Lacan, acompanhando o pai da psicanálise, elabora que essa reedição do trauma diz respeito à linguagem, assim como no início da vida, quando o trauma tem relação com a entrada na linguagem.
Até a adolescência, o sujeito, inscrito no seio de sua família, tem no discurso familiar as referências e a língua materna para guiá-lo, sem maiores transtornos. Contudo, na adolescência essa língua não lhe basta mais para lidar com o mundo, com os novos laços sociais, com a relação amorosa. Acrescente-se a isto a invasão de gozo sofrida por ele relativa à sexualidade e ao surgimento de uma nova relação com o desejo. “É sempre um momento delicado. O adolescente inventa suas palavras, inventa todo um repertório, todo um dicionário e uma sintaxe nova que lhe permitam construir um laço social […]”, como diz o autor.
B. Seynhaeve nos ensina, também, como e porque à medida em que o pai empalidece, o objeto brilha. Ele traça um caminho desde o Século das Luzes até os dias de hoje, ressaltando os efeitos do discurso da ciência na vida e na sexualidade dos adolescentes.