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Fragmentos de uma conversa informal com Daniel Roy sobre a Adolescência
1) O supereu e o adolescente
O supereu materno é a medida comum entre duas posições opostas encontradas em jovens adolescentes: a adolescente que engravida aos 12/13 anos e aquela infantilizada, de classe média, estudiosa, cuja diversão principal é a leitura de mangás e em geral está isolada e mantém distância da sexualidade.
Essas jovens que engravidam endereçam seus filhos às próprias mães, realmente, em substituição do lugar paterno simbolicamente ausente, criando assim toda uma linhagem maternal, matriarcal, marcada pela ausência de pai.
Da mesma forma, a adolescente infantilizada se dedica à mãe como o eterno bebê.
Daniel Roy também cita um artigo de Hélène Deutsch sobre a epidemia de gestações de teen-agers nos Estados Unidos nos anos 1960 (“Maternité illégitime”, in Problèmes de l’adolescence. Paris: Payot, 1991). Neste artigo, H. Deutsch se pergunta sobre o que denomina “um fenômeno de massa”. Ela vê como seu “agente provocador” uma outra forma de supereu, uma exigência social de liberdade sexual onde antes havia uma interdição, vindo ao encontro da ligação primitiva com a mãe, que exige uma criança como presente.
2) As defesas dos adolescentes
Trata-se exatamente do que acabamos de dizer sobre a gravidez e sobre a inibição da sexualidade: são defesas daqueles e daquelas que o discurso vigente nomeia como «os adolescentes», elaboradas no momento em que o corpo anatômico e o corpo social impõem ao corpo vivo novas leis que derrubam as adotadas no tempo da infância.
Há novas nomeações a serem encontradas, surpresas a serem produzidas pelo analista, para que o sujeito encontre a língua conveniente para dizer daquilo que fica em suspenso por detrás das defesas que os adolescentes frequentemente opõem à análise e aos analistas, e que assumem formas preocupantes no social. A oferta de um dizer em face das exigências para gozar.
3) A psicanálise não é uma sociologia
Diante dessas manifestações no social, realmente graves e suficientemente fundamentais para que os psicanalistas as enfrentem, é muito importante retornar à clínica sob transferência e não transformar a discussão psicanalítica da adolescência em uma sociologia. Na obra de Lacan, lida na orientação dada por Jacques-Alain Miller, temos recursos de doutrina que nos permitem abordar as “metamorfoses da puberdade” sob novos ângulos: novas alienações/novas separações; formas inéditas da inibição, do sintoma e da angústia devidas à “subida do objeto a ao zênite social”; e, de agora em diante, prioridade dada à dimensão do corpo falante. Eis uma via para a abordagem atual do problema: o que quer dizer esse corpo que fala quando fala a partir desse gozo novo que vem “depois da infância”?