BOLETIM ELETRÔNICO DAS XI Jornadas da EBP - Seção São Paulo Local das Jornadas: Meliá…
Acontece na Cidade
Comissão de acolhimento
A Pinacoteca de São Paulo empresta seu espaço à exposição de Adriana Varejão: Suturas, fissuras, ruínas. Trata-se de uma abordagem panorâmica e inédita da trajetória da artista, com mais de sessenta obras produzidas entre 1985 até 2022.
Os azulejos barrocos são a marca pela qual Adriana Varejão é conhecida mundialmente.
“Uma pele do edifício” como a própria artista define os azulejos que contam sobre a tradição portuguesa que influenciou o Brasil no período colonial.
Entretanto, o material é marcado com talhos, cortes e fissuras, mostrando uma dimensão para além da referência à cultura Portuguesa que nos colonizou. Segundo Jochen Volz, curador da exposição, “além da bidimensionalidade da tela, [ela] usa elementos que rompem a matéria; são frestas, cortes, vazamentos que descortinam uma situação e dão um novo significado”.
A obra de Adriana Varejão, questiona a percepção estética daquilo que poderíamos tratar como corriqueiro, familiar e comum referente à contação de história da colonização. Os trabalhos propõem o rompimento do espaço já institucionalizado de produção de sentido escancarando a materialidade do corpo com referência à carne e vísceras expostas.
Em contraponto com a exposição de Adriana Varejão, destacamos ainda, o 21°Festival Internacional de Linguagem Eletrônica de arte contemporânea. Com sonoridade eletrônica, arte interativa e linguagem digital, a exposição Supercriatividade está no prédio da FIESP. Diversos artistas internacionais apresentam experiências a partir de atividades interativas e imersivas com recursos tecnológicos colocando o espectador no centro da obra. A imagem especular do visitante, capturada por vídeos e câmeras, são projetadas em outros formatos, com distorções de corpo e sombra, que dançam ao ritmo da música. Para se ter acesso a alguns desses trabalhos, ou jogos, é preciso o recurso de QR code e selfie.
Em alguns momentos, pode parecer que a exposição é dirigida aos Millennials. Logo em seguida, a questão retorna: o que e como essa geração pode ensinar às gerações anteriores, Baby boomers, por exemplo? Como nos orienta um dos curadores, Ricardo Barreto, “Quando a arte se encontra fechada na clausura de sua época, é a super criatividade que produz a fissura que permite a ela adentrar novos universos”.
Duas linguagens diferentes, porém, não antagônicas. A arte de Adriana Varejão que recupera e questiona a compreensão da história do Brasil, e o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica que questiona a realidade e o digital. Alessandra Pecego, em seu texto de apresentação das XI Jornadas da EBP – Seção São Paulo, publicado no primeiro Boletim Inter-dito, oferece uma pista para tentar articular a linguagem e a carne: “Esvaziar de sentido o inconsciente e chegar ao osso do gozo, é se deparar com o encontro faltoso entre linguagem e carne”. A linguagem oferece a possibilidade de construção de uma verdade. Sempre mentirosa. A linguagem incide no corpo deixando traço e marca de gozo. Gozo, que não mente. O encontro é sempre faltoso, mas a aposta é que essas duas exposições possam nos dar pistas sobre a verdade-mentirosa da história do Brasil e o empuxo ao gozo que domina o discurso contemporâneo do mestre, da ciência e do capital.
Adriana Varejão: Suturas, fissuras, ruínas
Curadoria: Jochen Volz
Período: 26/03 até 01/08
Local: Pinacoteca Luz – Praça da Luz 2, São Paulo, SP
Horários: De quarta a segunda, das 10h às 18h.
Festival Internacional De Linguagem Eletrônica – FILE
Curadores: Paula Perissinotto e Ricardo Barreto
Período: 13/07 até 28/08
Local: FIESP – Galeria de Arte do Centro Cultural. Avenida Paulista, 1313
Horários: De quarta a domingo, das 10h às 20h