#06 - OUTURBRO 2023
35a Bienal de São Paulo
O maior evento de arte contemporânea das Américas está no ar! A 35a Bienal de São Paulo vem com o tema Coreografias do Impossível que promete bastante movimento no mundo das artes plásticas. A mostra vem retratar as inquietações de um mundo pós-pandêmico, sem abrir mão das questões que permeiam as esferas sociopolíticas e ambientais.
Uma das novidades desta edição foi a não escolha de um curador-chefe, movimentação que propõe uma espécie de dissolução de um modelo hierárquico, vem dar voz a formatos artísticos de vários territórios ao redor do mundo e vai ao encontro do singular, como define o presidente da Fundação Bienal de São Paulo, José Olympio da Veiga Pereira.
Nos próximos três meses, o Pavilhão do Parque do Ibirapuera reúne 121 participantes com aproximadamente 1.100 obras que dialogam, provocam e fazem questões a seus visitantes. Com entrada franca e de fácil acesso, as portas da Bienal se abrem aos olhares curiosos que buscam, através de intervenções artísticas, maneiras de ingressar no pensamento atual.
Se antes era preciso uma descrição pré-interpretativa do que é exposto, hoje parece que a obra vem a falar por si mesmo. Destaca-se três instalações, dentre muitas, para comentar a presença forte da diversidade étnica, sexual e cultura. Fica imprescindível advertir que, nos tempos atuais, é preciso deixar que os impactos das obram toquem diretamente cada falasser.
O filipino multiartista, Kidlat Tahimi, aprisiona o observador num cenário monocultural, composto por um excesso de esculturas híbridas. Conjunto de obras resultantes de uma apropriação antropofágica pela chegada das narrativas coloniais e imperiais sobre os mitos indígenas. Belas esculturas são destaque, além do uso de materiais naturais como reciclados e madeiras. Local de grande visibilidade e circulação e que merece muitos minutos do seu tempo.
O arquivo da memória trans é uma instalação argentina idealizada por María Belén Correa e Claudia Pía Baudracco, que vem simbolizar, através de uma clipagem com 15 mil peças – entre imagens, cartas e recortes de jornais -, a vida de pessoas transexuais. Um rico acervo de momentos de glória à fragmentos de hostilidade que remonta a incompreensão de uma sociedade de época. Uma sala memorável! Trata-se de um esforço coletivo que visa manobrar o rechaço para apostar na resistência. Pessoas transexuais existem!
O sul-africano, Igshaan Adams, artista e performance, mais conhecido por contestar as fronteiras sexuais, raciais e religiosas, apresenta Samesyn. Uma cenografia interativa que produz encantamento com tecelagens feitas a partir de materiais com pouco valor: miçangas coloridas, conchas, búzios, fios de arame e tecidos trançados que mudam de perspectiva do simples para o belo. Essa provocação óptica faz existir o possível dentro das artes decorativas aliado a insumos encontrados em casas menos abastadas. Se de longe um visual pós-apocalíptico encanta, de perto estamos diante de materiais do cotidiano. É um movimento que entorpece os sentidos e condiciona ao novo.
Se o papel da arte é nos provocar, nos colocar inquietos, talvez uma das grandes questões seja: Como reorganizar um novo mundo através de seus singulares incluindo os restos de outra época?
A dica é baixar o catálogo para organizar melhor a sua visita! E bom passeio.
Catálogo: https://35.bienal.org.br/publicacao/catalogo-35a-bienal-de-sao-paulo/
Informações sobre o serviço:
- De 6 setembro – 10 dezembro, 2023
- ter, qua, sex e dom, 10h – 19h (última entrada às 18h30)
quinta e sábado, 10h – 21h (última entrada às 20h30) - Entrada gratuita
- Av. Pedro Álvares Cabral, s.n. – Parque Ibirapuera, Portão 3 / Pavilhão Ciccillo Matarazzo – São Paulo, SP, Brasil.
- Maiores informações: https://35.bienal.org.br/