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“O banquete dos analistas” na EBP – Seção SP
Kátia Ribeiro Nadeau
Na noite de 13/6/2018, com coordenação de Carmen Cervelatti e Luiz Fernando Carrijo, aconteceu na EBP – Seção SP um debate no modelo conversação que percorreu os capítulos XI (Do Ato a proposição), XII (A Escola de Lacan) e XIII (O paradoxo da garantia) do livro “El banquete de los analistas” de J.-A. Miller. Animaram o debate, a partir de questões sustentadas, Rômulo F. da Silva, Veridiana Maruccio e Ariel Bogochvol.
Foi privilegiado o que localiza Miller: um percurso do “Ato de fundação” da Escola de Lacan de 1964 à “Proposição de 9 de outubro de 1967”, onde a garantia estaria do lado de um furo no lugar do psicanalista da Escola. Miller pretende transformar, por meio deste curso, a Escola em conceito, a partir deste percurso de Lacan. O conceito de Escola em psicanálise sustenta a conexão entre a psicanálise pura e o ensino da psicanálise pela transferência de trabalho1. Pelo dispositivo do passe, a identificação na experiência analítica daria lugar à produção. O analista opera com seu desejo, entendido como uma incógnita, o que significa que é capaz de falar sem identificar-se e isso é uma interpretação da cura analítica: uma palavra cujo emissor não se identifica, ali onde uma interpretação é um enunciado cuja enunciação não se deixa identificar2.
Miller pergunta o que fazer a partir do passe com o sujeito desidentificado. Para tentar responder, seguiremos o caminho de possíveis saídas:
1- Identificação pós-analítica (IPA)
2- Histeria pós-analítica – identificação com seu próprio vazio (S barrado)
3- E a via que nos indica Lacan: Orientar-se em sua posição pelo objeto a, refratário à identificação, em duas vertentes possíveis:
A. Identificar-se como dejeto – S1 solitário e cínico (gozo do Um)
B. Orientar-se num contexto de Escola onde Membro de Escola é igual a trabalho. Se em lugar do amo solitário a Escola propõe o “trabalhador”, aí está o paradoxo da Escola: oferecer uma identificação ao desidentificado.
O diretor de Cartéis da EBP – Seção SP, Ariel Bogochvol, coloca sua questão sobre o lugar e a função atual dos cartéis na Escola de Lacan e na EBP – Seção SP.
A questão é de como fazer psicanalistas trabalharem por meio da transferência de trabalho em torno de uma causa comum, que é a causa da Escola.
A partir das questões sustentadas, foram elaboradas questões da atualidade do discurso sobre Cartel, garantia e gradus, onde Miller extrai a lógica a partir das experiências. Da experiência dos Cartéis, extrai o próprio trabalho, função política pelo balanço da hierarquia e função epistêmica como multiplicação do saber. Na EBP – Seção SP se verifica um número muito pequeno de membros que participam de cartéis, em que o modo de inserção não é de órgão de base, mas de órgão dobradiça, fazendo a função de uma interface entre o dentro e o fora da própria Escola.
Sobre o paradoxo da garantia, a invenção faz alguém autorizar-se por si mesmo. A consequência é que a cada analista reinvente o conceito e, por isso, não há garantia. Por outro lado, é necessário autorizar-se para que a Escola garanta a formação.
O atual critério para ser membro de Escola depende da escuta da enunciação analisante.
Miller responderá e sustentará que a Escola não é uma necessidade e continua a ser uma experiência continuada na contingência. A Escola é frágil porque tem o furo no saber em seu centro.
Com temas muito atuais, foi um rico debate que propõe continuação!
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1. Miller, J.-A. El banquete de los analistas. Buenos Aires: Paidós, p. 205.
2. Ibid, p. 248.