ACERVO VIVO
Acervo é o nome mais geral pelo qual se entende uma junção de mídias, dentre elas, os livros. A biblioteca da EBPSP é composta por um conjunto de livros prioritariamente do campo da psicanálise de orientação lacaniana, textos clássicos e fundamentais da psicanálise e de sua história e obras de áreas afins, com recortes e características próprias ao campo freudiano. Essas características dão identidade e corpo à nossa biblioteca.
Em 2020 a EBPSP recebeu a doação do acervo pessoal de livros do psicanalista membro da EBP/AMP Carlos Augusto Nicéas, que nos deixou em 2018. Com cerca de 1520 títulos, em sua maioria publicações psicanalíticas e de campos do saber que dialogam com a psicanálise, são inúmeras preciosidades que vão de primeiras edições de clássicos da psicanálise, primeiras publicações de interlocutores contemporâneos de Lacan a diversos números de revistas que contam a história do campo freudiano na França e no Brasil. Enfim, uma verdadeira arca de tesouros, que conforme vasculhamos e nos debruçamos, nos remetem a estudos, pesquisas e investigações, abrindo pontos importantes sobre a função da biblioteca na transmissão da psicanálise e na formação de um analista.
Por ser um acervo pessoal, ele transmite marcas do percurso de um analista, que não é um percurso qualquer. Na medida que mergulhamos nesse acervo, percebemos que ele vai se ampliando, abrindo, e nos conduzindo a caminhos possíveis para os mais diversos percursos de formação.
ACERVO VIVO CONVIDA
Fabiola Ramon (Diretora de Biblioteca EBP-SP, 2021-2023)
Um convite foi lançado para alguns colegas que frequentam a Biblioteca da EBP-SP: produzir um texto que traga o testemunho do uso e/ou do encontro com algum livro ou revista do acervo da EBP-SP.
Camila Colás foi a primeira a responder a esse convite. Ela apresenta um percurso que parte da expressão de Lacan, “sujeito de gozo” sobre o sujeito psicótico, encontrada em um texto de Jean-Claude Maleval, termo que a intrigou. Então, na busca por elucidá-lo, encontra uma resposta na revista francesa “Les Cahiers pour l’analyse”, volume 5, um dos títulos raros de nosso acervo, que foi incluído na nossa Biblioteca com a chegada da doação do acervo Carlos Augusto Nicéas.
Podemos acompanhar esse percurso e as precisões sobre o termo no texto que segue. Boa leitura!
Lacan, a Escola e o acervo de Nicéas “vivo”
Camila Colás /Associada ao CLIN-a
Como transmitir para a comunidade analítica sobre a função da biblioteca na formação de um analista e qual é a importância dessa transmissão? Se o acervo da EBP-SP não sai da sede física, ou seja, os livros não são emprestados, como podemos fazer circular o vivo pulsante presente em suas obras e seus títulos? Fabiola Ramon, Diretora de Biblioteca da EBP-SP (2021-2023) nos coloca questões valorosas sobre qual a importância de uma biblioteca e sua relação com a transmissão dentro de uma Escola de Psicanálise. Trarei uma pequena contribuição sobre esses dois pontos: biblioteca e transmissão.
Acervo vivo: início do nosso percurso
Marisa Nubile (integrante da comissão de Biblioteca da EBPSP)
A biblioteca da Seção SP recebeu uma parte significativa do acervo particular do saudoso psicanalista, membro da EBP/AMP, Carlos Augusto Nicéas. Uma doação que é expressiva pelo volume e catálogo de livros e revistas nacionais e internacionais, mas é expressiva também pelo fato do acervo vir com a marca da trajetória de formação desse analista que tanto contribuiu para nosso campo.
A comissão de biblioteca formou, então, um subgrupo[1]para pensar e propor ações que vivificassem as letras ofertadas. Nascia o Acervo vivo. Entusiasmados com a proposta, nosso grupo teve que criar alternativas diante da distância que a pandemia nos impôs, uma vez que se tratava de trabalhar com livros e revistas que convidam a entrar em contato direto com eles.
Caligrafia – desejo do analista
Emelice Prado Bagnola (integrante da comissão de Biblioteca da EBP-SP)
“A vida é uma só.
A sua vida continua na vida que você viveu.”
Manuel Bandeira[1]
Sinto-me feliz pela oportunidade de compartilhar com vocês os efeitos iniciais da construção que abre a cada volta, diferentes maneiras de pensar e conhecer o trabalho realizado por uma comissão de biblioteca no fazer cotidiano da Seção São Paulo.
Recebi o convite para estar envolvida com o trabalho da biblioteca através de sua atual diretora, Fabíola Ramon (EBP/AMP) (gestão 2021-2023). A princípio, me pareceu uma oportunidade singular, no contexto nacional, o convite para estar com os livros, o que confirma mais uma vez, os caminhos para onde a psicanálise pode nos levar.
Na subdivisão da tarefa desta comissão, parte estaria dedicada a sustentar a atividade “Leituras de biblioteca” e a outra parte com a recepção de mil quinhentos e vinte títulos doados pela família de Carlos Augusto Nicéas* para a Escola Brasileira de Psicanálise.
Logo o trabalho da comissão de biblioteca na gestão anterior se fez notar. Os livros agora distribuídos como uma moldura no auditório marcado pelos encontros das quartas-feiras.