JOGO
Venho sendo
um tanto bruto, me desculpe
Não respondo rápido
Nem tanto quanto deveria
Recebo pouca visita
Venho dando pouco abraço
Pego pouco em outras mãos
Pouco importa, está provado
Dois corpos físicos
de fato nunca fazem contato
Mas fito teu rosto em silêncio
Vez ou outra, noto
a palavra que te aquece o ouvido
O calor acende o teu sorriso
Anoto tudo mais tarde
no meu caderninho
Ou num bloco de notas qualquer
Junto tuas peças
Escrevo tuas regras
Escondo minhas faltas
À medida que lembro do jogo
FELIPE FUTADA
#Editorial
Por Carmen Cervelatti
Ao propor o tema das VIII Jornadas evidentemente era esperado que provocasse, conectasse as pessoas ao redor dele. Devo confessar que o trabalho de nossa comunidade se fez notar, ressoou, conectou: surpreendentemente as inscrições tiveram que ser encerradas antes mesmo que o prazo do envio dos trabalhos para as simultâneas se encerrasse. Foi uma surpresa, caso contrário, teríamos escolhido outro local que pudesse receber aqueles que não conseguiram se inscrever a tempo. Lamentamos não poder receber a todos, nossos objetos ausentes, que põem “em ato a ‘não-relação sexual’”, como disse Leonardo Gorostiza, que tão gentilmente respondeu à nossa provocação. Ele falou: “os laços virtuais fazem uso, cada vez mais, das imagens. As quais, se bem não se confundem com o objeto ‘carnal’, estão longe de produzir, como as cartas de amor o fazem, uma circunscrição, um contorno, em torno do objeto ausente.”
#Pergunta e resposta
Por Leonardo Gorostiza
Não poderia afirmar que “o sucesso das relações virtuais” possa ser explicado pela menção que você faz ao que eu dizia em tal entrevista. Como costumamos dizer, não existem para nós, psicanalistas de Orientação lacaniana, orientações que possam ser consideradas de alcance universal. Sempre tratar-se-á do caso a caso. Assim, em alguns casos talvez ocorra o que você sugere: que a escrita via internet, que por sua brevidade em geral se diferencia muito das clássicas cartas ou poemas do amor cortês, possa cumprir a função de acentuar a ausência do objeto enquanto presença carnal. Enquanto que em outros casos, por exemplo mediante o uso do WhatsApp, a aceleração temporal do intercâmbio de mensagens entre grandes distâncias geográficas, pode ter o efeito inverso: provocar a ilusão de que o objeto está “presente”. Assim mesmo, não esqueçamos que os laços virtuais fazem uso, cada vez mais, das imagens. As quais, se bem não se confundem com o objeto “carnal”, estão longe de produzir, como as cartas de amor o fazem, uma circunscrição, um contorno, em torno do objeto ausente.
#Orientação
Tinder: primeiro a gente transa, depois a gente vê. O simbólico mudou de ritmo
Por Christiane Alberti
Desde a chegada do Tinder, o mundo do namoro mudou. O princípio deste aplicativo? Colocar em contato homens e mulheres geograficamente próximos, por meio de um sistema de geolocalização. Qual é o impacto do Tinder nos relacionamentos amorosos? Para Christiane Alberti, psicanalista, os encontros virtuais não eliminarão a magia.
O sexo e a coragem
Por Rômulo Ferreira da Silva
#Ecos de Quarta
Match: o estatuto do sintoma nos sujeitos conectados
Por Niraldo de Oliveira Santos
É bastante conhecido em nosso meio o trecho de Lacan de 1953, em “Função e campo da fala e da linguagem”: “Que antes renuncie a isso, portanto, quem não conseguir alcançar em seu horizonte a subjetividade de sua época. Pois, como poderia fazer de seu ser o eixo de tantas vidas quem nada soubesse da dialética que o compromete com essas vidas num movimento simbólico. Que ele conheça bem a espiral a que o arrasta sua época na obra contínua de Babel, e que conheça sua função de intérprete na discórdia das línguas”
#Conversa.com
Felipe Futada
Por Camila Popadiuk e Mirmila Musse
Talvez uma relação possível seja o inevitável deparar-se com algum tipo de vazio na experiência com o outro. Não necessariamente o vazio como a ausência de alguém, mas um vazio como impossibilidade de ação. Afinal de contas existe uma grande diferença entre um vazio marcado pela falta do que ali já se fez presente, e um vazio que nunca foi preenchido. A poesia habita essa interface, dado que é uma materialização do nada. O Amor também.
#Freud e a vida amorosa
A “vida amorosa” e o caso do Homem dos Lobos
Por André Antunes da Costa
“Contribuições à psicologia do amor” é sob este título que Freud agrupa três textos escritos com um intervalo de oito anos entre eles. Para quem ainda não os conhece, eu os apresento: “Um tipo especial de escolha de objeto feita pelo homem” (1910), “Sobre a mais comum depreciação na vida amorosa” (1912), e “O tabu da virgindade” (1918)…
Referências bibliográficas
Por Daniela de Barros Affonso e Comissão
Inscrições
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Não perca o timing!
Para participar das Jornadas da EBP-SP de 2018 é preciso, em primeiro lugar, que você esteja inscrito. Certifique-se disto e depois escreva um texto com até 6000 caracteres (com espaços) na fonte Times New Roman 12, e envie-o a mcferretti@uol.com.br e verimarucio@gmail.com até o dia 29/09. Fique atento também às citações, cujas referências bibliográficas devem vir na forma de nota de final de texto, e não de rodapé! As orientações para citação podem ser encontradas aqui.
Equipe do Boletim #Cupid
Milena Vicari Crastelo – Paula Caio – Eliana Figueiredo – Alessandra Pecego
Marcelo Augusto Fabri de Carvalho – Fabiola Ramon – Felipe Bier