As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade , “Amar se aprende amando”. Rio de Janeiro: Record. 1985
#Editorial
Por Alessandra Sartorello Pecego
É com especial olhar e atenção que os convido a se embrenharem na leitura de #Cupid – número 4. Penso que contamos aqui com textos precisos, que podem produzir inquietações para as discussões que virão nas VIII Jornadas da EBP-SP- Amor e sexo em tempos de (des)conexões.
Drummond, o poeta, nos interpreta. Eu gostaria de pinçar os versos abaixo como bússola de leitura para os textos deste boletim, uma marcada (des)conexão e uma possível suplência à não relação sexual:
“Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.”
#Orientação
Desencanto da sexualidade
Por Maria Josefina Sota Fuentes
Mais do que uma leitura de Freud, o ensino de Lacan é sua resposta singular ao que foi o acontecimento Freud na cultura, ou, como diz Miller, ao “traumatismo Freud”, já que Lacan a ele reage sintomaticamente, em traumatismo, procurando com seu ensino transmitir a radicalidade da descoberta freudiana que esburaca o discurso universal desvelando o furo da estrutura.
Mal compreendido, foi um escândalo Freud afirmar que o inconsciente só reconhece a inscrição do falo para diferenciar os dois sexos em termos de castração. A pulsão genital – aquela que conduziria…
Amor e Verdade Mentirosa,
Uma conjectura sobre Eros e Psiquê
Por Maria do Carmo Dias Batista
A verdade mentirosa foi formulada por Lacan no Prefácio à Edição Inglesa do Seminário 11. Ele começa seu escrito enfatizando a relação entre verdade e mentira, “não há verdade que, ao passar pela atenção, não minta”, para depois discorrer sobre analisantes e analistas desde Freud, colocar nisso sua “pitada de sal”, a histoeria (história/histeria) e, sobretudo, falar do passe como estando à disposição “daqueles que se arriscam a testemunhar da melhor maneira possível sobre a verdade mentirosa.” Ou seja, chegar ao final da análise e ser capaz de historisterizar a si mesmo, substituindo a crença na verdade de sua história pela constatação de que se trata de uma verdade mentirosa.
#Ecos de Quarta
Pontuações preparatórias para VIII Jornadas da EBP-SP- Amor e sexo em tempos de (des)conexões
Por Paola Salinas
Segundo Stevens a adolescência é um sintoma, tentativa de subjetivar o real expresso nas transformações do corpo na puberdade. Este se apresenta como estranho, pulsional, exigindo uma satisfação frente à qual o adolescente não tem nem um saber, nem um saber-fazer a respeito. A mudança, em termos da pulsão sexual, até então expressa na satisfação perverso polimorfa, aponta para uma satisfação de cunho genital/sexual, um novo modo de gozo que pode incluir um parceiro sexual.
#Ecos do Trabalho em Cartel
(Des)Conexão e desenlace: consideração sobre a prática clínica com adolescentes
Por Emelice Prado Bagnola
O sonho é a Via Régia para o Inconsciente, como nos ensina Freud. Dessa forma, tomo a adolescência como a estrada que me permite abrir questões sobre o trabalho da psicanálise em nossa época. É ao lado das novidades que se apresentam nesta clínica que compartilho algumas questões que penso sobre o enigma que enlaça corpo e sintoma, na perspectiva de articular como participa a palavra na direção de um tratamento. O que faz marca na subjetividade dos jovens hoje?
#Algumas Palavras
O novo amor como resposta ao mal-estar contemporâneo. Uma resenha de “Los decires del amor”, de Oscar Zack.
Por Antonio Alberto Peixoto de Almeida
O capítulo “Los decires del amor” faz parte do livro de mesmo nome de Oscar Zack. Trata-se de uma coletânea de publicações e de aulas ministradas por ele em seminário realizado na EOL, em 2010/2011. Para nomeação, o autor partiu da frase de Lacan: “(…) É surpreendente que esse sentido se reduza ao não-sentido: ao não-sentido da relação sexual que é patente desde sempre nos ditos amorosos”.
#Match4
Por Comissão de Acolhimento
“ Com a corda mi do meu cavaquinho fiz uma aliança pra ela prova de carinho!”
João Rubinato (1910 a 1982) transformou o seu nome de batismo para compor, como Adoniram Barbosa, as canções que em todos os acordes demonstram a relação do artista multimídia com a cidade de São Paulo através dos seus sambas.
Referências bibliográficas
Por Daniela de Barros Affonso e Comissão
Inscrições
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Não perca o timing!
Para participar das Jornadas da EBP-SP de 2018 é preciso, em primeiro lugar, que você esteja inscrito. Certifique-se disto e depois escreva um texto com até 6000 caracteres (com espaços) na fonte Times New Roman 12, e envie-o a mcferretti@uol.com.br e verimarucio@gmail.com até o dia 17/09. Fique atento também às citações, cujas referências bibliográficas devem vir na forma de nota de final de texto, e não de rodapé! As orientações para citação podem ser encontradas aqui.
Equipe do Boletim #Cupid
Milena Vicari Crastelo – Paula Caio – Eliana Figueiredo – Alessandra Pecego
Marcelo Augusto Fabri de Carvalho – Fabiola Ramon – Felipe Bier