Amar é coisa de minutos
Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi os versos que quiseres
Esquecerei todas as mulheres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto durar meu corpo
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
Sim, eu estarei aqui
(Paulo Leminski)
#Editorial
Por Veridiana Marucio – Coordenadora Geral das Jornadas
#Bem-vindos ao #Cupid2!
Seguimos com a preparação para as VIII Jornadas da Seção São Paulo: Amor e sexo em tempos de (des)conexões. Apresentamos nossas contribuições com a expectativa de que vocês possam se conectar mais ainda ao nosso tema!
Em #Intervenções Artísticas, Fabíola Ramon aborda, em um breve texto, o trabalho de Bansksy, artista inglês que, assim como o rato utilizado no cartaz das jornadas, se lança na arte a partir do que faz furo na cidade, como ela nos aponta.
Em #Ecos de Quarta contamos com uma vasta pesquisa realizada por Fernanda Ottoni Brisset a partir de seu encontro com o livro – O que do encontro se escreve e de seu autor, Pierre Naveau, pela ocasião das Jornadas da Seção Minas de 2017. Segundo ela, o livro conversa de perto com o tema das nossas jornadas: “A lógica do encontro se articula, indiscutivelmente, com as conexões e desconexões, com o que não existe e o que insiste, com os fios que tecem um laço e o furo que desse laço participa”.
#Em tempos de Black Mirror traz uma contribuição de Marcus André Vieira. A série criada pelo britânico Charlie Brooker não trata somente de tecnologia, mas sim da forma como ela afeta a maneira como vivemos nos dias atuais. Sim, o tempo verbal está no presente! Como nos lembra Marcus André no texto que aqui apresentamos, fruto de uma atividade da Ação Lacaniana, os episódios estão centrados em fatos que podem acontecer em 10 minutos se formos desastrados! Eles ilustram onde podemos chegar com relação a diferentes questões presentes na atualidade. “É preciso a singularidade para amar”? Pergunta Marcus André no final de seu texto, questão que abre uma boa conversa e que se conecta ao nosso tema.
Aproveitem as dicas do #Match e se inspirem em suas pesquisas no #Referências Bibliográficas.
Aproveitem a leitura!
#Intervenções Artísticas
Love Rat, de Banksy – sobre a imagem do cartaz das Jornadas
Por Fabiola Ramon (correspondente da Seção S Paulo)
É Banksy, artista anônimo britânico, que assim como o rato do cartaz das VIII Jornadas da Seção S. Paulo, se lança na arte a partir do que faz furo na cidade, estilhaçando a ideia de intervenção artística e estabelecendo novas conexões e desconexões a partir da pintura do grafite.
No lugar da moldura, enquadramento do ideal romântico que vela o objeto e que almeja fazer suplência à não existência da relação sexual, o grafite de Banksy invade os (a)muros e brechas da cidade, fazendo sua arte existir em qualquer parte sem permissão, sem uma ordem ou norma estabelecida. Suas intervenções expõem e interpretam os furos da cidade, da política, das relações e do laço, sendo esses o seu o suporte, sua “moldura”. A partir desse enquadre sem tela, suas obras mostram e criam novas e antigas conexões e desconexões que, ao serem interpretadas, reinventam a cidade e o laço.
#Ecos de Quarta
O laço entre o amor e a coragem
Por Fernanda Otoni-Brisset (Membro da EBP – AMP)
O que do encontro se escreve, livro de Pierre Naveau, nos adverte que “a mola do encontro – o real do inconsciente – não deve ser esquecido.” Isso nos ensina a ler a lógica do gozo nos encontros entre seres falantes. O livro conversa de perto com a Jornada deste ano, na EBP São Paulo: “Amor e sexo em tempo de (des)conexões.”
A lógica do encontro se articula, indiscutivelmente, com as conexões e desconexões, com o que não existe e o que insiste, com os fios que tecem um laço e o furo que desse laço participa. O binário Amor e Sexo interroga essa costura. Nem sempre amor e sexo andam juntos, aliás reunir esses dois em um instante é raro! O que verificamos, não raro, é a experiência de amar desconectada do sexo e a experiência do sexo sem amor. Mesmo quando se ama e se faz sexo com o parceiro, a disjunção está lá. É possível o encontro entre amor e sexo? Uma pergunta! Mas seja como for, o que nos adianta Pierre Naveau é que para um encontro acontecer “é preciso, diz Lacan, coragem, e até mesmo, J.-A. Miller não hesita em dizê-lo, heroísmo.”
#Em tempos de Black Mirror
Be right here
Por Marcus André Vieira (Membro da EBP – AMP)
Gostei muito, na preparação para esse encontro, de ter descoberto Charlie Brooker, criador da série Black Mirror e roteirista da maior parte dos episódios, incluindo o que acabamos de ver. Ele tem uma coluna no The Guardian com aquele humor inglês que ajuda muito a entender a série. Trago, por exemplo, para essa discussão uma frase dele que resume, a meu ver, o forte da coisa: “Quis escrever sobre o que vai acontecer daqui a dez minutos se nós formos desastrados”. Não é essa a impressão que temos com a série? De algo que está na nossa porta, ou já dentro de casa?
#Match
Por Comissão de Acolhimento
O tema de trabalho escolhido para essa VIII Jornadas da Seção São Paulo: Amor e Sexo em tempos de (des)conexões, proporciona um movimento no campo de nossa investigação em intercâmbio constante com o cinema, a literatura, a música e a arte. Cabe a cada um recolher os efeitos desta abertura.
A comissão de acolhimento estará conectada com os acontecimentos culturais de nossa cidade, na intenção de criar espaços de encontro com eventos que movimentam a vida e vivificam nossa questão para este trabalho.
Sejam bem-vindos à vida e aos lugares de nossa capital tão (des)conectada!
Referências bibliográficas
Por Daniela de Barros Affonso e Comissão
Inscrições
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Equipe do Boletim #Cupid
Milena Vicari Crastelo – Paula Caio – Eliana Figueiredo – Alessandra Pecego
Marcelo Augusto Fabri de Carvalho – Fabiola Ramon – Felipe Bier