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2023

Abertura das Atividades da EBP-LO – 2023
ATIVIDADE DA DIRETORIA – Noite de Biblioteca

“Traduzir Freud”

  • Apresentação: Gilson Iannini (EBP/AMP)
  • Coordenação/Debate: Bartyra Ribeiro de Castro (EBP/AMP)
  • 07 de março, às 20h30 (Brasília)

2022

Abertura das Atividades da EBP-LO – 2023
ATIVIDADE DA DIRETORIA – Noite de Biblioteca

“Traduzir Freud”

  • Apresentação: Gilson Iannini (EBP/AMP)
  • Coordenação/Debate: Bartyra Ribeiro de Castro (EBP/AMP)
  • 07 de março, às 20h30 (Brasília)

A Seção Leste-Oeste (em formação), tem se deparado com o desafio de criar uma biblioteca única para as quatro localidades que a compõem. O primeiro passo da Diretoria de Biblioteca da SLOf será produzir um programa que reúna seus territórios distantes geograficamente, mas não, em trabalho decidido.

Compartilharemos Noites e Atividade de Biblioteca.

Como primeira Noite da Biblioteca da SLOf, abordaremos o tema do despertar em Fellini, partindo com comentário de Paula Rodriguez Acquarone, Argentina, que nos prepara para tanto o Congresso da AMP e Buenos Aires em abril próximo, como para o Encontro Brasileiro na Bahia, em novembro deste ano.

Para abordar este tema tão rico e fascinante, convidamos Wilson Coelho, poeta, tradutor, palestrante, encenador, dramaturgo e escritor com 20 livros publicados, licenciado e bacharel em Filosofia e Mestre em Estudos Literários pela UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), Doutor em Literatura Comparada pela UFF (Universidade Federal Fluminense) e Auditor Real do Collègede Pataphysique de Paris.  Assina a direção de 24 espetáculos montados pelo Grupo Tarahumaras de Teatro, com participação em festivais e seminários deteatro no país e no exterior, como Espanha, Chile, Argentina, França e Cuba, ministrando palestras e oficinas.

Dia 24 de março, às 20h30.

Como Atividade de Biblioteca, teremos dois encontros neste semestre, aos sábados, para debatermos o texto de Freud acerca do Infamiliar como atividade preparatória para o Encontro Brasileiro que acontecerá e novembro, em Salvador. As datas ainda estão por serem definidas. Informaremos.

Responsável: Bartyra Ribeiro de Castro – Diretora de Biblioteca da SLOf

Para buscarmos elaborar algo a respeito do impacto traumático que este real sem lei e sem sentido que se apresenta com o nome de coronavírus ou COVID 19, a Diretoria de Biblioteca da EBP abre seu espaço de debate local a fim de que possamos nos ater a textos publicados por Membros da comunidade analítica de orientação lacaniana, da AMP.
A atividade anteriormente marcada para hoje, na estreia da Noite da Biblioteca da SLOf tinha como convidado, Wilson Coelho, escritor, cineasta e dramaturgo, que trataria os temas do despertar e do infamiliar no feminino, tomando Fellini como inspiração. No entanto, diante do que estamos vivendo nestes dias de pandemia, decidimos suspender a participação de Wilson Coelho e nos dedicarmos a buscar contornar esta devastação que nos assola a todos.
A Wilson Coelho, nosso agradecimento pela pronta compreensão diante de nosso comunicado sobre a suspensão desta atividade para a qual, eu sei, ele se dedicou e se preparou para fazê-la com o rigor que lhe é peculiar.
A Diretoria da SLOf optou por iniciarmos por uma conversação a partir do texto de Miquel Bassols (ELP/AMP), publicado em Zadig Espanha esta semana, intitulado CORONAVIRUS: “La ley de la naturaleza y lo real sin ley”, para nos servir de base para nossas primeiras articulações. Uma vez que, em palavras do autor, este acontecimento é e continuará sendo paradigma do real do século XXI.

NOITE DA BIBLIOTECA

Por Bartyra Ribeiro de Castro – Diretora de Biblioteca da SLOf

Bartyra inicia esta atividade anunciando que o que havia uma programação anterior com escritor, dramaturgo e cineasta – Wilson Coelho, que trataria os temas do despertar e do infamiliar no feminino, tomando Fellini como inspiração. No entanto, diante do que estamos vivendo nestes dias de pandemia, decidiu-se suspender atividade, seguirmos as orientações da Diretoria de Biblioteca da EBP e nos dedicarmos a buscar contornar esta devastação que nos ameaça a todos.

Bartyra relata que a Diretoria da SLOf optou por iniciarmos por uma conversação a partir do texto de Miquel Bassols (ELP/AMP), publicado em Zadig Espanha esta semana, intitulado CORONAVIRUS: “La ley de la naturaleza y lo real sin ley”, para nos servir de base para nossas primeiras articulações. Uma vez que, em palavras do autor, este acontecimento é e continuará sendo paradigma do real do século XXI.

Para apresentar o texto de Bassols, Bartyra se valeu de dois comentários anteriores, dos tempos das preparações para o XI Congresso da AMP que teve como tema, UM REAL PARA O SÉCULO XXI. Um de Jacques-Alain Miller – “o encontro com Um real é sempre, por sua contingência, singular para cada um”, outro de Gui Briole – “ali onde o simbólico fazia laço e agora falta, encontraremos todas as bricolagens com o real tentadas por cada um e concebidas pela sociedade, a fim de poder ajeitar as relações entre os homens”.

Bartyra recorta o texto de Bassols que começa também recorrendo a Miller quando diz “Trata-se, para a psicanálise, de explorar outra dimensão: a da defesa contra o real sem lei e fora de sentido” (mesmo texto acima citado).

Alguns pontos são ressaltados:

A natureza faz valer sua lei quando o ser falante deve recuar – um pouco, apenas um pouco – ante a epidemia de suas próprias formas de gozar, que chamamos de civilização.

A natureza é epidêmica por natureza. […[ O ser humano é epidêmico por ser falante, por estar habitado por essa substância que chamamos de significante.

No entanto… a lei da natureza e o real do gozo parecem ser o verso e o reverso do mesmo evento traumático para o sujeito de nosso tempo. Mas é conveniente distingui-los.

Bassols toma o coronavírus como “uma pequena máquina mortífera”, um vírus, não um ser vivo, para uns; um ser, nem vivo nem morto, para outros, mas com leis muito precisas, enquanto o real do ser falante é um real sem lei.

Bassols traz outra pérola de Miller: O não ter sentido é um critério do real, na medida em que é quando alguém alcança o fora de sentido que se pode pensar que saiu das ficções produzidas por um querer-dizer. O real está desprovido de sentido é equivalente ao real e não responde a nenhum querer dizer. O sentido lhe escapa. Há uma doação de sentido através da elucubração fantasmática.”

Diante da natureza desordenada, diante do real que não mais volta ao mesmo lugar, o sujeito se angustia. O cientificismo promete superar a angústia com o saber, um saber que estaria inscrito no real desde o início. Em vão. A religião promete superá-la com o sentido. Em vão também.

Bartyra ressalta que Bassols aponta 5 reais interrogando a psicanálise diante do coronavírus:

  • O real do tempo;
  • O real do espaço na experiência do confinamento;
  • O real do tempo
  • O real de ter um corpo;
  • E, o real da solidão do ser falante.

Miquel Bassols encerra seu texto dizendo: A experiência do real em que nos encontramos portanto, não é tanto a experiência da própria doença, mas a experiência desse tempo subjetivo, que também é um tempo coletivo, estranhamente familiar, que acontece sem poder se representar, sem poder se nomear, sem poder contar. É esse real que interessa e que lida a psicanálise. A dimensão dos sintomas dessa experiência acontece sem necessariamente ser habitada pelo próprio coronavírus, apenas pelo discurso que tenta dar sentido ao seu surgimento na realidade como efeito da pura lei da natureza.

Bartyra ainda recorre a Albert Camus, em sua obra A Peste, de 1947, quando dizia que “quando se trata de morrer, não há progresso na história, não há escapatória de nossa fragilidade. Estar vivo sempre foi e sempre será uma emergência; é realmente uma “condição subjacente” inescapável.  Praga ou nenhuma praga, sempre existe, por assim dizer, a praga, se o que queremos dizer com isso é uma suscetibilidade à morte súbita, um evento que pode tornar nossa vida instantaneamente sem sentido”.

E encerra com Bassols: A lei da natureza pode ser previsível – essa é a tarefa da ciência. O real sem lei não é previsível – esta é a tarefa da psicanálise. Dada essa diferença, será bom recorrer hoje a máxima dos estóicos para fazer uma experiência coletiva do real da maneira menos traumática possível: serenidade diante do previsível, coragem diante do imprevisível e sabedoria para distinguir um do outro.

NOITE DA BIBLIOTECA

Por Denizye Aleksandra Zacharias (EBP/AMP)
Coordenação: Bartyra Ribeiro de Castro – Diretora de Biblioteca da SLOf

Denizye Zacharias trouxe-nos, neste 26 de maio de 2020, o texto “O vazio faz sinal de real” para comentar o “Cidade Vazia” de Marie Hélène Brousse, publicado no Correio Express n.7 (18/04/2020), conforme proposta da Diretoria de Biblioteca da EBP, que visa trazermos para o debate, textos publicados pelos membros da AMP neste período de pandeia, suas reflexões e formulações.

Denizye pautou sua apresentação em três momentos:

  • 1º momento, uma homenagem: Aos inesquecíveis.
  • 2º momento, epistêmico: O vazio faz sinal de real
  • 3º momento, clínico: O vazio singular

1º momento, uma homenagem: Aos inesquecíveis.

Em um vídeo emocionante, pudemos ver Paris completamente vazia, conforme alude o texto de Marie Hélène Brousse. Um passeio guiado pela poesia de Sérgio Sampaio, e pela música de Aldir Blanc, ambos artistas brasileiros que partiram recentemente.

Encerrando esse momento de homenagens, Denizye nos lembrou Freud ao dizer: “Setenta anos ensinaram-me a aceitar a vida com serena humildade. Eu não tenho desprezo pelo mundo. Não, eu não sou um pessimista, não enquanto tiver meus filhos, minha mulher e minhas flores! Não sou um infeliz – ao menos não mais que os outros”. (Felicidade e sintoma: ensaios para uma psicanálise no sec. XXI, p.26).

2º momento, epistêmico: O vazio faz sinal de real 

Tomando o texto base desta noite, Denizye traz Brousse quando ela se pergunta, se “nesses tempos de pandemia, o hábito, assentado no circuito pulsional de cada um, não poderia tocar um vazio que se situaria além da pulsão”. (Editorial, Sérgio de Castro)

Para abordar uma experiência do infamiliar, ressalta que Brousse é tomada pelo sentimento de “estranheza e bizarro” ao sair de sua casa e ver Paris vazia, ao retornar faz a leitura de dois textos freudianos: – O infamiliar (1919), – Um distúrbio de memória na Acrópole (1936), para diferenciar as experiências de -Unheimlich (= infamiliar) e -Entfremd (= desporsonalização).

Brousse lembra Freud que se apoia nos contos de E.T. Hoffman para dizer da “báscula da dita realidade” como retorno da angústia da castração em dois fenômenos distintos.

  1. Na experiência do trem
  2. E “o fator de repetição não intencional” (Brousse) na experiência de vagar pelas ruas de uma cidade na Itália.

Mais tarde, com Lacan, no mais além da angústia de castração, trabalha o Unheimilich.

Porém, mesmo quando “a cena do mundo, desertada dos corpos falantes que o animam, é vazia de objetos como também do barulho e do furor da fala, das palavras e dos sons. Silêncio da pulsão. Contudo, permanecemos num campo em que o imaginário, o simbólico e o real continuam enlaçados. Isso permanece habitado. Lacan apresenta uma redução surpreendente em sua fórmula: “Como se sabe, o homem habita e, mesmo não sabendo onde, nem por isso deixa de ter o hábito” (Brousse), ou seja, somos como caracóis vamos para os lugares com o nosso habitat, nossa língua, nossos costumes, nossas memórias.

Denizye nos lembra que, contudo, esse enlaçamento pode vacilar. Afirma Brousse: “Isso dorme de verdade, até mesmo em Nova York. É, portanto, o inconsciente que está confinado. Quando ele não é mais correlato a -ϕ, ao signo do desejo do Outro, o vazio faz “sinal do real”. Para retomar o apólogo de Lacan sobre o encontro com o louva-a-deus, não há mais louva-a-deus”, aqui é a experiência do Entfremd.

Sobre entender o vazio, trouxe um comentário de Marcus André Vieira, ao dizer que o infamilir é como o phi da castração, ou “a ponta torturante do band-aid no calcanhar” fora – esse lugar de extimidade do objeto da fantasia que precipita na ‘cena do mundo’ perturbando as percepções.

Com Lacan, o vazio é abordado a partir de Lituraterra (2003), quando pergunta se, aí, Lacan desloca o termo ‘vazio’ de sua dimensão metafísica. Denizye nos lembra que Lacan buscou Barthes para ajuda-lo quanto a esta questão: “O vazio não deve ser concebido sob a forma de uma ausência de corpos, de coisas, de sentimentos, de palavras etc – o nada – aqui somos vítimas da física antiga. O vazio é antes o novo, o retorno do novo – que é o contrário da repetição”.

3º momento, clínico: O vazio singular

Após o trajeto teórico, fomos levados a um momento clínico onde Denizye pontuou a questão do vazio a partir dos relatos de final de análise de alguns AEs da AMP: Lêda Guimarães, Sílvia Salman, Sérgio Laia, Sérgio Laia, Ram Mandil e encerrou a noite debatendo os pontos levantados a partir de sua apresentação.

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