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O corpo vivo na formação

Caroline Quixabeira traz as linhas claras da juventude ao apresentar rapidamente questões que permeiam a formação analítica aludindo perspectivas e conceitos que serão trabalhados nessas V Jornadas. Confira!

Caroline Cabral Quixabeira
Participante da Nova Política da Juventude

 A formação do analista não se faz por dois caminhos iguais. Cada um há de se encontrar com sua própria paixão pela ignorância para que seja possível alimentar e investigar o percurso frente ao saber. Diante da impossibilidade do universal do conjunto analista, a formação caminha mais ao lado da infinitude do que da finitude. O que permite à formação tomar esta perspectiva de não cessar de escrever? Ulloa[1] responde com a ideia do corpo vivo.

Ela continua afirmando ver o analista como aquele que tem um laço com a vida a partir de uma solidão não solitária. O que causa este efeito? De um lado a transferência com um “Outro do texto”[2] e, do outro, o espaço da Escola representado não só por suas atividades semanais, como também pelas jornadas anuais.

Não estando a formação do lado cronológico, os encontros entre colegas permitem que todos possam contribuir de onde as suas caminhadas singulares vão se encontrando. Nestas contingências, as discussões e os tensionamentos que surgem propiciam os efeitos de surpresas e rupturas[3] que dão forma às formações. Estas não se dão sem os corpos, levando aos falasseres o encontro com o vivo do que se é pensar e trocar entre vários. Não é à toa que a proposta é pensarmos o Corpo e a Memória.

Estes dois termos não só são próximos em nossa formação, como também na clínica e na contemporaneidade. Claudia Murta[4] apresenta a jornada deste ano marcando como o corpo e a memória se entrelaçam pelos traços inscritos no aparelho psíquico, estes que em Freud[5] são advindos das percepções externas e que precisam passar por um processo de tradução. Ainda que nem todas as percepções sejam traduzidas para as camadas seguintes, essa retenção desvia o processo excitatório.

Para Freud, são as leis psicológicas vigentes que vão direcionar este processo excitatório barrado. Mas como podemos pensar estes efeitos no corpo? Seria possível pensarmos esta retenção como algo da incidência do Um? E se falamos de corpo, qual é este estatuto[6]?

Os quatros eixos deste ano nos lançam estas e outras perguntas para que possamos, a partir do diálogo, ousar responder às relações entre o Um, o corpo e os discursos. Nesta jornada, inserem-se quatro caminhos de discussão guiados a partir da bibliografia proposta de cada eixo que nos levam a nos encontrar com o corpo, suporte do discurso, seus efeitos e particularidades.


[1] Ulloa, Rachel Cors. De-formación del analista, Bitácora n8, 2019.
[2] Rachel Cors Ulloa. De-formación del analista, Bitácora n8, 2019.
[3] Brodsky, Graciela. Los psicoanalistas y el deseo de enseñar, Grama, 2023.
[4] Murta, Claudia Argumento, Boletim Mnemis #0, 2024.
[5] Freud, Sigmund. Carta 52, 1896.
[6] Heinemann, G. Editorial, Boletim Mnemis #1, 2024.
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