Fernanda Fernandes – MS
Transferência. Saber. Amor. Para Freud a transferência é um fenômeno libidinal próprio da experiência analítica, é o que dá acesso ao inconsciente. Em Lacan, este amor de transferência está para o lado do paciente e deve ser trabalhado via desejo do analista. Ele ocupa o lugar de Sujeito Suposto Saber, um saber suposto, só sabe de seus efeitos. Do amor, não se sabe, acontece! O amor “vela a impossibilidade da relação sexual”, como também marca a sua impossibilidade. Em tempos de busca por saber imediato, de tentativas de muros quebrados pelas redes, em que tudo pode ser dito, de contingências pandêmicas, de atendimentos online, o que podemos pensar deste amor dirigido ao saber? Nos lembra o poeta: “Que a parede não seja símbolo de obstáculo à liberdade, nem de desejos reprimidos…eu tenho um gosto rasteiro de ir por reentranhas, baixar em rachaduras de paredes por frinchas, por gretas…” (Manoel de Barros)”
Laisa Gonçalves Teixeira – GO
Esse aforismo lacaniano dá um destaque ao amor como aquilo que pode fazer uma articulação possível entre gozo e desejo. Miller (2013) destaca que desejo e gozo são duas estruturas distintas, há uma hiância entre essas duas dimensões, pois o desejo se relaciona ao Outro, enquanto que o gozo concerne ao corpo próprio, é autoerótico2. Como é possível, então, renunciar ao gozo autístico e encaminhar-se nas vias do desejo? Só o amor, como mediador, poderá realizar essa proeza.
Waléria Maria da Paixão Borges Vieira – GO
O amor tem um número infinito de configurações, mas para a psicanálise o interessante é o amor que acontece na experiência analítica, esta frase, destacada no muro acima se encontra no Seminário 8 de Lacan, A transferência. A frase nos remete à importância de compreender o amor de transferência para fazer acontecer a experiência analítica. O amor é único, e entendido como uma metáfora, este significante se atualiza nesta experiência, marcado pela falta primordial, causada pela castração e também pelo desejo do Outro.
Fabíola Fiuza, Goiânia
Por considerar o amor pelo viés do narcisismo Lacan aponta, nesse tempo de seu ensino, para sua dimensão imaginária em que a hostilidade aparece como a outra face do amor. O traço que o amante atribui ao amado tem sua raiz no narcisismo, naquilo que é seu e que ao buscar no outro carrega a verdade especular do sujeito. A versão voraz surge diante falta de harmonia entre sujeito e objeto, revelando um esforço precário do amor para fazer frente ao furo.
Fábio Mantovaneli, Campo Grande
Toda a demanda ao outro acaba se constituindo em demanda de amor. Ao pedir por satisfação do que se designa ao outro, nunca se obterá resposta satisfatória ao que é designado. A demanda é do sujeito: nem objeto nem nenhum outro são capazes de satisfazê-la. É nesse jogo de (in)satisfações nunca completo que se pode pontuar a importância do amor para que se exista: o ser humano, para existir, precisa, de alguma forma, a princípio, ser amado, e para que continue vivendo é preciso que ame.
Ceres Lêda Félix de F. Rubio- Goiânia.
Lacan no Seminário, Livro 8 – “A Transferência” nos impacta ao proferir essa frase e em tempos tão difíceis ouvir falar de amor é algo que nos detém, pelo menos por um instante.Lacan nos aponta que a condição para amar supõe uma posição que consente com uma falta, a falta, elemento constituinte do Parlêtre que se estabelece na relação com um Outro. Desse modo, existir no mundo implica fazer laço, e para isso “é necessário reconhecer que se tem necessidade do outro” acrescenta Miller também ao falar sobre o amor.