Breve comentário tecido, a convite da Diretoria da Seção-Rio, sobre os textos de Romildo do…
Seminário de Orientação Lacaniana
8/10/18 Seminário de Orientação Lacaniana
Comentários de Maria Corrêa de Oliveira
O Seminário de Orientação Lacaniana de 08 de outubro contou com a rica apresentação feita por Marcia Zucchi do capítulo XXIII do Banquete dos Analistas, acompanhada da interlocução pontual de Rodrigo Lyra.
Marcia destacou “o estranho desejo de saber” presente na psicanálise e a articulação apresentada por Miller relativa à perspectiva do passe, levando-o a considerar duas abordagens: o passe do sujeito e o passe da psicanálise.
Da parte do sujeito, esse passe é dirigido à Escola. Já do lado da psicanálise, o endereçamento é à ciência, ao saber científico. Esse segundo direcionamento provoca muitas reflexões, já que nos vemos às voltas com diferenças e impasses em relação ao discurso científico.
A pergunta, “Quem é o Outro da psicanálise?”, apresentou-se como o cerne do debate e dos embates dessa noite de conversa.
Ressalto a ênfase de Marcia, indagando e nos permitindo indagar também a respeito da relação de Lacan com a ciência, já que, principalmente a partir do Seminário 23, ele “se serve da arte” – arte como um recurso inventivo, como artifício.
Para enriquecer essa apresentação, os dois debatedores recorreram ao texto “Intuições Milanesas”, de Miller. Nesse texto, está claro como o processo analítico se afastou da noção de tratamento, norma e ideal, para se deter na experiência, particular, onde um final de análise vai estar relacionado às transformações no regime do gozo de cada um.
No entanto, em decorrência da era globalizada, o analista é constantemente chamado a ocupar o lugar de “cuidador”, attention givers, sendo depreciado e correndo o sério risco de contribuir com o rebaixamento da psicanálise.
Esse caloroso debate pôde manter o impasse relativo ao lugar ou ao “não lugar” da psicanálise em nosso mundo.
Estaremos nós nessa direção, dos “sem lugar”, esquivando-nos desse destinatário a quem buscam “conforto”, buscando respostas para manter a vivacidade da prática analítica nesse intuito da constante reinvenção?
Embora Paulo Vidal tenha nos lembrado da presença de estudos epistemológicos e psicanalíticos em centros de estudos científicos como a Coppe/UFRJ, ainda assim, permanece a questão sobre o Outro da psicanálise parecer estar mais perto da arte do que da ciência.
Questões não nos faltam!
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