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2020

PSICANÁLISE E CINEMA

Coordenação: Ana Martha Maia e Stella Jimenez

O tema escolhido para este ano é “Sob o domínio do Outro: ideais, desejo, gozo”.

A formulação, propositalmente ambígua, nos permitirá escolher filmes que mostrem situações de opressão social ou do império explícito do inconsciente, em suas múltiplas facetas.

2019

Cinema e Psicanálise

Coordenação: Stella Jimenez e Ana Martha Wilson Maia

Neste ano, trabalharemos o tema As paixões do ser: Amor, ódio e ignorância.

Com este tema, daremos continuidade ao que vínhamos trabalhando: A subversão nos tempos atuais, subversão de costumes e de paradigmas, que acabou sendo atropelada por uma eclosão, também muito atual, das paixões mais primárias.

Cinema e Psicanálise

Ciclo de debates: As paixões do ser – Amor ódio e ignorância.

Debate sobre Mercado de Capitais

Doris inicia a conversa com o público colocando a dimensão de jogo implícita nos movimentos da bolsa de valores. Vários personagens dizem que se trata de um jogo.

Stella cita Lacan: O único bem que vale a pena é aquele que serve para pagar o preço do desejo (Seminário 7) e ressalta que, no capitalismo e no neoliberalismo, o dinheiro passou a ser o supremo bem. As pessoas querem dinheiro para ter dinheiro e não para obter algo em troca dele.

Teófilo Cavalcanti, na plateia, acrescentou que isso acontece desde o calvinismo, pois este começou a valorizar o fato de se ter dinheiro.

Usando a metáfora do jogo, Stella acrescentou que essa procura do dinheiro como objetivo final faz com que as pessoas sejam vistas como “fichas”. Ou seja, elas só têm valor enquanto podem ser trocadas por dinheiro. E depois, são jogadas fora. Acaba a solidariedade, já que a dinâmica é de “todos contra todos”.

O debate se dividiu em dois aspectos: os que introduziram dúvidas ou acrescentaram dados ao tema do neoliberalismo e o debate psicanalítico propriamente dito.

Houve várias pessoas que pensaram que as mulheres, neste drama, eram mostradas sem divisões, não atrapalhadas. Stella e outros participantes pensam que, pelo contrário, é muito clara a divisão subjetiva e as atrapalhações em que se encontram as protagonistas.

Ana Martha comentou o não-desejo de filho no tempo atual: “houve época em que se esperava que a mulher desejasse ser mãe”. Mas justamente, é esta uma das divisões que mostra o filme: uma mulher grávida, que cuida do embaraço, mas se obriga a ocultá-lo para não perder seu lugar no banco.

Cristina Lutterbach acrescentou que o modo de pensamento atual exige repostas precisas, que não se quer dar lugar para o indeterminado. Exigência impossível, porque a contingência sempre aparece, sobretudo nesse tipo de mercado.

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Cinema e Psicanálise

Debate sobre Mama Colonel

Stella Jimenez e Ana Martha Maia

O filme apresenta mazelas universais

– a tendência à segregação, expulsão, confinamento e extermínio de pessoas catalogadas como indesejadas. Neste roteiro, na tentação de responsabilizar algo ou alguém pelas aparições súbitas do real, tem crianças que são acusadas de bruxaria, e por isso espancadas e afastadas.

– a tendência a silenciar, invisibilizar e culpabilizar as mulheres estupradas.

Tudo isto exacerbado por condições extremas de miséria e de anomia social: o Estado não funciona, as leis são inoperantes por diferentes contradições e entraves jurídicos, sem contar que nem sequer existe solidariedade entre as pessoas que vivem numa mesma comunidade.

Lamentamos não ter tido tempo de chamar um historiador ou um antropólogo, porque seria necessária uma explicação das causas que levaram uma civilização milenária, como a africana, a tal grau de decomposição. Stella suspeita que os processos de escravização,  de colonização, neocolonização e espoliação por parte de outros países tiveram responsabilidade nisto. Vicente acrescentou a responsabilidade das igrejas cristãs que se impuseram às africanas, e a sua obscena ostentação de riqueza.

O que chamou muito a atenção de Stella foi o apelo aos significantes familiares: a protagonista era chamada Maman Colonelle, e não Senhora Colonel, ou Coronelle. Quando ela se dirigia à população o fazia com os termos pais, mães, crianças, no lugar dos habituais Senhoras e senhores, ou compatriotxs, ou congolensxs.  Ou seja, um apelo à reestruturação social a partir do mais arcaico, do mais primário, dos significantes da família. Stella acha que este tipo de discurso é sintoma de deterioração das instituições, de abalo do contrato social. Neste caso, deterioração existente; em outros casos, deterioração desejada. Ela pretende desenvolver este tema em outro texto.

Foi debatido o tema da vergonha das mulheres estupradas, das consequências da guerra e a situação das famílias, no Congo e no Brasil.

Ana Martha ressaltou que no caso das mulheres que sofreram os efeitos desta guerra, há a perda do corpo, do homem e do filho. Devastadas, reencontram um sopro de vida: Maman Coronelle não sabe o que fazer com as crianças. É quando uma das mulheres diz: “nós podemos cuidar delas, ainda somos mães”.

Uma reflexão a partir do filme Mama Colonel

A significação da defesa da família

Stella Jimenez

Ao ver o filme Mama Colonel,[1] que expõe diversas facetas da miséria humana, me detive a meditar num ponto aparentemente secundário. O Congo é apresentado como um país onde as instituições não funcionam: o Estado é inoperante, as leis não podem ser aplicadas à causa de diferentes desacordos jurídicos e nem sequer é possível contar com a solidariedade entre as pessoas.

Esta situação de anomia parece ser consequência direta da guerra entre Uganda e Ruanda, durante a qual ambos invadiram o Congo, estupraram as mulheres, mataram e mutilaram os homens. Apesar do confronto ter acabado já fazia 15 anos no momento retratado no filme, os estragos continuam presentes e os habitantes se dividem entre os danificados e os que reclamam dos danificados, dizendo: isso aconteceu faz 15 anos, essas pessoas têm que continuar em frente.

Mas também as espoliações a que a África foi e é submetida por parte dos países dominantes têm responsabilidade sobre esta situação: escravidão colonialismo, neocolonialismo, saqueio de suas riquezas.

Neste canto do mundo abandonado à própria sorte aparece Colonel Honorine, uma mulher decidida a ajudar as crianças e as mulheres submetidas a toda classe de violência. Essa mulher era chamada de Mama, Mama Colonel. Por que não senhora Coronel ou  Coronela? Poderia me limitar a pensar num apelido carinhoso, devido à forma carinhosa e firme com que ela vai resolvendo os problemas. À sua inegável vocação de mãe. Mas não é só isso. Estes apelativos familiares reaparecem cada vez que ela se dirige à comunidade. Ela diz “pais, mães, crianças” no lugar dos consabidos: senhoras e senhores, ou cidadãos e cidadãs, ou compatriotas, ou congolenses etc.

Sabemos, com Freud, que a psicologia individual é a mesma que a coletiva, e que, quando um sujeito está em perigo, a palavra que surge de sua boca é mãe.

Então, esse apelo aos significantes básicos da família não pode ser pensado como um chamado ao núcleo social mais primitivo, na ausência das instituições que deveriam ser involucradas, envolvidas?

Também vemos no filme que, provisoriamente, um dos impasses é contornado unindo mães que perderam os filhos com filhos que ficaram sem mães.  Novamente, o apelo a uma solução pela via dos sentimentos familiares mais arcaicos.

Por outro lado, Freud nos adverte que, mesmo sendo a família o núcleo básico da sociedade, ela entra em tensão com organizações sociais mais elaboradas, as que representam o contrato social. A família tende à endogamia, enquanto as instituições abrem para horizontes mais amplos.

E lembro que, geralmente, os tiranos e os aspirantes a sê-lo, além de se referenciar em significantes da linhagem paterna (Deus, a pátria), invocam repetidamente a importância da família. Esta espécie de retrocesso ao núcleo básico da sociedade parece ser um prenúncio de que esse sujeito, esse aspirante a tirano, planeja se projetar como pai ou como irmão maior da sociedade e prescindir das instituições. Podemos reconhecer essa exaltação da família e de seus valores em todos os governos autoritários e conservadores, quando não claramente fascistas.

Vemos, então, duas situações díspares nas quais coincide um enaltecimento da família — de seus significantes, de seus afetos, de seus valores — com um apagamento das instituições. No caso do Congo, para tentar restabelecer os laços sociais a partir deste núcleo primário; no caso dos regimes totalitários, para justificar um poder vertical tomando a família como modelo.

Lacan nos fala disto na Proposição de 9 de outubro de 1967. Ele diz que as sociedades se organizam em conformidade com a topologia do plano projetivo. (Mais uma vez, a sociedade demonstra ter a mesma estrutura que os sujeitos.) O plano projetivo apresenta um ponto de fuga, um ponto fora de linha.

Surgem, nos ensina Lacan, facticidades.[2] “No simbólico, temos o mito edipiano”.[3] A psicanálise necessita desse mito e precisa tomar Freud (e Lacan, e Miller), no lugar do pai, porque sem estes pais corre-se o risco de cair em diferentes delírios. Lacan diz: “retire-se o Édipo, e a psicanálise em extensão , diria eu, torna-se inteiramente da alçada do delírio do presidente Schreber”.[4] Mas na organização social de um país, que necessita ser plural, que necessita entrar no jogo dos furos instaurados pelas diversas instituições, o que significa querer preencher o furo com o pai?

Hitler dizia que a família é o principal representante do povo.

Deus, Pátria e Família era o lema do integralismo, movimento fascista fundado por Plínio Salgado em 1932. Deus, Pátria e Família é o lema da Aliança pelo Brasil, partido lançado pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019.

Estes dirigentes não querem a família só como núcleo primário da sociedade. Querem moldar a sociedade com a forma da família. Eles, claro, como pai (ou, poderia ser, como mãe). Uma sociedade como um “todo”, sem buracos, seguindo o que acham que deve ser o modelo familiar. Querem sociedades totalitárias.

Por isso, este tipo de dirigentes se ocupa de denunciar o que chamam “família disfuncional”, sem perceber que toda família funciona dessa maneira. Como querem uma sociedade tipo família sem furo, pretendem “normalizar” as famílias.[5]

Sempre que se pensa no nazismo, se lembra da facticidade da segregação, chamada por Lacan de facticidade real. Mas também estava presente a instrumentalização da facticidade simbólica para legitimar o lugar de Hitler como líder incontestável.

Claro que a família é importante! Mas é preciso ter consciência de que entre as famílias e seus líderes deve ser preservado um rico tecido social de instituições que se limitam umas às outras, que se furam entre elas, e que jamais se equilibram.

Já sabemos dos perigos do dirigente que fica invocando Deus. Mas podemos ver também o perigo daquele que se erige em defensor da família.

[1] Filme recém-lançado no Brasil, (direção: Dieudo Hamadi, Congo/ França).
[2] Elementos fictícios que simulam tamponar a fuga, e fazer aparecer um conjunto aberto como um conjunto fechado.
[3] Lacan, J. Proposição de 9 de outubro de 1967. In: Outros escritos. Rio de janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003, p. 261.
[4] Idem, p. 262.
[5] Claro que não só por isso querem “normalizar” as famílias, Também estão presentes o medo e a intolerância às diferenças.
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Cinema e Psicanálise

Debate sobre Bicho de 7 cabeças

Stella Jimenez e Ana Martha Maia

Mariana Mollica centrou sua apresentação nas dificuldades da família do protagonista. A mãe depressiva e o pai muito autoritário, habitado pela paixão da ignorância, que não conseguiam escutar as angústias do filho adolescente. Esta situação se redobrou no hospital no qual é internado sem seu consentimento.

Ela falou sobre a segregação dos sujeitos que não se alinhavam com os ideais normativos da sociedade e articulou essa situação com o genocídio que atualmente acontece nas favelas, onde só pelo fato de um sujeito ter uma cor diferente ou ser pobre já é considerado fora dos padrões e passível de ser assassinado. Este tema repercutiu vivamente no público que retomou a situação mediante exemplos.

Ressaltou, também, a sabedoria dos psicóticos, como eles enunciam pérolas, tanto a respeito do saber lidar com a situação, como de produzir beleza em forma de poesia.

Pedro Gabriel Delgado colocou duas questões cruciais.

Primeira: Os internos do hospital aparecem em situações extremamente degradadas. Isso é só cenográfico? Ele responde que não, lembrando que na época em que ele e outros psiquiatras iniciaram a luta antimanicomial os internos eram tratados dessa mesma forma. De fato, o filme é baseado num livro autobiográfico de

Austregésilo Carrano Bueno que se tornou ativista da luta antimanicomial e escritor.

Segunda questão: é possível retroceder até uma situação semelhante? Com o apoio de diversos depoimentos da plateia, ele conclui que seria impossível, pois atualmente foi dada voz aos internos e às famílias dentro dos hospitais. Todavia, é possível sim e existe um retrocesso: os alojamentos substitutivos à internação estão sem orçamento, o que tem sido investidos nos hospitais. Os CAPs estão sendo substituídos por comunidades religiosas.

Os hospitais de internação voltaram a operar com a terapia electroconvulsivante para além de sua indicação específica, ou seja, em casos de melancolia grave que não cede com psicoterapia e medicação, assim como na catatonia.  Novamente esta terapia de choque é usada com finalidades correcionais e as consequências desse tipo de terapia continuam a ser um certo déficit neuronal.

O debate foi muito animado, com perguntas e intervenções muito interessantes.

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Cinema e Psicanálise

Debate sobre o filme: A grande dama do cinema.

Angela Bernardes comenta os estragos de um luto não elaborado: os sujeitos ficam presos ao passado. Neste caso, um passado de glórias e glamour, pois somente quando os protagonistas enfrentam o risco de uma nova perda, conseguem substituir o passado e viver o presente.

Para Alexandre Lambert, este filme funciona como uma boa aula de roteiro. Ele sublinha que toda história sempre traz uma moral, implícita ou explícita (como neste filme), e que se uma história se apresenta como imparcial, leva consigo a mensagem mais insidiosa.

Foi discutido o amódio presente nas relações de amizade e nas relações de um casal. No filme, por vezes aparece mais claramente o ódio e noutras, o amor.

Por que as relações de amizade são mais potentes contra a pulsão de morte do que as de casal? A pergunta fica sem reposta.

O filme mostra, também, que não existe amizade no neoliberalismo.

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Resumo do debate: Varda por Agnés

Debatedoras: Gloria Seddon, psicanalista e artista plástica e Fátima Pinheiro, psicanalista e artista plástica da EBP/AMP

Foi uma enorme emoção assistir o filme desta pioneira, seja como mulher, cineasta ou revolucionária. Em seguida, tivemos um vivo debate no qual foram destacados vários temas:

– O amor presente na sua obra, amor dirigido ao Outro, já que para ela os outros eram mais importantes que ela mesma.

– Exemplo de arte como forma de resistência e fator de mudança.

– Importância do desejo dirigido aos Outros, na diferença da história de jovem mulher retratada num filme dos filmes de Varda, que ao longo de sua vida vai cortando seus laços até morrer.

– Importância do humor na sua obra : surge uma pergunta no debate sobre a forma com que Varda transmite sua experiência – se seria pela via da ironia ou do humor – e se conclui que se trata de uma nota lúdica.

– Crítica sobre os efeitos mortíferos do neoliberalismo que trata tudo como produtos.

– O relevo que a diretora dá ao entorno: não se limita a focar nas figuras centrais. Ela sempre vê o que usualmente não se olha.

– Elevar o objeto à dignidade da coisa: Varda eleva (literalmente falando) pessoas e coisas desprezadas pela sociedade de consumo e lhes dá um papel predominante.

– Criação de novas palavras e de novos conceitos para definir suas criações e sua arte.

Além destas observações, o debate se centrou na diferença entre arte efêmera e a caducidade rápida dos produtos da sociedade de consumo, no império da pulsão de morte.

E foi discutida a diferença entre criação (ex -nihilo) e a invenção (a partir de elementos já existentes.)

Debate sobre o filme Snowden

Por Ana Martha Maia e Stella Jimenez

Embora tenha sido lançado em 2016, sua exibição trouxe uma plateia participativa e numerosa. O debate foi muito animado, do qual destacamos alguns dos principais pontos levantados.

Snowden denunciou e mostrou que a NSA e a CIA monitoravam todos os cidadãos do mundo por meio de seus celulares e computadores. Mesmo estando desligados, com estes aparelhos é possível ativar um “nervo ótico” que permite ver e escutar tudo o que está sendo feito e falado pelo sujeito. No filme, aparece a Petrobras, Dilma e Lula sendo observados. Snowden declarou que esse monitoramento serve para se apoderar dos recursos de outros países e para derrocar ou debilitar governos não alinhados com os objetivos estratégicos dos EEUU. É uma estratégia de guerra e a CIA e a NSA estão em guerra contra todos. O pre-sal corresponde a um terço das reservas petrolíferas do mundo.

Neste cenário, qual é o papel da imprensa?  Vimos, com a presença do jornalista convidado, Geraldo Mainenti, que o dever ético é publicar os fatos de interesse público, devidamente checados. E como funciona a mídia no Brasil? É subserviente da Cia e da NSA, já que defendem os mesmos objetivos: os interesses neoliberais das grandes corporações que querem lucrar cada vez mais. Todas essas corporações, por sua vez, são canalizadas para a indústria das armas e da guerra. Então, os grandes jornais publicam fatos não confirmados e omitem outros, sempre servindo ao capital financeiro. Neste sentido, surgiu um trocadilho: liberdade de imprensa não é liberdade de empresa.

Foi discutido o papel dos jornalistas: muitos se submetem à linha executiva para não perder o emprego. Mas sempre é possível fazer uma escolha ética, como Geraldo Mainenti: ele se demitiu de todos os órgãos que falseavam intencionalmente os acontecimentos.

Foi um erro de Lula continuar a subsidiar a Globo? Teria que ser criada uma mídia mais democrática? Muitos apostaram no papel da Internet como veículo de informação independente.

Foi levantado o fato de que nesse campo da SNA, a CIA e as corporações também há contradições. E que um só homem, com seu desejo, como disse Lenita Bentes, conseguiu sacudir esse imenso poder.

Foi colocada a pergunta de por que a população não reage ao conhecer as notícias veiculadas pelo Intercept. Será que a população está imbecilizada?  Foi respondido que duas grandes paixões humanas foram mobilizadas propositalmente para cegar à população: a paixão do ódio e a paixão da ignorância. Frente a estas paixões claudicam os argumentos e as evidências. Como se opor a elas?

Uma possibilidade seria por meio da cultura. Levar a arte, o teatro, o cinema, para comunidades que só contam com as igrejas para amenizar suas angústias.

Apesar de não ter sido retomada no debate, achamos impactante a resposta que deu Snowden ao ser interrogado sobre a possibilidade de ser morto: Todos vamos morrer. O importante é a maneira em que se vive.

Aconteceu na Cidade

Sobre Psicanálise e Cinema

Por Ana Martha Maia e Stella Jimenez

Debate sobre o filme Elefante, de Gus Van Sant: dois adolescentes invadem a escola, disparam a esmo e morrem logo depois. Debatedores: Cristina Duba e Sergio Javier Ferreira, cientista social. O debate foi muito animado! De inicio, Cristina Duba falou sobre o título do filme e o relacionou a uma parábola chinesa. Elefante seria uma referência à frase “Tem um elefante na sala”, ou seja, algo muito grande e incômodo que todo mundo finge não ver.  E também a uma parábola chinesa que narra como diferentes cegos querem definir um elefante a partir do pedaço que tocam: nunca chegam ao elefante total. Assim, Cristina situou o papel do indefinível frente a um ato tão radical. Ambos debatedores assinalaram o papel da meritocracia nos EEUU, onde desde a infância aparece a bipartição: ser perdedor ou bem-sucedido. O público presente comentou diferentes aspectos que o filme aborda, como a facilidade de se conseguir armas, a exclusão social e os jogos de vídeo game. Houve um certo consenso em torno do fato de que existiriam certos elementos que se poderiam pautar, embora sempre ficaria algo de inconclusivo:

Em pessoas que se sentiram excluídas, se a ideologia dominante faz apologia do uso de armas, pode surgir não só o desejo de vingança senão também a fantasia delirante de se construir um lugar social importante, ainda que depois da morte.

O fácil acesso à compra de armas.

Garotos que não conseguem separar realidade de jogo, por não poderem metaforizar.

Sobre a importância dos videogames não houve uma conclusão definitiva, já que alguns participantes insistiram em que os jogos e os filmes violentos teriam um papel muito importante em incitar estes atos.

http://ebp.org.br/rj/2019/08/05/elefante/

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