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Conversas sobre o passe na Escola de 17/09

Anotações de Sandra Viola

 

Na última “Conversa sobre o Passe”, contamos com a participação de Fernando Coutinho e Andrea Reis. O primeiro, comentando o texto de Marie-Hélène Brousse, “Parear e Apostar”, no Correio 74, e Andrea comentando um outro texto da mesma autora, por ocasião da Conversação sobre o Passe, “O desejo de nomear”.

Fernando traz a diferença radical entre o procedimento da nomeação de um analista na IPA e o procedimento do Passe na Escola de Lacan, quando nomeia um AE. Na IPA, conta-se com um universal que implica análise didática, supervisão e episteme com um diploma obtido num tempo quantificado.

Seguindo com Brousse, Fernando comenta como se nomeia um AE na Escola de Lacan, o que os componentes da Comissão do Passe esperam do candidato que vão nomear (ou não)? Estarão esses componentes em sintonia com a subjetividade de suas épocas?

Refere-se a Lacan em “Função e campo da fala e da linguagem”, quando este reforça a função dos passadores: “A orientação de saber sobre a subjetividade de sua época impõe-se ao analista da Escola, mas impõe-se também, com mais forte razão, aos passadores e aos componentes da Comissão do passe, ao exercerem a função de nomear um novo analista”.

Dois significantes, Parear e Apostar, intitulam o texto de Brousse como forte orientação no trabalho dos passadores.

Parear, (próprio à lógica do significante) como o impossível de não ser feito ao trabalhar como os tratamentos transmitidos; mas igualmente impossível que fosse a partir disto, a decisão de nomeação no dispositivo do passe.

Apostar como o que implica uma perda inaugural, implica o real e está no cerne do tempo lógico. Conclui-se que, para nomear, os membros da Comissão consentem com um risco calculado, a perda de saber advindo de um saber anterior.

Citando MHB: a perda do saber que resulta das nomeações anteriores e mesmo do saber institucional referente a determinadas normas identificatórias do analista…

Há que se abandonar as identificações aos pares(parear) e parir a mais estreita singularidade do Um, com todas as dificuldades e implicações que isto comporta.

Andréa fala destas dificuldades ao tomar os dois sintagmas usados por Brousse e que me parecem bem traduzir o texto da autora: desejo de nomear e ódio de nomear.

A função do cartel é ouvir e dizer sim a achados que são absolutamente singulares e fora da cadeia de significante do passante, não sendo possível se enquadrar em nenhum critério prévio.

Quanto ao ódio de nomear, este seria a expressão da dificuldade com a presença do gozo singular de cada um naquilo que há de disruptivo no campo do matemizável, porque não se articula no discurso, produzindo horror, muitas vezes.

A orientação do Passe é feita por uma outra lógica onde a coletividade psicanalítica será abordada por uma identificação não segregativa.

O passe não acontece pela via de uma demonstração, mas de uma mostração, na redução ao máximo da solução significante. Poderíamos, então, dizer que a mostração, a transmissão do gozo precisa necessariamente da escrita?

MHB propõe pensar se o escrito não seria mais dócil ao inclassificável e à inovação do que a palavra dá como exemplo a poesia.

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