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Uma palavra para Stella Jimenez – por Ana Tereza Groisman

O trabalho de luto exige tempo, um tempo de recolhimento e silêncio. Um tempo diferente onde a ausência se faz presente de diversas formas.

Recebi a notícia de que Stella estava gravemente enferma logo após a perda de um amigo querido. Com a notícia do seu falecimento, o impacto foi brutal. E o silêncio se impôs… como colocar palavras no que acontecia? Impossível!

Guardei desde então um silencio doloroso.

Veio a reunião que fizemos em sua homenagem, foi difícil, emocionante e necessária. Muito pôde ser dito sobre Stella e seu lugar, tão singular, pouco a pouco trançado através das falas de cada um.

A Escola e o instituto se reuniram para tentar encaminhar um trabalho de luto que ainda levará muito tempo para se concluir. Segui com um bolo na garganta, não encontrava palavras que pudessem dizer do vazio deixado por ela. Entretanto, seguir em silêncio não dissipa essa sensação.

Recentemente, no primeiro encontro do núcleo de topologia sem Stella, pude finalmente romper o silêncio e algumas palavras brotaram junto às lágrimas que acompanham o luto.

Poucas palavras são necessárias para dizer que Stella teve uma importância enorme em minha formação, mas nenhuma será suficiente para dar conta do vazio deixado por sua perda. Talvez leve uma vida para escrever os rastros deixados por sua presença.

Por enquanto, o que me ocorre é agradecer, agradecer à Stella sua acolhida generosa, seu incentivo animado e suas questões provocantes. E deixar registrado o reconhecimento de que devo a ela um bom encontro com a topologia. Um encontro que fez acontecimento em minha formação e determinou um caminho.  Foi fascinada pelos nós e sobretudo pela articulação precisa entre a topologia e a clínica, que Stella produzia em seu ensino, que iniciei meus estudos de Lacan e encontrei uma forma de enlaçar-me ao trabalho de pesquisa, primeiro no ICP e hoje também na Escola.

Os nós se tornaram um valioso instrumento de navegação e devo a Stella esse achado fundamental. Stella generosamente nos deixou muitos rastros, que não se apagarão tão fácil quanto os rastros no mar. Cada um que soube se aproximar dela, pôde desfrutar de suas orientações precisas na leitura de Freud e Lacan, apoiadas num fazer clínico sempre surpreendente.

A topologia, tida por muitos como um estudo hermético e inacessível, era costurada à clínica de uma maneira simples e extremamente refinada. Stella não se limitava a articular conceitos, mas buscava na clinica a validação do que estávamos lendo teoricamente.

Simplicidade e refinamento sempre serão uma marca da Stella. Uma marca que teve para mim um impacto de formação.

Stella, muito obrigada!

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