Sobre o Seminário de Orientação Lacaniana

O SOL em 03/06/2019 deu-se a partir do comentário de Cristina Duba sobre Je suis Charlie que ela intitulou “O psicanalista e as paixões: o gosto do riso e a blasfêmia”.

Uma discussão sobre os pequenos textos reunidos e escritos por J.-A. Miller, logo após o atentado ao jornal Charlie Hebdo em Paris, foi bem oportuna diante do que vivemos atualmente no Brasil, quando a liberdade de imprensa encontra-se ameaçada pela política e uma onda moral e evangélica visa emperrar avanços nos costumes conquistados por minorias. Como Ondina Machado comentou na ocasião, Cristina nos apresentou o cerne da questão: “o ressurgimento do valor da blasfêmia em contraponto à tradição iluminista dos poderes da razão”. No caso do atentado ao jornal francês, tratou-se nas palavras de Ondina da “invasão do oriente pelo ocidente, do discurso capitalista no discurso do mestre, da vacilação própria ao semblante na fixidez do sentido religioso”. Quanto a isso há nuances diversas no caso do Brasil, mas uma estrutura comum pode ser destacada da fala de Cristina ao interrogar se “o direito de rir de tudo já não é necessariamente um insulto ao gozo do próximo. Um fato de racismo de gozo […] relacionado ao recrudescimento do sentido religioso”, segundo ela, “do lado da psicanálise a questão se expressa mais no sentido do humor, menos do riso” o que abriu um interessante debate sobre a articulação entre supereu e humor.

http://ebp.org.br/rj/2019/08/04/o-psicanalista-e-as-paixoes-o-gosto-do-riso-e-a-blasfemia/

http://ebp.org.br/rj/2019/08/04/comentario-sobre-o-texto-de-cristina-duba-o-psicanalista-e-as-paixoes-o-gosto-do-riso-e-a-blasfemia/

Por Heloisa Caldas