skip to Main Content

Por Marcia Zucchi

Stella não era exatamente uma amiga, era mais… Em meu trajeto na psicanálise foram muitas as vias que percorri com ela. Era uma pessoa especial por muitas coisas e para muita gente… Sua relação com as línguas e as palavras me marcou profundamente. O português falado com sotaque próprio, apontando a língua do Outro, ressoou no corpo de muitos que, como eu, tiveram sua lalangue constituída no burburinho do vozerio dos imigrantes. Nós, apaixonados pela psicanálise, pela política e pelas artes, encontramos nela um rigor conceitual absoluto, num estilo econômico, discreto, ao mesmo tempo agudo, preciso, cheio de humor e picardia, mas sem qualquer concessão. Isto aumentava a potência de sua vigorosa transmissão da psicanálise e de sua defesa incansável da democracia. Que privilégio o nosso!

Stella era ímpar. Se a Escola é feita de um coletivo de solidões, como afirmou Miller, ela era o signo disso. Uma singularidade que se sustentou única, porém tecendo infinitos laços, dando vida à experiência de Escola.

Em quase todas as ocasiões vi Stella buscando a palavra mais precisa… Se eu tivesse que escolher agora uma palavra justa para falar sobre ela, diria… “pra sempre”.

Back To Top