Em um cenário de perdas e desamparo, a psicanálise revela-se uma trincheira contra a pulsão…
Momento de concluir entre o instante de ver e o tempo para compreender
Andrea Vilanova
O biênio se conclui e para mim se abrem novos tempos a partir do trabalho de Escola produzido sob a transferência de trabalho sustentada por cada uma das minhas colegas de diretoria – Andréa Reis, Ana Tereza Groisman e Renata Martinez –, e das minhas colegas de comissão – Anna Luiza Almeida e Silva (2019), Carla de Sá Freire C. Cunha, Geisa de Assis, Heloísa Shimabukuro, Jessica Nogueira Gomes (bibliotecária), Maria Antunes (2019), Maria Corrêa, Marina Morena, Ondina Machado, Patrícia Paterson, Paula Legey –, em dois tempos muito distintos.
Começamos apostando nas portas e janelas abertas, no intercâmbio, no trânsito com e na cidade. Vieram as chuvas, vieram os incidentes hidráulicos de grandes proporções e seguimos na bricolagem refazendo nosso lugar, nosso espaço de encontro. 2019 foi um ano de muito trabalho, que pôde contar com a presença de nossos colegas e nossa comunidade no ir e vir de nossos dias. Chegou 2020, fomos surpreendidos também com a chegada da pandemia provocada pelo corona vírus. Sem a nossa sede, fomos colocadas à prova sobre como seguir tendo que redimensionar um cotidiano marcado pelo isolamento social, tendo as telas como meio de acesso e conexão com nossos colegas e nossa comunidade, nossos amigos, nossa família, nossa clínica.
Durante esse tempo de novas exigências, experimentei mais do nunca o que pode ser uma biblioteca viva, como deve ser uma biblioteca como a nossa. Do trabalho silencioso, muitas vezes solitário de registro, transcrição, revisão e escrita, fizemos saltar a voz do texto, editando o volume 16 de Arquivos da Biblioteca. Uma edição que só encontrou sua conclusão no dia do lançamento, a partir das vozes de cada uma das colegas envolvidas nesse trabalho junto à Biblioteca Carlos Augusto Nicéas.
Neste momento de concluir, me despeço da função, agradecida pela oportunidade de experimentar na minha própria pele o que sustentei com o desejo decidido pelo trabalho de Escola, não sem minhas colegas de diretoria e de comissão. Agradeço a cada uma. Nesta conclusão seguem abertas abas e janelas, não apenas do computador ou do celular. Falo da abertura necessária para recolher os efeitos de formação que essa passagem me oferece, pelo tanto que me ensinou.