Prezados colegas, desejo disponibilizar para vocês a gravura que ofereci em homenagem à nossa querida…
Homenagem à Stella – por Ondina Machado
Não sei antes, mas a partir da minha geração, tenho certeza que a Stella fez parte da formação de todos nós. De um jeito ou de outro, ou melhor, do seu jeito. Stella se fez presente por vias mais convencionais tais como seminários, textos, supervisões e análises. Mas não só. Vou contar a primeira vez em que a Stella se infiltrou na minha formação.
Eu já a conhecia desde 1981-82, quando deu aulas no Curso de formação da SPID, instituição psicanalítica da qual fazia parte à época. Mas o que aqui estou chamando de infiltração, deu-se poucos anos depois, na época do Corte Freudiano, não sei se antes ou depois da sua fundação. Era uma das muitas festas que fazíamos para comemorar qualquer coisa, acho que essa pelo final de uma Jornada. Não lembro exatamente. Enfim, o pessoal da velha guarda vai lembrar. Foi uma festa junina. O lugar era a casa do Quinet ainda em construção. Um piso com chão de terra, barro e, para combinar, muita chuva. Perfeito para uma festa junina. Tinha tudo de bom que uma festa junina tem, principalmente o casamento caipira. Quem era a noiva? Stella Jimenez!!!!! Ela “casou” com o marido da Sonia Alberti, um homem imenso e Stella pequenininha. Ela usava um vestido de noiva, véu e grinalda, com um pequeno detalhe: o vestido não fechava nas costas. A noiva e o noivo, felizes, dançavam e puxavam a quadrilha. Stella segurava o vestido, como podia, porém, sem parar de dançar. Tudo meio tosco. Para mim inacreditável! Me diverti muitíssimo. Além de uma deliciosa lembrança, esse episódio teve, para mim, um efeito de formação. Em vários momentos de minha análise lembrava da cena da Stella dançando quadrilha, de braços dados com um cara que era o dobro dela e com o vestido despencando. Qual foi o efeito? Foi da ordem de uma experiência, experiência que tocou questões sobre a transferência, o sujeito suposto saber, o analista como Outro, a idealização, o semblante, a enfatuação, o S(A/). Enfim, isso tudo para dizer: obrigada, Stella.