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COMENTÁRIO SOBRE O SEMINÁRIO CLÍNICO

Por Thereza de Felice

No último dia 11 de setembro, no Seminário Clínico, escutamos o trabalho de Angélica Bastos em torno de um caso clínico, acompanhado dos comentários de Maria do Rosário Collier do Rêgo Barros. Acompanhamos o caso de uma paciente que busca a análise pouco antes de um diagnóstico de câncer, e os desdobramentos, com sua entrada em análise, que a levaram a se localizar como uma mulher que atravessa um caminho com o gozo – um caminho de culpa, angústia, defesas, imperativos, etc.

Angélica apresentou o caso, demonstrando um trabalho com o real que persiste no corpo e se mostra sufocado pelo imaginário – nesse caso, o imaginário em jogo no excesso de cuidado e higiene com o corpo. O que escapava dessa forma engessada aparecia pela via da culpa e da “sujeira”. Na passagem do virtual para as sessões presenciais, Angélica aponta a um consentimento a levar a sujeira para a análise.

Maria do Rosário destacou as intervenções da analista a partir do que produziram de aberturas ao inconsciente, ao longo da análise. Intervenções que possibilitaram a introdução de um “como se” – um divino detalhe, como marcou Rosário, que incidiu sobre algo que, quando a paciente buscou a análise, aparecia como sobredeterminado. Da queixa de que não conseguia fazer ou explicar algumas coisas, passou a contar com um “como se houvesse algo para ser lido”, o que é diferente do enrijecimento daquilo que “não consegue” ler, explicar ou fazer.

Podemos destacar este como um dos pontos importantes suscitados pela apresentação deste caso: as interpretações e atos do analista abrem para um encontro com a contingência que leva à possibilidade de escrita do impossível. De modo distinto das contingências da vida que levam à necessidade – como, por exemplo, um câncer -, a análise levou, neste caso, à possibilidade de se ler as contingências a partir de um “como se”, marcada especialmente no relato de um sonho, produzindo a diferença e o surgimento de uma escrita nova.

 

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