Prezados colegas, desejo disponibilizar para vocês a gravura que ofereci em homenagem à nossa querida…
A aposta de Stella: esperançar! – por Maria do Rosário Collier do Rêgo Barros
Obra: Resistentes de Gloria Seddon. Vídeo de André Seddon Markwald. Edição: Natasha Corbelino
Stella Jimenez, uma querida amiga de muitas construções na Escola e no ICP. Encontrei Stella em 1986 quando ela veio conversar conosco sobre a possibilidade de construir no Rio uma Instituição ligada ao Campo Freudiano. De lá pra cá foram muitas as construções e muitas as travessias que participamos, que compartilhamos para manter vivo um funcionamento de Escola no Rio e no Brasil.
A notícia de seu falecimento me chegou juntamente com dois vídeos que traziam Stella em sua vivacidade desejante. Guardei dessa escuta duas palavras que vão me ajudar no trabalho de luto: partilhar e esperançar. Esperançar, que ela foi buscar em Paulo Freire para falar de seu desejo de continuar construindo o que torna possível a psicanálise em nosso tempo.
Transformar a esperança em um verbo, como fez Paulo Freire, pode nos servir muito nesse momento para nos dispor a acolher a contingência, o imprevisível dos acontecimentos sem ideias pré-fixadas que nos impeçam de tirar consequências deles. É diferente esperar como uma atitude passiva e esperançar como abertura ao ato que faz acontecimento.
Esperançar foi a aposta de Stella.
Em outro texto recente sobre a democracia, Stella lembra Guimarães Rosa quando diz: “o que a vida quer de nós é coragem”. De que coragem se trata? O seu texto indica a coragem de respeitar sua própria singularidade ao lidar com a contingência dos acontecimentos, o que faz a diferença absoluta de cada um de nós.
Stella, seu sorriso acolhedor, seus olhares, suas elaborações, sua transmissão, sua firmeza para defender suas posições trazem a marca de seu jeito único, que tivemos o privilégio de compartilhar. Sentiremos sua falta!