Licene Garcia A Comissão da Diretoria de Biblioteca da EBP-Seção Sul, nesta 7ª edição extraordinária…
S.O.L – Há que distinguir ensino e ensinar
Nohemí Brown (presidente), Flávia Cêra (secretária), Cleudes Slongo, Leonardo Scofield, Marcia Stival O. e Maria Teresa Wendhausen.

Relançamos o Seminário de Orientação Lacaniana. SOL, como carinhosamente o colocamos. É um significante da EBP, que visa manter discussões sobre pontos atuais no Campo Freudiano. O vivo das discussões, a partir do que de certa forma nos toca em cada lugar. O Conselho deliberativo da Seção Sul[1] tem como uma de suas responsabilidades este seminário. Se pretendemos algo com o SOL é que tenha o valor de um feixe de luz. Que possa iluminar, elucidar no melhor dos casos, pontos que nos permitam sustentar a psicanálise como uma disciplina viva e que pulsa. Seja porque algo nos interroga, ou porque nos parece tão obvio, tão comum, que se torna obscuro ou porque por ser difícil esperamos que outros o digam. Trata-se na Seção de uma forma de tomar a palavra.
Neste sentido o SOL, o seminário de Orientação Lacaniana, é a proposta de um work in progress. Work, trabalho. Uma forma de provocar ao trabalho nos colocando a trabalho. Não é uma obra terminada, é um seminário que pode semear dúvidas, curiosidades, pontuações, extrair uma orientação. Neste sentido vale retomar os textos de Lacan não como uma obra acabada. Como indica Jacques-Alain Miller no Ser e o Um (2011), na primeira lição, obra não era o termo que Lacan usou para o que fazia como ensino. Ele preferia apresentar o que transmitia em termos de “entrada” (hors-d’oeuvre). De algo que abre o apetite, mas que para que se chegue ao prato principal há que se implicar. É interessante porque é um convite a extrair algo de nós com relação ao que se diz. Um digerir o que Lacan disse, Miller pontua. E trago essa metáfora porque no ano passado, no SOL, tomamos como referência o curso O banquete dos analistas com relação à Formação do analista e à Escola. Desta vez, o banquete é outro, partindo dos pontos levantados neste seminário e as voltas com interrogações que ficaram como saldo do trabalho do ano anterior, um elemento se decantou: uma questão sobre o ensino. O ensino foi a via, em conversa do Conselho com a Diretoria, para esclarecer o campo que nos implica enquanto instituição, enquanto Seção da EBP no Sul do país e, talvez, na relação de vizinhança com as instituições que aqui tem a marca da Orientação Lacaniana.
Foi nestas coordenadas quando aconteceu a Grande conversação da AMP e a fala de JAM de encerramento que, como sabemos é mais bem de abertura, tocou na questão do ensino. A qual extraímos e problematizamos, dando lugar ao título do SOL deste ano: Há que distinguir ensino e ensinar. O que isso quer dizer? Como podemos situar o que aqui acontece a partir desse ponto? Por que neste momento interessa à psicanálise de OL a questão do ensino? Porque nos interessa esse tema aqui. Como texto geral tomamos as últimas duas lições do curso Todo el mundo es loco, mas não só, como temos visto ao longo das reuniões.
Para nos colocar a trabalho constituímos um cartel, com os membros do Conselho, mas tendo a Ram Mandil como Mais-um. Um cartel com certa função de suporte epistêmico para abrir a elaboração. Uma pontuação de Lacan nos tem colocado a trabalho na última reunião de cartel: “O que realmente me cabe acentuar é que, ao se oferecer ao ensino, o discurso psicanalítico leva o psicanalista à posição do psicanalisante, isto é, a não produzir nada que possa dominar, malgrado a aparência, a não ser a título de sintoma.”[2]
Seminário e cartel não se confundem, mas como espaços de Escola visam manter a boa tensão para que a psicanálise esteja no bom lugar.
Cada um dos conselheiros sustenta e coloca a trabalho sua questão. Abrindo o apetite, espero… Temas que de alguma forma já circunscrevem o que do ensino se destaca: O impossível e a época, O que se experimenta do ensino e o ensinar, Um ensino ímpar, O impossível, o discurso analítico e o ensino, O que se passa? e Oposição entre ensino e experiência?