#06 – outubro 2021
Mariana Zelis(EBP/AMP) – Coordenadora da Comissão de Divulgação
Aproximando-nos da nossa 2a Jornada da EBP Seção Sul: Falar sobre o que não existe, do gozo do sentido às bricolagens possíveis, lançamos oboletim Bricolagens6, reunindotrabalhosrealizados em duas preparatórias. Na primeira, a partir do título “O Mistério do Corpo Falante”, nossas convidadas Elisa Alvarenga (AME, EBP/AMP) e Laureci Nunes (EBP/AMP) apresentaram suas hipóteses e importantes elaboraçõesem torno do eixo: Qual o estatuto do que faz falar?
Na segunda, sob o títuloO sujeito trans e a psicanálise: uma parceria possível, tivemos a oportunidade de reunir uma mesa muito especial com a participação de Blanca Musachi (EBP/AMP), Eliane Costa Dias (EBP/AMP) e Oscar Reymundo (EBP/AMP), participantes do Observatório de Gênero, Biopolítica e Transexualidade da FAPOL.Numa articulação com o tema do eixoSubjetividades contemporâneas: o real do gozo e a trama dos discursos, transmitiram, cada um deles, valiosas e orientadoras questões teóricas, clínicas e políticas sobre o tema.
Na coluna Rebotalhos os comentários pontuais e elaborados de Célia Ferreira Carta Winter (EBP/AMP) e de Gustavo Ramos da Silva, nos levam a fazer um novo percurso do trabalhado nas preparatórias, enriquecendo-as com suas contribuições.
Como novidade apresentamos o espaço Ex.peri.ência(s).Um convite paratransitar por galerias vívidas de várias artes, experienciando bricolagens desde um outro lugar.
Nas Referências Bibliográficas, uma citaçãoimportante deLacan do Seminário 20 na qual formulao que estaria sustentando o discurso analítico.
Por último, em Fragmentos Outros, Juliana Rego Silva compartilha um trecho do livro de Aline Bei, O peso do pássaro morto, no qual algo do existir pode ser falado.
Eis aqui uma nova Bricolagens para ler, ver, ouvir… Já estamos perto!
ATIVIDADE PREPARATÓRIA SOBRE O EIXO 4: Qual o estatuto do que faz falar?
O MISTÉRIO DO CORPO FALANTE
Elisa Alvarenga (AME EBP-AMP)
Agradeço o convite de Nohemí Brown e dos colegas da Seção Sul para participar deste Seminário Preparatório em direção à II Jornada de vocês, sobre um tema tão pertinente e atual. Nohemí me pediu que abordasse o quarto eixo, “Qual o estatuto do que faz falar?”. Retomando o argumento e a proposta deste eixo, pensei que poderia trazer-lhes algo que estou trabalhando no Seminário 20, fato este que me levou a um retorno, inicialmente, ao Seminário 19, para aproximar a questão do ser e da existência abordados por Lacan através dos aforismos “não há relação sexual” e “Há Um”. Minha primeira hipótese então é: o que faz falar tem a ver com o encontro do significante com o corpo, furando o corpo e produzindo marcas de gozo. Não sabemos por que, no banho de lalíngua em que nasce um falasser, um significante marca o corpo de maneira privilegiada, introduzindo o inconsciente no corpo do ser falante. Assim, como diz Lacan no Seminário 20, “o real é o mistério do corpo falante, é o mistério do inconsciente”.
REBOTALHOS NOVE
Célia Ferreira Carta Winter (EBP/AMP)
O título e sua provocação significante: Mistério do corpo falante… por que mistério? Esse mistério estaria correlacionado ao Real? Esse realque Lacan descreve como impossível? Real a ser definido em relação ao Simbólico e, ao Imaginário, mas que não pode ser simbolizado totalmente na palavra e na escrita e, por consequência, não cessa de não se escrever? Corpo? Questão caraàpsicanálise desde Freud e as histéricas, é abordado por Lacan em toda sua obra. No Seminário 20Encore,joga com o equívoco da língua, um corps, ao falar do corpo. Apoiadono ensino de Freud, que introduzo corpo na psicanálise pelo sintoma, Lacan, em 1975,atualiza a questão do sintoma quando o definecomo acontecimento de corpo (unévenement de corps).Nisto temos o contingente e o mistério?
REBOTALHOS DEZ
O sujeito trans entre a clínica e a política
Gustavo Ramos da Silva
No último dia 8 de setembro tivemos mais uma preparatória a II Jornada da Seção Sul da Escola Brasileira de Psicanálise “Falar sobre o que não existe. Do gozo do sentido às bricolagens possíveis”. Dessa vez a atividade se centrou no eixo 3, intitulado “Subjetividades contemporâneas: o real do gozo e a trama dos discursos”, escrito por Nohemí Brown. Desse modo, tendo como base o eixo clínico e político, Oscar Reymundo, coordenador da mesa, convidou Blanca Musachi e Eliane Costa Dias – todos integrantes do Observatório de Gênero, Biopolítica e Transexualidade da FAPOL – para falarem um pouco desse entrelaçamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Pela Comissão de Referências Bibliográficas: Fernanda Baptista, Flávia Cêra, Gustavo Ramos, Licene Garcia, Valesca Miranda Lopes, Teresa Pavone (coordenadora)
Seminário 20
LACAN, Jacques. O Seminário, livro 20: mais, ainda. Trad. de M.D. Magno. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
“[…] o discurso analítico só se sustenta pelo enunciado de que não há, de que é impossível colocar-se a relação sexual. É nisto que se escoram os avanços do discurso analítico, e é por isso aí que ele determina o que é realmente do estatuto de todos os outros discursos.” (p. 16)
“Com efeito, a lógica, a coerência inscrita no fato de existir a linguagem e de que ela está fora dos corpos que por ele são agitados, em suma, o Outro que se encarna, se assim se pode dizer, como ser sexuado, exige esse uma a uma. E é aí que está o estranho, o fascinante, é o caso de se dizer – essa exigência do Um, como já o Parmênides nos podia fazer prever, é do Outro que ela sai. Onde está o ser, há exigência de infinitude.” (p. 17)
“O que diz respeito ao ser está estreitamente amarrado a essa seção do predicado. Daí nada poder ser dito senão por contornos em impasse, demonstrações de impossibilidade lógica, onde nenhum predicado basta. O que diz respeito ao ser, ao ser que se colocaria como absoluto, não é jamais senão a fratura, a rachadura, a interrupção da fórmula ser sexuado, no que o ser sexuado está interessado no gozo.” (p. 18)
“O significante é a causa do gozo. Sem o significante, como mesmo abordar aquela parte do corpo? Como, sem o significante, centrar esse algo que, do gozo, é a causa material? Por mais desmanchado, por mais confuso que isto seja, é uma parte que, do corpo, é significada nesse depósito.” (p. 30)
EX.PERI.ÊNCIA(S)
Curadoria: Cínthia Busato (EBP/AMP) – coordenação, Artur Cipriani, Bárbara Biscaro, Lucila Vilela, Valéria Beatriz Araújo
O que se constrói? Diante do que se constrói? Convocados pelo tema de nossa jornada podemos pensar, com Freud, que numa análise se constrói uma cena, a fantasia fundamental que vela o indizível, o inimaginável do real. Essa fantasia é construída em torno de um abismo que produz eco no corpo: “as pulsões são no corpo o eco do fato que há um dizer”. Epistemicamente temos muitos espaços de construção em nossa Escola, aqui apostamos em fazer existir um espaço de ex.peri.ência(s), pois a arte também constrói algo em torno do real, também conhece o abismo e faz algo com ele, toca o real, criando bordaduras.
FRAGMENTOS OUTROS
Juliana Rego Silva
“(…) tem o que no mundo quando há tempo pra ver? quando eu tenho tempo pra ver nada acontece no banco da praça, ali tudo escorre e tudo é perda mesmo quando estou fazendo o que imaginei que gostaria de estar fazendo, mas ao fazer bate aquela sensação esquisita de ainda estar viva justamente nesse ano, exatamente nesse corpo que sou eu, as pessoas sabem meu nome, me chamam, então existo ao mesmo tempo que sou invisível na multidão.”
Aline Bei, em O peso do pássaro morto
INSCRIÇÕES ABERTAS 2ª JORNADA da EBP SEÇÃO SUL:
Valores para inscrição até 30/08/21
- Membros e profissionais: R$ 130,00
- Alunos dos cursos do ICPOL, da APLP e alunos de graduação: R$ 80,00
Valores a partir de 01/09/21
- Membros e profissionais: R$ 180,00
- Alunos dos cursos do ICPOL, da APLP e alunos de graduação: R$ 100,00
ENVIE SUA PARTICIPAÇÃO
Perguntas, questões, breves textos (até 1000 caracteres s/espaço), poemas, artes, etc.
Ao e-mail: jornadaebpsul@gmail.com
Assunto: Divulgação