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#04 – Agosto 2021
Adriana Rodrigues

Nesta quarta edição do Bricolagens damos início a apresentação e discussão sobre os eixos de trabalho da 2ª Jornada da EBP Seção Sul – “Falar sobre o que não existe. Do gozo do sentido às bricolagens possíveis”. Serão 4 eixos orientadores com os seguintes temas:

Eixo 1 – Bricolagens: o fazer singular com os restos ao longo de uma análise?
Eixo 2 – A verdade não existe. Qual lugar para a democracia?
Eixo 3 – Subjetividades contemporâneas: o real do gozo e a trama dos discursos
Eixo 4 – Qual o estatuto do que faz falar?

Neste Boletim vocês poderão ler e escutar os autores que desenvolveram os argumentos dos eixos 1 e 4, Liège Goulart e Gilberto Rudek da Fonseca, respectivamente.

A discussão sobre estes eixos continua na coluna Rebotalhos com os comentários de Maria Teresa Wendhausen e Valéria Beatriz Araújo, que destacam pontos fundamentais dos textos de cada eixo, abrindo para novas questões que por si só já materializam os primeiros efeitos de trabalho a partir dos eixos da Jornada.

APRESENTAÇÃO DOS EIXOS DE TRABALHO

Eixo 1 – Bricolagens: o fazer singular com os restos ao longo de uma análise?

Liège Goulart (EBP/AMP)

Do que se trata, em psicanálise, quando falamos em “restos”? São restos de um discurso, aquilo que cai de um discurso? São significantes amo, os S1, traços que desenham o corpo falante e, por isso mesmo, marcam as bordas de seu gozo? São o que sobra das identificações primeiras? São os efeitos de uma leitura outra? Estamos sempre às voltas com seu estatuto temporal e espacial, sua matéria e seus destinos. Os restos são produzidos, estavam sempre ali…

REBOTALHOS QUATRO

Comentário do Eixo 1: Bricolagens: o fazer singular com os restos ao longo de uma análise?

Por Maria Teresa Wendhausen (EBP/AMP)

Um ponto do eixo apresentado pela Liège que destaco, dentre tantos outros também fundamentais, se refere a uma questão que ela mesma elucida, na conversação, a respeito da diferença entre S1 e Há Um, questão essa que, como assinalou a coordenadora da atividade, já tinha sido colocada pela autora, por ocasião da apresentação da Jornada.

Em sua fala afirma a diferença entre S1 e Há Um. Esclarece do que se tratam os S1, que “são os significantes do discurso amo, do discurso do mestre, discurso do inconsciente, que regem a vida de um sujeito”. Mas, assinala que, a seu ver, não basta numa análise isolar estes significantes. “…Eles precisam ser lidos como letra. O Há Um seria esse S1 lido como letra, ser de gozo…”.

Interessante destacar aqui a diferença que ela também introduz entre significante e letra.

A partir destas elaborações tão precisas que a Liège nos traz e que permitem seguir pensando sobre o percurso de uma análise e seu final,a questão que se coloca para mim é qual a relação da interpretação com “o saber ler” e de que modo ela opera para que os significantes isolados possam ser lidos como letra?

Espero que esta pergunta possa se unir a tantas outras que, certamente, este eixo suscitou e continuará suscitando para a construção da 2ª Jornada da EBP-Sul.

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Eixo 4 – Qual o estatuto do que faz falar?

Gilberto Rudeck da Fonseca (EBP/AMP)

Lacan, ao comentar o título do seu Seminário livro 19 – … ou pior – , afirma que os três pontos do título servem para “criar um lugar vazio” e ao enfatizar “a importância desse lugar vazio”, ressalta que “essa é a única maneira de dizer alguma coisa com a ajuda da linguagem”. E acrescenta que “o vazio é a única maneira de agarrar algo com a linguagem” e permite, “justamente, penetrar na natureza desta última”.

REBOTALHOS CINCO

Comentário do Eixo 4: Qual o estatuto do que faz falar?

Por Valéria Beatriz Araujo

Gilberto nos coloca um eixo de trabalho cujo valor epistêmico aponta para uma questão primordial: Qual o estatuto do que faz falar? Partindo deste ponto, propõe um percurso que destaca o vazio, a linguagem, o que existe, o que não existe, a ek-sistência. “Para não ficar no sentido, que, como todo sentido, é uma opacidade”, e, sim, para enfatizar a importância do lugar vazio. Lacan nos adverte sobre isso em seu seminário … ou pior, título este que referencia um advérbio “disjunto de algo que é chamado a ocupar um lugar”1, cujos três pontinhos em suas reticências dão o tom deste eixo. Esta articulação conceitual vem a promover o advento do falasser e demonstrar que “o vazio é a única maneira de agarrar algo com a linguagem”2 , como diz Lacan, citado por Gilberto.

1 Lacan, Jacques, O Seminário, livro 19: …ou pior. Rio de Janeiro: Zahar, 2012, p. 11.
2 Lacan, Jacques, op.cit., p. 12.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

Pela Comissão de Referências Bibliográficas: Fernanda Baptista, Flávia Cêra, Gustavo Ramos, Licene Garcia, Valesca Miranda Lopes, Teresa Pavone (coordenadora)

LACAN, Jacques. O Seminário, livro 4: a relação de objeto; Trad. Dulce Duque Estrada – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1995.

“O mito se apresenta, também em sua visada, com um caráter de inesgotável. Para empregar um termo antigo, digamos que ele participa do caráter de um esquema no sentido kantiano. Ele está muito mais próximo da estrutura que de todo conteúdo, e se reencontra e se reaplica, no sentido mais material da palavra, sobre todas as espécies de dados, com essa eficácia ambígua que o caracteriza. O mais adequado é dizer que a espécie de molde oferecido pela categoria mítica é um certo tipo de verdade na qual, por nos limitarmos ao que é nosso campo e nossa experiência, não podemos deixar de ver que se trata de uma relação do homem – mas com quê?

[…]

Cabe a nós, apenas, perceber que se trata de temas da vida e da morte, da existência e da não-existência, do nascimento, em especial, isto é, da aparição daquilo que ainda não existe. Trata-se, pois, de temas ligados, por um lado, à existência do próprio sujeito e aos horizontes que sua experiência lhe traz, por outro lado, ao fato de que ele é o sujeito de um sexo, do seu sexo natural. ” (p. 259)

FRAGMENTOS OUTROS

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Comentário do conto

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Envio de trabalhos para a 2a Jornada da EBP-SUL

Valores para inscrição até 30/08/21

  • Membros e profissionais: R$ 130,00
    • Alunos dos cursos do ICPOL, da APLP e alunos de graduação: R$ 80,00

Valores a partir do 01/09/21

  • Membros e profissionais R$ 180,00
    • Alunos dos cursos do ICPOL, da APLP e alunos de graduação: R$ 100,00

ENVIE SUA PARTICIPAÇÃO

Perguntas, questões, breves textos (até 1000 caracteres s/espaço), poemas, artes, etc.
Ao e-mail: jornadaebpsul@gmail.com
Assunto: Divulgação

Diretora EBP Seção Sul: Louise Lhullier (EBP/AMP).
Diretora 2ª Jornada: Nohemí Brown (EBP/AMP)
Comissão do Boletim: Mariana Zelis (EBP/AMP) – coordenadora, Adriana Rodrigues (EBP/AMP) ,
Juliana Rego Silva e Licene Garcia.
Designer: Bruno Senna

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