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#02 – Agosto 2021

EDITORIAL

Por Mariana Zelis – Coordenadora da Comissão de Divulgação

Neste Bricolagens #2 continuamos extraindo as orientações muito precisas e preciosas da conferência de Fabián Fajnwaks (Membro da EOL, da ECF e da AMP) “Ficções e real na psicanálise e na cultura: do ser à ex-sistência”, ministrada na última atividade preparatória para nossa 2a Jornada da EBP Seção Sul. O texto da conferência já se encontra disponível nos “Textos de Orientação” no site. Destacamos dela alguns trechos apresentados no vídeo que encontrarão a seguir que expressam o vivo da transmissão na vertente clínica, epistemológica e política, aprofundando a construção do nosso trabalho: “Falar sobre o que não existe, do gozo do sentido às bricolagens possíveis”.
O comentário de Diego Cervelin a partir da conferência, na coluna Rebotalhos, aponta para o lugar do analista na contemporaneidade no viés do “analista cidadão”, articulando o que a psicanálise tem a dizer no âmbito da cultura, “Entre fake e ex-sistência”.

Por último, nas Referências Bibliográficas, um apoio para nossa inspiração.

Boa escuta e boa leitura.

CONFERÊNCIA

Ficções e real na psicanálise e na cultura: do ser à ex-sistência

por Fabián Fajnwaks (Membro da EOL, da ECF e da AMP)

REBOTALHOS- Três

Entre fake e ex-sistência

Diego Cervelin
“Nem sempre as nuvens ofuscam o céu:
às vezes, elas o iluminam”
Elsa Morante

Antes de mais nada, algumas perguntas que talvez demandem outras coisas que não respostas rápidas demais: que terá acontecido com quem, tempos atrás,ria do fake vendido como realístico – por exemplo, em filmes ao estilo de A bruxa de Blair – e foi capaz de votar em Donald Trump? E já mais ao sul da linha do Equador, que terá acontecido com quem, anos atrás, ridicularizava as repetidas valentonadas de Jair Bolsonaro em programas de humor e foi capaz de apostar – ou de… pelo menos dizer que apostava – que ele não configuraria nenhum ponto de inflexão nos caminhos da construção da democracia no Brasil? Se até mesmo Nicolau Maquiavel foi capaz de descrever alguma erótica em relação à política

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Pela Comissão de Referências Bibliográficas:
Fernanda Baptista, Flávia Cêra, Gustavo Ramos,
Licene Garcia, Valesca Miranda Lopes, Teresa Pavone (coordenadora)

MILLER, Jacques-Alain. O Ser e o Um. Trad. de Vera Avellar Ribeiro. Aula VII, 16 mar. 2011. Inédito.

“Ocorreu a nosso mestre, Lacan, para a perplexidade de seus alunos, denunciar que o Outro não existe. Insurreição! Foi de fato lhes puxar o tapete sob os pés, quando o lugar do Outro pertence – sempre, mas já pertencia – ao bê a bá do que se cristalizou como o lacanismo. Aliás, essa cristalização se impôs de tal forma que o dito o Outro não existe passou amplamente por perdas e ganhos, apesar dos esforços que meu amigo Éric Laurent e eu próprio fizemos, tomando esse dito como título de um curso que demos juntos: o Outro que não existe e seus comitês de ética, no qual enfatizávamos uma das consequências da inexistência do Outro. Mas o que não foi percebido, o que não foi dito é o que direi, a saber: o Outro que não existe quer dizer exatamente o Um existe. O Outro que não existe é uma outra maneira de dizer o que Lacan lançou como uma jaculação: Yad’l’Un (há o Um), que assim transcrevi no Seminário a ser em breve publicado. Isso foi notado? Não exatamente. Tenho, pelo menos, a admissão, reticente, é claro, de AgnèsAflalo. Qual é esse Um que existe quando o Outro não existe? É o Um do significante. O Outro que não existe não quer dizer que o Outro não é – e.s.t (é) e não hait1 (odeia), este é o Outro malvado, ele pode ser -, mas, como tal, ele não é de modo algum subtraído ao ser. Ao contrário, não se compreende nada desse conceito maravilhoso de grande Outro, forjado por Lacan, se não apreendermos que esse Outro se inscreve no nível do ser, que se deve distinguir do nível da existência. Impossível se achar nisso sem distinguir ser e existência.” (p. 64)

1 4 N.T.: Miller joga com a homofonia entre est (é) e hait do verbo hair (odiar).

Perguntas, questões, breves textos (até 1000 caracteres s/espaço), poemas, artes, etc.
Ao e-mail: jornadaebpsul@gmail.com
Assunto: Divulgação

Diretora EBP Seção Sul: Louise Lhullier (EBP/AMP).
Diretora II Jornada: Nohemí Brown (EBP/AMP)
Comissão do Boletim: Mariana Zelis (EBP/AMP) – coordenadora, Adriana Rodrigues (EBP/AMP) ,
Juliana Rego Silva e Licene Garcia.
Designer: Bruno Senna

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