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EDITORIAL

Gustavo Ramos (EBP/AMP)
Teresa Pavone (EBP/AMP)
Arte: Jaider Esbell

 

O VI Boletim da Seção Sul, assim como os anteriores, foi construído com palavras vivas e conceituais que trazem questões extremamente atuais da psicanálise de orientação lacaniana configurando os debates e avanços da psicanálise na EBP e na AMP.  É nesse espírito que trazemos uma nova seção para o Boletim: Comentários de Membros da EBP & Atualidades.

O espaço de um Boletim para uma Seção da Escola Brasileira de Psicanálise pode, à primeira vista, ocupar a função, não menos importante, de rememoração do que ocorreu nos últimos meses. No entanto, para além da retrospectiva, um Boletim também pode ser o espaço onde o laço entre os membros da Seção Sul possa se fortalecer com as trocas e as ressonâncias da pesquisa de cada um, e, com isso, fazer circular a pesquisa.

As discussões do atual número do Boletim Modos de Usar nos colocam no desafio de estar à altura das discussões atuais da psicanálise dentro da Associação Mundial de Psicanálise. A Nova Política da Juventude (NPJ) mexeu nas engrenagens e nos colocou a trabalho. O ânimo da juventude ganhou formas e contornos próprios com a experiência de cada participante da NPJ dentro da Seção Sul. Eles estão deixando uma marca e são as ressonâncias delas que leremos aqui.

É por esse caminho que Célia Winter (EBP/AMP) em “Experiência de Escola” nos leva ao percurso dos 5 participantes da NPJ na Seção Sul da EBP, mas também nos remete ao percurso singular de cada membro da EBP/AMP residente no Sul do Brasil. O que motivou  cada um de nós a endereçar nosso desejo, e nosso sintoma, à EBP até a homologação? A NPJ, para além de responder à época, nos coloca a repensar nosso próprio percurso. A idade é um fator determinante na NPJ, fazendo-nos ver o que está além do cronológico: o que há de frescor em nós, em nossa formação, o que o vento que sopra diz sobre cada um de nós?

Em “O efeito de form-ação da experiência de Escola”, Verônica Montenegro nos traz o sofisma dos três prisioneiros e o ponto de solidão de cada um na sua relação com a Escola, ecoando o Ato de fundação de Lacan quando ele diz fundar “tão sozinho quanto sempre estive em minha relação com a causa psicanalítica” (p. 235). Sim, estamos sozinhos na relação com a causa analítica, mas isso não quer dizer que estamos e estaremos solitários. A comunidade de interesse nos acompanha, o que torna a ação mais palatável no meio do caminho entre a forma e o que se deforma, dando ênfase ao que nos causa.

Se o sujeito não sabe o que demanda, como nos diz Rafael Longo em “Uma demanda ou um dizer? Sobre o endereçamento à Escola”, o que cada participante da NPJ pode dizer sobre sua demanda de entrada na Escola? A travessia do Rubicão por Júlio César é um bom exemplo de que após o ato de atravessamento, não há mais retorno à posição anterior, e as consequências para o sujeito são inúmeras. Como no ato analítico, sem sujeito, e que promove a passagem de analisante à analista, Rafael nos aponta ao real que insiste na formação do analista.

Os ecos das duas últimas Noites de Biblioteca que ocorreram presencialmente em Curitiba ainda ressoam. No dia 02 de maio deste ano tivemos o privilégio de receber Antônio Teixeira (EBP/AMP), Professor titular da UFMG. O título sugestivo de sua fala foi: “Ser louco é não ser louco da loucura de todo mundo”, inspirado em Blaise Pascal.    Valeria Beatriz Araújo escreve propondo um recorte sobre o tema destacando a questão fundamental que se coloca e que é explorada em toda a sua complexidade no decorrer da conferência de Teixeira: Como se delira em cada estrutura?

No dia 27 de julho o nosso convidado foi o querido colega Marcelo Veras (AME EBP/AMP) que foi generoso em sua apresentação do livro de sua autoria “A Morte de Si”, explorando o tema: “Desistir ou Desexistir” um dos capítulos de seu livro. Muitos ouvintes presentes e uma grande conversação aconteceu, nesse dia, em um espaço da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) em parceria com a Seção Sul. Quem escreve sobre essa atividade é Andrea Tochetto, a partir do desenvolvimento da ideia proposta por Marcelo Veras, uma advertência: “não se trata de uma teoria sobre o suicídio e suas implicações, tão pouco um manual de como agir, quando a questão do suicídio se instaura na clínica e no mundo em geral, falemos do suicídio entre nós, os nós do suicídio.”

Adriana Rodrigues (EBP/AMP), diretora de Cartéis, e Maria Luiza Rovaris, pela comissão de Cartéis, trazem notícias das atividades dessa diretoria ressaltando a importância de recolocar o cartel no centro da experiência de Escola. Adriana e Maria Luiza contam que, no semestre passado, se realizaram várias atividades: “Procura-se Cartéis”, da qual brotaram quase uma dezena de cartéis, a atividade de “Noite de Intercâmbio”, que fez justiça à proposta da diretoria de tomar o cartel não apenas como resistência ao mal-estar, mas também como uma forma de estarmos atentos à cidade, à cultura e à vida. A exposição do tema: “Das outras formas de pensar o sonho:  a experiência onírica” pela Antropóloga Denize Refatti proporcionou um verdadeiro encontro de saberes, um intercâmbio se fez, não sem considerar a fenda que se instaura entre campos diferentes, mas com a possibilidade de extração de um bem dizer.

Por fim, as autoras contam extratos do evento que fechou o semestre com chave de ouro, a Jornada de Cartéis como um acontecimento, que fez do dispositivo de cartel um lugar de entusiasmo pela psicanálise, e ressaltam pontos cruciais sobre o tema trabalhado pelas convidadas Gabriela Grinbaum (EOL/AMP) e Marilsa Basso (EBP/AMP e atual Diretora de Cartéis e Intercâmbio da EBP).

Finalmente segue a novidade, a participação do nosso querido colega Niraldo de Oliveira Santos (EBP/AMP), atual diretor da Seção São Paulo, na seção “Comentários de membros da EBP & Atualidades”. Desta vez, a questão que levantamos diz respeito a uma intervenção em PIPOL XI de Jacques-Alain Miller, “O Pai tornado vapor”.  Uma leitura imperdível da questão e da resposta do nosso colega!

Desejamos a todos uma ótima leitura!

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